Síndrome transposta das telas para a vida real

Com um caso a cada 68 nascimentos, o autismo é tão frequente quanto desconhecido. O problema afeta uma em cada 160 crianças, segundo a OMS

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Linda-Bruna Linzmeyer-personagem-de-autismo

Em 2014, a novela global ‘Amor à vida’ teve uma personagem com um quadro grave de autismo: Linda (Bruna Linzmeyer – foto). Extremamente protegida pelos pais, a jovem sensível, carinhosa e afetuosa vê sua vida mudar ao conhecer Rafael (Rainer Cadete). Contra tudo e contra todos, o advogado a fez se transformar numa grande artista, e ela se casa com o rapaz ao final da trama. Em 2018, o telespectador de ‘Malhação’ conheceu Benê (Daphne Bozaski – foto menor) e soube mais sobre a Síndrome de Asperger, considerado um transtorno do espectro autista, um distúrbio comum, mas ainda pouco conhecido e nunca mostrado numa produção de TV.

Tipos como Benê (em maior ou menor graus) não são raros. Algumas das características mais marcantes da personagem são sua sinceridade extremada, a dificuldade em se relacionar com as pessoas e a interpretação ao pé da letra de tudo que é dito. A partir da amizade de Benê com Keyla (Gabriela Medvedovski), Lica (Manoela Aliperti), Ellen (Heslaine Vieira) e Tina (Ana Hikari), a novela se propôs a discutir esse tipo de transtorno. O autor Cao Hamburger foi original e delicado ao trazer a questão à tona, demonstrando coragem ao colocar uma de suas cinco protagonistas como a portadora da síndrome.

 

Uma em cada 160 crianças tem TEA

Na vida real, personagens como Benê e Linda não são raros. Com um caso a cada 68 nascimentos, o autismo é tão frequente quanto é desconhecido. O problema afeta cerca de 1% da população em todo o mundo, uma em cada 160 crianças, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, embora não haja dados estatísticos relacionados à prevalência dos indivíduos com TEA, estima-se que mais de 2 milhões de famílias sejam afetadas pelo transtorno.

Este dia 2 de abril é dedicado mundialmente à conscientização do Autismo, ou TEA, um quadro complexo do neurodesenvolvimento associado a um elevado prejuízo funcional.  O transtorno engloba diversos aspectos do desenvolvimento infantil, podendo se dar em maior ou menor grau. De acordo com Lílian Kuhn, em Autismo: O que é e quais são os sinais do TEA,  existem três quadros clínicos que englobam o diagnóstico do autismo.

Como a tecnologia pode ajudar no desenvolvimento de autistas

São eles: autismo clássico (tipo mais conhecido, em que há um comprometimento nas áreas de interação, comportamento e linguagem, além de relevante déficit cognitivo), o Autismo de Alto funcionamento (ou Síndrome de Asperger: os portadores conseguem se expressar através da fala e são muito inteligentes, acima da média da população) e Distúrbio Global do Desenvolvimento (tem características do TEA, como alteração de interação e comportamento, mas não há um diagnóstico fechado).

Atenção para os principais sintomas

Antes de trabalhar temas como aceitação e inclusão, é necessário entender o que é o autismo. Este é o  primeiro passo para desmistificar o transtorno. Existem alguns mitos que permeiam os sintomas do autismo, inibindo a possibilidade de diagnósticos de pequenos que não apresentam claramente estes sintomas. Por isso a busca por especialistas é tão importante para adquirir informações confiáveis o mais cedo possível.

Os indivíduos com TEA apresentam déficit de comunicação, problemas de sociabilização e alterações comportamentais, sendo que o número de meninos afetados é quatro vezes maior que o de meninas.  Porém, o que pouca gente sabe é que se a criança for diagnosticada antecipadamente, as chances de manter o desenvolvimento aumentam, o que representa uma evolução e autonomia para o pequeno e sua família. Portanto, pais e cuidadores podem se atentar a alguns sintomas característicos:

– Interação social: Ausência ou baixa frequência de contato visual, sem interação espontânea com adultos e crianças.

– Comportamento: Repetitivo, estereotipado (dar pulos, chacoalhar as mãos ou se balançar). Ter interesse restrito em temas e brinquedos específicos.

– Linguagem: Ausência ou atraso significativo do desenvolvimento de linguagem oral (compreensão e expressão) e alteração em diversas habilidades linguísticas.

‘Sou autista, e daí?’ é o livro lançado nesta segunda no Rio

Psicanalista israelense vem ao Rio para falar sobre autismo

Uma das maiores autoridades mundiais sobre o Autismo está no Rio de Janeiro, a convite da Sociedade Brasileira de Psicanálise (SBPRJ). Nesta terça-feira (3), às 18h, o psicanalista israelense fará a conferência “No início era a palavra? As mudanças da forma e do uso das interpretações nas análises de crianças no espectro autístico-psicótico”. Às 21h, apresentará o caso clínico “Você partiu seu coração?… Não, você. O paradoxo da intimidade autística”, trabalho que levou para o Congresso da IPA 2017, em Buenos Aires.

Joshua Durban esteve há dois anos no Rio de Janeiro para falar sobre abuso infantil. Agora o foco é o autismo, justamente por conta do Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2/4). “Sem dúvida, por todas as dificuldades persistentes na comunicação e na interação social em múltiplos contextos destes pacientes”, comenta a diretora do Conselho Científico da SBPRJ, Ana Sabrosa. 

O evento é voltado para estudantes e profissionais de Psicanálise de Psicologia e de outras áreas da saúde interessados nos temas. Segundo Ana Sabrosa, é importante estimular o debate com estudiosos da temática e profissionais envolvidos no atendimento a pacientes que se encontram dentro do espectro autista e também aos seus familiares. Os debates serão coordenados, respectivamente, pelas psicanalistas Maria Inês Escosteguy Carneiro e Marisa Helena Leite Monteiro, ambas da SBPRJ.

Identidade sexual na infância – Joshua Durban também vai comentar caso relacionado à questão de identidade sexual na infância.  Nesta segunda, às 20h45, após abertura do encontro com a presidente da SBPRJ, Wania Cidade, haverá a apresentação do caso clínico “Quando crescer quero ser homem”, pela psicanalista Tania Rauen Bastos. 

Durban integra o Comitê de Prevenção ao Abuso Infantil da International Psychoanalytical Association (IPA). Também é tradutor para o hebraico da obra de um dos mais importantes nomes da psicanálise infantil, a psicanalista austríaca Melaine Klein. E atua como professor do programa de pós-graduação em psicoterapia voltada para estudos kleinianos avançados da Universidade de Tel-Aviv.

 Fonte: SBPRJ e Playkids, com Redação

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