Verão é sinônimo de praia, mar, piscina e otite

Mergulhar e ficar com o ouvido cheio de água: quem nunca? Veja dicas para evitar o problema comum nesta época do ano.

Quatro ou mais crises de otite em um ano são sinais de alerta para as imunodeficiências primárias (Foto: Banco de Imagens)
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Imagine fazer aquela tão sonhada viagem de verão para uma praia paradisíaca. Após meses de planejamento e expectativa, você finalmente coloca o pé na areia branca e… sente uma pontada insuportável dentro do ouvido. Mais comum do que parece, a otite pode afetar pessoas de todas as idades e tem “preferência” pelas altas temperaturas para “atacar”.

A situação é chata, mas recorrente: mergulhar e ficar com o ouvido cheio de água. A principal causa para esse tipo de infecção é a umidade que fica no ouvido, o que o torna um ambiente propício a proliferação de fungos e bactérias.

Seja na praia ou na piscina, um mergulho no verão é obrigatório para quem quer se refrescar. Porém, ficar muito tempo submerso pode resultar em acúmulo de água no canal auditivo. O resultado são dores fortes e incômodas, então o ideal é não exagerar ou se já estiver sentido alguma dor, não mergulhar”, afirma o  biomédico Rafael Padovani, do Laboratório Rocha Lima.

Os condutos auditivos das crianças são mais fáceis de entrar água por conta do formato, uma vez que são mais horizontais, diferentemente dos adultos que têm o conduto mais inclinado. “Por isso, quando os pequenos estão na piscina é muito comum que entre água no ouvido deles. O pai ou responsável deve ficar atento porque dor de ouvido é uma das mais doídas de ser sentida”, afirma a fonoaudióloga Érica Bacchetti, especialista em audiologia da clínica Para Ouvir.

O ideal é que se proteja o ouvido na hora de entrar no mar ou na piscina com protetores auriculares, pois a água desses lugares tem muitos resíduos, como areia e cloro. Érica aponta que o protetor auricular não impede o sujeito de escutar ou se comunicar, mas protege contra essa água que pode ser prejudicial. “Em casos muito extremos, se o indivíduo fica tendo otite muitas vezes, pode haver uma perda irreversível no ouvido, pois um quadro crônico dessa doença pode prejudicar permanentemente as estruturas do ouvido”, destaca.

Caso os ouvidos estejam desprotegidos ao nada e acontecer de entrar na água, a especialista sugere que o indivíduo coloque o dedo no conduto auditivo do lado correspondente ao incômodo, sele bem e incline a cabeça para o lado, de modo a se livrar do inconveniente. Segunda Érica, assim que soltar o dedo, a água tende a sair, por isso, “deitar do lado equivalente a água também pode ajudar”, afirma.

Mas se mesmo após essas dicas a pessoa perceber que a água não saiu ainda, o indicado é procurar um médico otorrinolaringologista para fazer um diagnóstico do problema. “Não indicamos colocar nada dentro do ouvido, como palitos ou hastes flexíveis, que são adequadas apenas para limpeza externa do ouvido. O ideal é procurar um médico mesmo, para que o ambiente não fique úmido e infeccione” afirma Érica.

Os tipos de otite e tratamentos

A médica otorrinolaringologista Maura Neves, da USP, conta que a infecção de ouvido pode ser média, quando ocorre atrás do tímpano e é causada por vírus ou bactérias associados a problemas respiratórios, como rinite, sinusite, gripe e resfriado; ou externa, ocasionada por excesso de água nos ouvidos ou trauma causado pela inserção de objetos, como hastes flexíveis, grampo etc.

No verão, vemos um aumento da frequência da otite externa justamente por conta dos banhos de mar e piscina. O canal auditivo é bastante estreito. A água entra e não seca totalmente, deixando a pele muito úmida e gerando fissuras que levam às infecções”, explica a médica.

Bastante incômoda, a otite tem como sintomas a redução da audição, a sensação de ouvido tampado, dor aguda, zumbido, tontura e febre. “Na maioria dos casos, a perda auditiva é transitória e o paciente volta a ouvir normalmente no final do tratamento. Porém, há casos em que o tímpano é perfurado e aí a perda auditiva pode perdurar”, conta Dra. Maura.

O tratamento, de acordo com a Maura Neves, é feito com remédios e, dependendo da gravidade, demanda que o paciente deve fique 10 dias longe do mar e da piscina. Logo, para evitar que a otite estrague as férias, é preciso evitar deixar a água entrar nos ouvidos e mantê-los sempre secos, sem usar objetos para limpar ou secar o órgão. “O cerúmen é produzido para proteger a pele do canal. Só deve ser removido se causar alterações auditivas”, diz Dra. Maura.

No caso das otites médias, a médica orienta a prevenção com o tratamento da rinite e vacinas para bactérias específicas, como as haemofilos, pneumocócicas conjugadas, vacina da gripe e outras, além de manter uma boa alimentação e descanso, que mantêm a imunidade em alta.

Dicas para prevenir a otite:

1. Após nadar, seque os ouvidos com a ponta de uma toalha.

2. Se sentir a presença de água dentro do conduto, deite a cabeça para o lado e encoste a orelha em uma toalha para a saída do líquido.

3. Se a água não sair e ao menor sinal de secreção no ouvido, que pode ser escura ou amarelada, procure ajuda de um otorrinolaringologista.

4. Evite o uso de hastes flexíveis dentro do ouvido: elas servem apenas para limpar a parte externa da orelha e não devem ser introduzidas no canal auditivo.

5. O ouvido úmido pode causar coceira, mas é extremamente importante não colocar nenhum tipo de objeto dentro do ouvido para aliviar a sensação. É preciso prestar atenção, principalmente nas crianças, para que não se machuquem.

6. Em caso de dores, não se deve pingar remédios caseiros. Apenas o médico poderá dar a orientação adequada.
Com Assessorias (atualizado em 18/01/2020)
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