5 dicas para evitar trombose durante a viagem de férias

Longo período com as pernas para baixo na mesma posição levaram o deputado federal eleito Túlio Gadelha, namorado de Fatima Bernardes, a ser internado com o problema

tulio gadelha Namorado de Fátima Bernardes, Tulio Gadelha sofreu uma trombose em viagem de viagem (Foto: Reprodução de internet)
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O deputado federal eleito Túlio Gadelha, de 31 anos, foi diagnosticado recentemente com trombose. O político pernambucano e atual namorado da apresentadora Fátima Bernardes relatou, em uma de suas redes sociais, que sentia dores nas pernas, mas imaginou que tivessem sido causadas por uma caminhada no frio durante viagem à Europa. Era trombose, um coágulo que se forma dentro da veia e atinge, na maior parte das vezes, as pernas.

A postagem repercutiu na internet e acende o sinal vermelho, especialmente com a chegada das festas de fim de ano e das férias, quando muitas pessoas aproveitam para viajar. Apesar da diversão das viagens, o caminho até o destino pode ser longo demais, ocasionando desconfortos como o inchaço na região das pernas. Apesar de algumas pessoas não verem problemas em passar horas sentadas em um avião ou carro, outras se queixam de pés e pernas inchados, chegando a não conseguir calçar os sapatos após chegar ao destino.

Estimativa da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) aponta quehá 60 casos de trombose venosa profunda para cada 100 mil habitantes ao ano. Os sintomas da trombose são: dor, edema (inchaço) unilateral, vermelhidão na pele, cianose (coloração azul arroxeada), dilatação do sistema venoso superficial, aumento da temperatura local, empastamento muscular (rigidez da musculatura da panturrilha) e dor à palpação.

Em casos extremos, em que o músculo não é exercitado durante muito tempo, este inchaço pode ocasionar coágulos sanguíneos, trombose ou até mesmo embolia pulmonar. Por isso, é necessário atentar-se aos sinais que o corpo dá para avisar que não está bem. ViDA & Ação reuniu informações de especialistas a respeito. Confira:

Especialista explica como ocorre nas viagens

Durante viagens muito longas, as pernas ficam para baixo e paradas na mesma posição por muito tempo, o que faz com que o sangue não circule corretamente, pois não há contração dos músculos da panturrilha. Esta circulação incorreta faz com que o sangue migre das veias para pequenos espaços nos tecidos ao redor, ocasionando o inchaço ou edema”, explica a médica Aline Lamaita,  cirurgiã vascular e angiologista, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. 

De acordo com a Dra. Aline, o aumento do tamanho dos pés e tornozelos, pele com aspecto esticado e brilhante e dificuldade de calçar meias e sapatos são os principais sintomas do inchaço. “Se você pressionar o dedo contra o pé e, após retirar, a pele continuar marcada, é por que a região está inchada”, completa.

“O inchaço durante longas viagens dura por um curto período de tempo apenas. Porém, se o inchaço for excessivo, ocorrer em apenas uma perna, for acompanhado de dor ou persistir por várias horas após retomar as atividades, talvez possa ser uma condição mais grave, como um coágulo de sangue na perna. Caso isso ocorra, é importante que você procure um procure um médico com urgência para realizar uma avaliação e diagnosticar o problema”, alerta.

Dicas simples para prevenir o problema

Em situações de viagens longas, onde é preciso ficar sentado durante muito tempo sem se movimentar, outras soluções podem ser tomadas. Algumas simples, como se levantar de tempos em tempos, e outras mais complexas a ser adotadas, sempre, sob orientação profissional. Confira as dicas da Dra Aline:

