Benefícios da amamentação vão além da nutrição saudável

Amamentação na primeira infância é essencial à saúde para a vida toda. Confira os principais benefícios para mãe e bebê

Especialistas destacam a importância da rede de apoio à mulher que amamenta (Imagem: Shutterstock/Cejam)
Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

O leite humano é inquestionavelmente o alimento mais adequado para o bebê. A Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde recomendam que os bebês sejam amamentados exclusivamente com o leite materno, desde a sala de parto, de forma exclusiva e em livre demanda, até os seis meses de idade. Depois desse período, o bebê deve começar a receber alimentação complementar juntamente com o aleitamento materno, que deve ser mantido até os 2 anos ou mais.

Além de hidratar, nutrir e sustentar, o leite materno é totalmente acessível e reduz em até 20% a mortalidade dos recém-nascidos. Estudos apontam que a ingestão do leite humano nos primeiros meses de vida tem efeitos benéficos para a nossa saúde que nos acompanham da infância à vida adulta. A composição do leite materno é perfeita para o desenvolvimento sadio das crianças, além de ajudar na prevenção de doenças e infecções.

Para a nutricionista Cristina Techy Roth Stefanski, do Banco de Leite do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), não há dúvidas de que o leite materno é o padrão ouro da alimentação para os lactentes. “A composição é elaborada para fornecer a energia e os nutrientes necessários nas quantidades adequadas, contendo fatores que fornecem proteção contra certas infecções bacterianas e diarreia”, destaca.

O leite humano possui benefícios de ordem nutricional, pois contém vitaminas, minerais como cálcio, ferro, fósforo, sódio, açúcar, proteínas, gordura e água na quantidade certa para o bebê, além de ser de fácil digestão e benefícios imunológicos, já que imuniza o bebê contra resfriados, gripes, pneumonias, otite, doenças de pele, cólera e reduz risco de alergias.

Benefícios para mãe e bebê

Para a médica da família e pediatra Milen Mercaldo, do Hospital Anchieta de Brasília, são indiscutíveis os benefícios fisiológicos, psicológicos e sócio-econômico-culturais da prática do aleitamento materno para mãe/bebê. “Amamentar também traz vantagens para a mãe, pois ajuda o útero a recuperar seu tamanho normal, o que reduz o risco de hemorragia, auxilia na redução do peso, diminui as perdas de ferro, reduz o risco de câncer de mama e de ovário e reduz as chances de depressão pós-parto”.

Especialistas também concordam que o ato de amamentar constrói laços de segurança e amor entre mãe e filho, com reflexos na estrutura psicológica da pessoa para toda a vida. “Também intensifica o vínculo afetivo entre mãe e filho, o que ajuda no desenvolvimento das habilidades psicomotoras e da inteligência, além do benefício em relação ao custo, já que o aleitamento materno não onera as despesas”, acrescenta a nutricionista Cristina.

Mais qualidade de vida para famílias e o planeta

Em média, um bebê saudável mama de 8 a 12 vezes por dia, mas isso não é uma regra. Segundo Cristina, o aleitamento materno pode melhorar a qualidade de vida das famílias, uma vez que crianças amamentadas necessitam de menos atendimento médico, hospitalizações e medicamentos, o que pode implicar menos faltas ao trabalho dos pais, bem como menos gastos e situações estressantes.

Segundo Rosane da Silva, enfermeira responsável pelo Banco de Leite Humano do HUEM, além de o leite materno ser um alimento completo, a mama é uma embalagem não descartável, o que previne a poluição ao diminuir a geração de lixo. “Um bebê mama em média mais de mil mamadeiras no primeiro ano de vida. Ao amamentar no peito existe economia de fósforo, gás, detergente, água, esponjas e escovas para lavar a mamadeira”, destaca.

Somado aos relatos de Rosane, há economia também, pois caixas de papelão produzidas para embalar as mamadeiras e leites, latas de leites artificiais e as próprias mamadeiras de plástico e seus bicos de borracha são materiais de decomposição lenta. Reduzir o consumo destes materiais impacta positivamente na redução da contaminação da água e do solo.

Benefícios da amamentação aos prematuros

A doação de leite materno é fundamental para o desenvolvimento de bebês prematuros e imunodeprimidos. No Brasil, segundo o inquérito nacional sobre partos e nascimentos, feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aponta que a taxa de prematuridade é de 11,5%, quase duas vezes superior à observada nos países europeus. Deste percentual, 74% são prematuros tardios (nascidos entre a 34ª e 36ª semana gestacional).
O grande problema é que os “apressadinhos” são mais frágeis do que os bebês que nascem a termo e, para eles, a amamentação é ainda mais importante para o seu pleno desenvolvimento e imunidade. A enfermeira obstetra Cinthia Calsinski lembra que muitos pais e cuidadores acham que o bebê prematuro precisa (somente) ser alimentado por fórmula láctea por falta de “força” ou de reflexo de sucção para ser amamentado no peito.

“Na realidade, quando se trata de prematuros, é comum a diminuição ou falta dos reflexos de sucção e deglutição, mas é perfeitamente possível seu desenvolvimento e, desta maneira, a manutenção da amamentação através do apoio à mãe, cuidados a ambos e orientações específicas”, conta.

E não é preciso se preocupar com a produção de leite também. Afinal, o volume a ser consumido é proporcional ao tamanho do bebê. Por isso, a mamãe deve ser orientada a estimular a mama e iniciar a ordenha para manter a produção de leite. “Ela pode fazer isso por, aproximadamente, oito vezes ao dia, com uma bomba extratora ou mesmo com as mãos. É importante não ficar mais de seis horas sem ordenhar para não empedrar o leite”, indica.

E como a natureza é sábia, ao dar a luz a um bebê prematuro, o organismo da mãe produz um leite diferenciado, chamado leite precoce, com maior teor de proteínas, gorduras e calorias e diminuição da lactose para facilitar a digestão. “O contato pele a pele também ajuda a fortalecer o vínculo, estimular a produção de leite e aguçar os sentidos do bebê, motivando-o a sugar”, conclui a enfermeira obstetra.
Com Assessorias

 

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

You may like

In the news
Leia Mais
× Fale com o ViDA!