Antes de compartilhar uma notícia de saúde, cheque se não é falsa

Serviço lançado pelo Ministério da Saúde já recebeu 3.860 mensagens em três meses pelo Whatsapp. Oncologistas alertam para riscos em disseminar informações erradas sobre câncer

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Água de coco quente e graviola ajuda a combater o câncer? Esta dúvida – baseada em informação que circula em grupos de whattsapo – é uma das notícias falsas que circulam nas redes sociais e nos aplicativos para celular. são notícias como esta que têm sido captadas pelo serviço de combate às fake news, criado em agosto deste ano pelo Ministério da Saúde, por meio de canal no WhatsApp.

O objetivo do serviço é justamente ser um canal aberto e direto com a população para ajudar a desmentir notícias falsas, evitando que informações erradas sejam disseminadas e acabem prejudicando a saúde das pessoas.

Por isso, se você recebeu uma mensagem duvidosa no grupo da família ou de amigos, basta enviá-la para o número (61) 99289-4640. As áreas técnicas do Ministério da Saúde serão acionadas e você receberá uma resposta oficial dizendo se os dados são verdadeiros ou falsos.

Em apenas três meses, o canal já recebeu 3.860 mensagens sobre diversos temas, sendo 825 Fake News. As notícias analisadas pela equipe também estão disponíveis no Portal Saúde no endereço saude.gov.br/fakenews e nos perfis do Ministério da Saúde nas redes sociais, onde também estão outras dúvidas com suas respectivas respostas.

O novo canal foi destaque no Fantástico (TV Globo) deste domingo (2). O médico Dráuzio Varella ressaltou a iniciativa da pasta e ajudou a desmentir algumas notícias falsas relacionadas à saúde recebidas no canal, como supostas propriedades milagrosas de alimentos no combate ao câncer, além dos mitos sobre vacinação.

É importante lembrar que o canal é exclusivo para o recebimento de Fake News e não deve ser utilizado como serviço de atendimento ao cidadão. Informações sobre o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), denúncias ou outros tipos de assuntos devem ser direcionados à Ouvidoria Geral do SUS, no número 136, ou às secretarias municipais e estaduais de saúde.

Fake news na Oncologia: como reduzir o alarde

Oncologistas da Oncoclínica Centro de Tratamento Oncológico analisam as mais comuns fake news sobre câncer vistas nas redes sociais e na internet.  E como essa propagação de notícias falsas pode impactar negativamente no diagnóstico, no tratamento e no bem-estar físico e psicológico de pacientes, familiares e até de pessoas saudáveis, que checam na internet erradamente e, após conhecer sintomas, acreditam já portar a doença.

Garantir o acesso a informações qualificadas e verídicas pode salvar vidas e evitar que notícias falsas funcionem como instrumento de redução desse alarde negativo sobre um assunto tão sério e delicado.

Por exemplo, dizer, publicar e propagar que todo câncer é igual pode ser letal. Na realidade, existem centenas de tipos de cânceres. E cada tipo de tumor evolui de forma diferente, assim como os métodos de tratamento podem variar de acordo com cada caso e as respostas às terapêuticas da mesma forma dependerão do comportamento do organismo do paciente.

“Cada câncer tem uma única assinatura molecular com manifestações clínicas e prognóstico variáveis. Por isso, é inviável generalizar, pois cada paciente tem um caso específico”, esclarece Daniele Ferreira, oncologista da Oncoclínica Centro de Tratamento Oncológico, unidade do Grupo Oncoclínicas no Rio de Janeiro.

A especialista alerta ainda para o diagnóstico precoce como fator essencial para o sucesso no tratamento de todos casos de câncer, independente do tipo. “Não podemos indicar de forma genérica um ou outro medicamento que poderá ser eficaz para toda a gama de tumores malignos que existem, mas há um conselho que vale para a população em geral: busque sempre aconselhamento médico especializado caso note qualquer alteração à sua saúde. Quanto mais cedo identificado o problema, maiores as chances de cura”, ressalta.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a incidência da doença no Brasil em 2018 deve ficar em torno de 600 mil novos casos, sendo que a estimativa indica que três em cada 10 tumores diagnosticados estão relacionados a hábitos evitáveis como tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo, obesidade e exposição excessiva ao sol. Ainda existem, contudo, muitas dúvidas relacionadas à doença que em boa parte têm suas respostas baseadas em dados que não possuem comprovação científica e nem tampouco refletem a realidade.

A médica oncologista da Oncoclínica Sabrina Chagas responde as principais dúvidas em torno do problema:

Quais  tipos de cânceres mais sofrem com as fake news? Por quê?

“Sabemos que 68% das informações disponíveis sobre o câncer na internet são falsas. E também que a cada 40 mil buscas feitas no Google, 2 mil são relacionadas à saúde de uma forma geral. Não temos os dados referentes a qual tipo de câncer mais sofre com as fake news. Mas com certeza a incidência de notícias falsas, nesse contexto, é enorme. Acredito que os tipos de tumores que causam mais rumores são aqueles que acometem um maior número de pessoas, como mama, pulmão, próstata, entre outros.

Quais as principais dicas para identificar as fake news sobre câncer?

 É importante sempre checar a fonte da notícia. Informações adquiridas a partir de sites de hospitais de referência são sempre mais confiáveis. Quando visitar a página de algum médico, procure também dados sobre a sua formação, histórico profissional e locais onde trabalha. Confirme se é registrado no Conselho Regional de Medicina. Existem ONGs que já são reconhecidas como referência para diversos temas na oncologia. É preciso estar alerta. 

Quais as fake news mais incoerentes já noticiadas nas redes sociais?

São inúmeras. Mas creio que o maior erro é a não compreensão de que cada caso é um caso. Existem centenas de relatos de pacientes falando de suas doenças, tratamentos, sintomas e prognósticos. Os pacientes tendem a absorver as histórias que leem como a própria história. E não é assim. Por exemplo, o câncer de mama em um mesmo estágio pode ter inúmeros tratamentos e prognósticos diferentes. Cada caso é um caso. Outras incoerências muito comuns se referem a alimentos e medicamentos com papéis variados em relação ao câncer.

Como as fake news podem atrapalhar o diagnóstico e o tratamento?

Atrapalham muito.  Quando os pacientes absorvem a informação errada, automaticamente se sentem inseguros com o próprio tratamento. E ainda podem adotar hábitos que poder ir contra sua própria saúde.

Sabemos que a internet, hoje, faz parte da rotina de todos nós. É inevitável. Mas cada vez mais há profissionais que estão nas mídias fornecendo informações de qualidade, justamente para combater as fake news. E uma forma de ir a favor desse movimento é buscar fontes seguras e sempre tirar suas dúvidas com o médico assistente. Ele, mais do que ninguém, conhece o histórico e o tratamento de cada paciente.

Fonte: Agência Saúde e Oncoclínica

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