  1. A principal recomendação para quem vai enfrentar uma viagem muito longa, tanto de carro quanto de avião, é não ficar parado muito tempo na mesma posição.
  2. No avião, procure levantar ou movimentar os membros inferiores mesmo permanecendo no seu próprio lugar, ou então caminhe até o banheiro, mesmo que não esteja com vontade de usá-lo. Se possível, peça para se sentar na primeira fila ou na saída de emergência, onde há mais espaço para mover as pernas”, destaca.
  3. Já nas viagens de carro, a médica sugere fazer mais paradas e, durante elas, aproveitar para esticar as pernas e se movimentar um pouco antes de continuar o trajeto.
  4. Para evitar o inchaço nas pernas durante as viagens você também deve utilizar roupas largas e confortáveis, já que roupas apertadas, como a calça skinny, comprimem demasiadamente as pernas.
  5. Além disso, beber bastante água, manter uma dieta balanceada, diminuir a quantidade de sal nas refeições, usar tênis confortáveis e meias de compressão são outras dicas que podem ajudar a prevenir o problema tanto durante o percurso quanto no dia-a-dia.

Para entender a trombose

As causas são variadas e podem estar relacionadas a algo inerente ao organismo, quando a pessoa já possui tendência a desenvolver o problema, a uma situação de período pós-operatório, ou outras ocasiões em que as pernas ficam muito tempo sem mexer como, por exemplo, viagens longas.

Sobre o tema, ouvimos o angiologista e cirurgião vascular Ricardo Brizzi (foto), um dos responsáveis pelo setor de cirurgia vascular e endovascular do Hospital Badim, do Hospital Israelita e Hospital Norte D’Or, no Rio de Janeiro.

1) Quais os fatores de risco da trombose e como podemos evitar?

Existem dois tipos: a trombose arterial e a trombose venosa. A trombose arterial está ligada a doença arterial periférica. Vamos falar da trombose venosa que é a mais comum. A veia nada mais é do que um conduto que leva o sangue a retornar ao coração. Existem três fatores que afetam esse retorno e a circulação de um modo geral. A alteração da velocidade, a alteração da parede da veia e alteração da coagulação. Qualquer um desses três fatores, chamado de tríade de Virchow, alterados favorece a trombose. Ela nada mais é do que a formação de um coágulo (o sangue começa aderir uma célula a outra, como se fosse uma rolha) no interior daquele vaso, interrompendo o fluxo de sangue naquele setor. Qualquer fator que afete a tríade de Virchow vão levar a uma trombose.

2 – É verdade que anticoncepcional e cigarro podem causar trombose?

Alguns hormônios também podem levar a trombose. O hormônio pode ser prejudicial, mas o anticoncepcional não é um vilão de um modo geral. O medicamento deve ser utilizado com orientação de um ginecologista e a mulher, que precisa fazer uso, deve tomar a dosagem de acordo com as suas necessidades e características de seu organismo. Só um profissional vai avaliar quais são os riscos e benefícios caso a caso. Quem já teve o problema é desaconselhável. O anticoncepcional, por ser composto de hormônios como o estrogênio, que contribui não só para a formação de coágulos, mas também para que as paredes das veias fiquem mais dilatadas. Já o cigarro contém substâncias que são pró-coagulantes. É importante que depois de uma certa idade, homens e mulheres fazem um check up vascular.

3 – Cite outros casos em que podem ocorrer casos de trombose

Por exemplo: se o paciente está há muito tempo acamado. Como ele  não se movimenta, não  há a contração  de panturrilha aumentando o retorno venoso, então o sangue diminui a velocidade, podendo levar a uma trombose. Existem algumas doenças, como alguns cânceres que também aumentam o efeito do estado trombótico . Existe uma patologia que é chamada de síndrome de May-Thurner  que é uma compressão da veia ilíaca pela artéria ilíaca. É uma variação anatômica que ocorre quando a veia ilíaca esquerda é comprimida pela artéria ilíaca direita, apertando-a contra a coluna lombar. Em algumas mulheres leva a uma trombose de caso todo o membro inferior esquerdo. É um caso mais específico mas que exemplifica uma lesão venosa.

