Volta às aulas: como lidar com o bullying e o assédio

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bullying

As aulas já voltaram na maioria das escolas particulares e públicas e com elas a preocupação de muitos pais com um tema muito delicado, que merece uma abordagem precisa para evitar maiores sofrimentos e traumas. É o bullying, que inclui violência física, inclusive sexual, e psicológica. De acordo com dados do IBGE, divulgados no ano passado, 46,6% dos alunos já sofreram algum tipo de bullying na escola. E 7,4% declararam que são humilhados frequentemente, sendo sua aparência um dos principais motivos.

Ser alvo de críticas maldosas, brincadeiras humilhantes e violentas é, infelizmente, uma realidade enfrentada por muitas crianças que sofrem com o bullying na escola.  A psicanalista Ana Sabrosa, diretora do Departamento Científico da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ), lembra que agressões físicas e verbais entre os humanos são tão antigas quanto a própria Humanidade.

“Sempre houve o “pele” da turma – aquele que sofre provocações dos colegas – e os provocadores – aqueles que infringem ao outro algum dano físico, moral ou mesmo virtual”, destaca. No entanto, o bullying vem merecendo cada vez maior preocupação diante do registro de exacerbações desta prática, onde as expressões de ódio destroem o respeito ao outro e também o próprio auto-respeito.

Tomar providências contra esses atos de agressão verbal e física é um importante passo para evitar traumas psicológicos no futuro. “Durante o período escolar a pessoa está criando consciência sobre quem é, por isso é natural inseguranças. O que facilita a existência dos agressores, por eles se fortalecerem das fraquezas de seus alvos”, afirma Simone Domingues, professora do curso de Psicologia da UNG Universidade.

Ela ressalta a preocupação com a proporção que o medo vivenciado pela vítima pode tomar. “Em situações ele pode levar a uma depressão profunda, tão grave, que a criança pode tentar o suicídio”, afirma Simone. “O primeiro passo para enfrentar a hostilidade talvez seja reconhecer a existência desse sentimento em si mesmo. Ter vergonha de suas próprias animosidades, negando-as, dificulta enfrentar as “raivas” de seu filho”, completa Ana.

1 – Como abordar o tema bullying com os filhos?

Ana Sabrosa – Há que se preocupar  com o “alvo” recorrente do bullying, e também com o agente do bullying, Ambas situações revelam que algo não vai bem com aquelas crianças ou com aqueles adolescentes. Algo falhou. Na singularidade de cada caso, é precioso o entendimento interdisciplinar – a família, a instituição, o encaminhamento para tratamento psicológico- psicanalítico precisam ser amplamente levados a sério.

2 – É importante comentar sobre os diferentes tipos de assédio para evitar que cometam e sejam vítimas? 

Ana Sabrosa – Seguramente estas atitudes representam um código que indica emoções anteriores. Reconhecer que os impulsos agressivos existem dentro dos humanos, em coexistência com impulsos amorosos, é um importante começo. A criança vai adquirindo, através dos espelhos de seus pais, desde os primeiros anos de vida, uma visão inicial dela mesma, uma unidade , é o nascimento psíquico desde bebê . O bebê sente um “em torno”, um envelope circular de continência com a mãe, o que proporciona, no plano psíquico, aos poucos, a consciência de que é distinto de sua mãe.

3 – Existem sinais comuns que indicam que crianças e jovens são vítimas de violência na escola – inclusive a sexual? 

Ana Sabrosa –  A criança, vítima de abuso, sofre uma catástrofe interna e pode apresentar sintomas como depressão, distúrbios alimentares , distúrbios do sono, culpa, auto-agressão, ser levada ao uso de drogas, retraimento social, promiscuidade sexual , entre outros. Todos estes sintomas podem indicar que algo não vai bem com aquela criança. Além destes, as vítimas de abuso frequentemente apresentam sentimentos intensos de ódio, que pode se dirigir ao ofensor, ao professor, aos genitores, pois estes muitas vezes não percebem, e um sentimento de desproteção é vivido intensamente pela criança vítima da violência.

4 – Como identificar o bullying na escola?

Simone Domingues – Normalmente o aluno não conta que está passando pelo problema, ele tem vergonha, por isso os pais e professores devem ficar atentos com mudanças de comportamento. Se o estudante passar a não querer ir para a escola, expressar manifestações de isolamento ou até mesmo de violência, pode ser um sinal. O ideal, para Simone, é que as escolas façam dinâmicas e palestras sobre o assunto, para explicar o que é o bullying, ensinar estratégias de ajuda e orientar as vítimas a falarem sobre seu tormento com um responsável. Em alguns casos, seria interessante a intervenção de um psicólogo para trabalhar a vítima e o agressor, pois em muitos casos agredir também é uma maneira de pedir ajuda.

5 – O que fazer para ajudar a criança que sofre bullying no ambiente escolar?

Simone Domingues – Os pais e professores precisam demonstrar apoio e acolher a criança que sofre bullying na escola. É importante que os adultos reafirmem a vítima de bullying, valorizando suas qualidades e demonstrando que ela não é culpada pelas agressões que sofre. Conversar com a criança vai permitir que ela expresse seus sentimentos em relação às agressões e ameaças. Evite fazer críticas e não minimize o problema. A criança precisa ser ouvida. Os pais devem relatar o bullying com crianças a um responsável no colégio para tomar providências contra os agressores. Nos casos mais graves, quando há perseguição na internet, é necessário reunir provas do conteúdo abusivo. Imprimir páginas e mensagens ofensivas à criança para fazer um boletim de ocorrência.

6 – Que ações devem ser feitas para evitar o bullying na escola?

Simone Domingues –  Há ações e iniciativas que ajudam a evitar o bullying com crianças. O trabalho preventivo, em conjunto com os pais e a escola, é um bom caminho para conscientizar sobre atitudes discriminatórias no ambiente escolar e na internet. Organizar programas antibullying na escola e na comunidade traz benefícios. Essas campanhas podem promover ações como palestras com psicólogos e capacitação dos pais e funcionários para lidar melhor com o bullying. Discutir o tema em casa e na sala de aula também é um meio de conscientizar os agressores e criar políticas de não tolerância ao bullying com crianças.

 

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