‘Vacinar, Sim ou Não’: livro é boa resposta ao movimento antivacina

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Por Cristina Sant´Anna – Blog Literatura é Bom pra Vista (Facebook – Literatura é bom pra vista)

É com muita alegria e muita responsabilidade que inicio minha colaboração semanal para a seção Ler Faz Bem, do site ViDA & Ação. Considero um privilégio trocar ideias e impressões com leitores de um espaço que trata da saúde de forma integrada e completa: a saúde propriamente dita, o bem-estar e o meio ambiente. É amparada neste tripé que pretendo entabular uma quase conversa com os leitores sobre publicações com este teor.

Para minha coluna de estreia, elegi o livro Vacinar, sim ou não?, do infectologista Guido Carlos Levi e dos pediatras Gabriel Oselka e Monica Levi. Os profissionais fazem uma firme e alentada defesa da vacinação, baseando-se em argumentos sólidos. O tema da publicação nos faz compreender, de forma simples, a importância e a necessidade da imunização, sobretudo nestes dias em que febre amarela e sarampo ocupam manchetes de jornais e nos causam preocupação, insegurança e medo.

Sim, sarampo também. A doença, erradicada no Brasil desde 2015, surgiu num surto em Rondônia, em razão da quantidade de venezuelanos que chegam, fugindo da miséria extrema em seu país, e não estão imunizados. De acordo com a secretaria de Saúde daquele estado, há 29 casos suspeitos e um primeiro confirmado: o de uma bebezinha venezuelana de um ano.

A Fiocruz já confirmou que o vírus circulante em Rondônia é oriundo da Venezuela e o Ministério da Saúde antecipou sua campanha de vacinação contra sarampo para os próximos dias. O sarampo mata, é extremamente contagioso e vem aumentando drasticamente na Europa, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS): em 2016, foram registrados 5.273 casos, em 2017, eles quadruplicaram, saltando para 21.315.

A razão? Os chamados movimentos antivacina. Alguns dos argumentos se baseiam em estudos falhos de que determinadas vacinas causariam autismo, que crianças nascidas de parto normal teriam imunidade e anticorpos suficientes para protegê-las de doenças infectocontagiosas.

No livro, os autores contra-argumentam tais assombros com  comprovação científica. Escrevem eles: “Segundo dados do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos, as vacinas evitaram naquele país, entre 1994 e 2013: 322 milhões de casos de adoecimento; 22 milhões de hospitalizações; 732 mil mortes prematuras. Com isso, geraram ainda uma economia de 295 bilhões de dólares em custos médicos diretos e de 1,38 trilhão de dólares de custo social total”.

Os movimentos antivacina podem ser ainda mais letais do que parecem quando defendem que a não-imunização é uma decisão individual. Os autores explicam por quê: “De início pode parecer uma decisão individual, mas tem consequências coletivas, fazendo por vezes ressurgir epidemias que se consideravam erradicadas”.

Vacina-contra-febre-amarela

Doenças erradicadas graças a vacinas

O Brasil, em fins do século XIX e princípio do XX, e o Rio de Janeiro, em especial, eram destinos evitados por turistas. A cidade era conhecida como o túmulo dos estrangeiros. Em 1895, ao atracar no Rio, o contratorpedeiro italiano Lombardia perdeu 234 de seus 337 tripulantes por febre amarela. Por isso, era do convés dos navios que os viajantes olhavam a cidade nada maravilhosa, e seguiam para a Argentina: varíola, febre amarela, sarampo, tuberculose, entre outras moléstias, infestavam a cidade.

Doenças que foram erradicadas ou bastante reduzidas graças a vacinas: A BCG, para a tuberculose; a tríplice, contra sarampo, caxumba e rubéola; a VOP, com suas gotinhas mágicas, contra a pólio, a da varíola. A própria febre amarela que volta a nos assolar pode ser combatida com a devida vacinação e é a Fiocruz a maior produtora mundial da vacina contra a moléstia.

As vacinas, produzidas com vírus, bactérias ou parte deles, têm a função de provocar uma reação em nosso sistema imunológico, fazendo nossos anticorpos combatê-los, protegendo-nos contra várias doenças. Descobertas em 1796 por um médico inglês, eram então chamadas de imunizantes e tentavam combater a varíola. De acordo com o livro, desde a criação da vacina, a expectativa de vida da população aumentou em 30 anos e um dos pioneiros nas pesquisas com vacinas foi o pesquisador francês Louis Pasteur. Ele desenvolveu a vacina antirrábica (contra a raiva, doença transmitida aos homens por animais).

Primeira porta de entrada para saúde da população

Entre as ações de saúde pública, a vacina é um das mais bem-sucedidas. Integra um conjunto de iniciativas de promoção, proteção e manutenção da saúde, que integra um modelo chamado de Atenção Primária em Saúde (APS). A expressão se constitui na primeira porta de entrada de acesso a um serviço de saúde pela população. O objetivo é proporcionar bem-estar físico, mental e social. Este foi um preceito estabelecido pela OMS, em 1978. No Brasil, que é um dos signatários de um pacto com a OMS com este fim, a atenção primária em saúde é um dos princípios da Reforma Sanitária do Sistema Único de Saúde — o SUS — no campo das políticas de saúde pública do país.

Não por acaso, os autores avaliam que, em nosso país, os índices de vacinação infantil são muito satisfatórios, estando “entre os melhores do mundo”.  Para eles, as vacinas tiveram papel crucial no aumento global da expectativa de vida, sendo reconhecidas, entre todos os avanços da medicina, como a principal intervenção que possibilitou reduzir o número de óbitos em várias partes do mundo.

Os autores

  • O médico infectologista Guido Carlos Levi é membro do Comitê Técnico Assessor em Imunizações do Ministério da Saúde e da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, além de diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).Foi diretor técnico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas de 1995 a 2001.
  • A pediatra Monica Levi sempre se dedicou à área de imunizações. Faz parte da diretoria nacional da regional de São Paulo da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Exerce também a especialidade de Medicina de Viagem, sendo membro do Comitê de Medicina de Viagem da SBIm.
  • O pediatra Gabriel Oselka é membro do Comitê Técnico Assessor em Imunizações do Ministério da Saúde e da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. É presidente da Comissão de Bioética da Sociedade Brasileira de Imunizações. Foi professor associado do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Serviço:

Título: Vacinar, sim ou não? Um guia fundamental

Autores: Guido Carlos Levi, Monica Levi e Gabriel Oselka

Editora: MG Editores

Preço: R$ 38,90 (E-book: R$ 24,80)

Páginas: 96 (14 x 21 cm)

ISBN: 978-85-7255-129-8

Atendimento ao consumidor: (11) 3865-9890

Site: www.mgeditores.com.br

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