4. Quais os exames que podem ser realizados para detectar o problema?

O diagnóstico é feito a partir do exame clínico. A paciente se queixa de dor na perna, cansaço, o membro vai estar edemaciado, aumenta de 2 a 3 vezes o diâmetro da contra lateral que não está  acometida e isso leva a uma suspeita de uma trombose e aí se faz um ecodoppler colorido venoso do setor que o médico está suspeitando da trombose venosa.

5. Como funciona o eco doppler colorido?

O ecodoppler mostra o fluxo de sangue num determinado setor de algum vaso. Ele pode ser feito da parte arterial e/ou venosa. Mostra  um fluxo de ida ou de vinda. Ele analisa tanto a velocidade do fluxo como a presença e/ou a ausência de coágulos caracterizando uma trombose. De uma forma muito simplificada é isso que o exame faz. É muito utilizado e tem a grande vantagem de não ser agressivo ao organismo ou invasivo.

6. Como é o tratamento e o pós-tratamento? Pode ocorrer recidivas?

trombose deve ser tratada inicialmente com medicação, que são os anticoagulantes. Dependendo da quantidade de trombos ou tipos de trombose. Trata-se de 8 meses até cinco anos podendo manter a medicação por mais tempo. Existem tratamentos cirúrgicos que vão ser muito específicos para cada paciente, mas não é corriqueiro. Depois que o paciente tem a trombose temos que acompanhar inicialmente, com um doppler após três meses, outro após seis meses a um ano.
Claro que um paciente que já teve uma trombose, ele sempre tem uma propensão a ter novas tromboses naquele setor. Existe a síndrome pós-trombose. O vaso fica mais espessado, mais lesionável. As válvulas podem ser destruídas, as válvulas venosas, e ali fica uma sequela como se fosse uma cicatriz para futuras tromboses.
Após tratamento adequado, geralmente o trombo recanaliza, no entanto, em muitos casos ficam sequelas. Os principais sintomas são: manchas escuras, endurecimento da pele e ferida nas pernas, além de dor, inchaço, coceira, cansaço e sensação de peso.

Saiba mais sobre a doença

COMPLICAÇÕES

O angiologista Jorge Seraphim, do Hapvida Saúde, explica que o perigo está na agravação no quadro de trombose. “O grande problema é que pode gerar embolia pulmonar, quando as veias do pulmão ficam obstruídas e que em alguns casos são fatais. Uma embolia pulmonar extensa, porém, também traz grande sequelas no longo prazo do ponto de vista pneumológico e ainda pode causar afastamento da atividade profissional”, explica o médico.

SINTOMAS

Os sintomas são dores, inchaço nas pernas e, em alguns casos, até úlceras. O tratamento deve ser individualizado e pode ser feito tanto de forma hospitalar, quando há a necessidade de internação, quanto laboratorial. Por isso, é importante que cada caso seja avaliado para que haja um diagnóstico preciso da estabilidade do quadro da doença.

PREVENÇÃO

“Cada situação da vida exige uma prevenção. É sempre importante manter uma vida e a alimentação saudáveis. Entretanto, quando se está em situação de risco, como por exemplo, se a pessoa for submetida a uma cirurgia, deve ser feito um protocolo de prevenção personalizado”, conclui o especialista. A adoção de hábitos saudáveis é essencial principalmente àqueles que têm pré-disposição à trombose.

PRINCIPAIS RISCOS

– Idade

– Uso de medicações, como contraceptivos orais, quimioterápicos e tratamentos hormonais

– Obesidade

– Presença de varizes nas pernas

– Gravidez

– Pós-parto

– Tabagismo

– Câncer

– AVC (Acidente Vascular Cerebral)

– Traumatismos, principalmente nas extremidades inferiores (risco de TVP por volta de 70% )

– Doenças crônicas, como insuficiência cardíaca e doenças pulmonares crônicas

– Doenças agudas, como infarto do miocárdio, e infecções, como pneumonia

– Fraturas ósseas

Da Redação, com Assessorias

 

 

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