Câncer de colo de útero pode ser evitado com vacina do HPV

Terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres é transmitido pelo HPV, vírus que pode ser prevenido com vacina ainda na infância

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 Janeiro é o mês de conscientização para o câncer de colo do útero, terceiro tipo de tumor mais incidente no Brasil, somando anualmente cerca de 16 mil casos e mais de 5 mil óbitos, números que o classificam como grave problema de saúde pública no país. Causada pelo Papilomavírus Humano (HPV) em mais de 90% dos casos, trata-se de uma doença passível de prevenção e curável quando diagnosticada em estágios iniciais.

Diretora da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), onde coordena o Comitê de Tumores Ginecológicos, Angélica Nogueira explica que a vacinação anti-HPV é essencial para enfrentar a doença.

Embora a vacina esteja amplamente disponível na rede pública, há a necessidade de buscar melhor aderência da população-alvo, que são meninas dos 9 aos 15 anos e meninos dos 11 aos 15 anos. Nos últimos anos, com a retirada da vacinação contra o HPV nas escolas públicas, tivemos uma queda significativa dos índices de cobertura vacinal, partindo de 90% em 2014, para 52% em meninas e 22% em meninos em 2019”, comenta.

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Outro modo de mitigar os impactos da doença é o diagnóstico precoce por meio dos exames ginecológicos, principalmente o Papanicolau, também disponíveis gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). No entanto, ainda se nota insuficiente conscientização para mulheres quanto à necessidade de realizarem esses exames e grandes barreiras de acesso a eles ou a técnicas mais modernas e eficazes de rastreamento, bem como ao tratamento de lesões precursoras curáveis. Segundo Dra. Angélica, o Brasil está abaixo da média mundial.

Infelizmente, estimativas do Ministério da Saúde indicam que apenas 16% das mulheres de 25 a 65 anos realizam exames ginecológicos no país, número que representa aproximadamente metade do mínimo indicado pela OMS”, alerta a especialista.

No fim de 2020, a SBOC apresentou metas e estratégias para erradicar até 2030 o câncer de colo do útero no Brasil, alinhadas à campanha global lançada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e adaptadas à realidade do país. São elas:

  • Atingir 90% de cobertura vacinal em meninas e meninos adolescentes, retomando a vacinação contra o vírus HPV nas escolas.
  • Realização anual de exames de Papanicolau de pelo menos 30% das mulheres de 25 a 65 anos. Desta forma, a cobertura de preventivos tem o potencial de atingir 90% em 3 anos;
  • Acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento no estágio inicial da doença a pelo menos 90% da população feminina;

Atualmente, o Brasil atinge 70% de cobertura vacinal na primeira dose e menos de 50% na segunda; apenas 25% de rastreamento da doença; e 50% das mulheres têm dificuldade no acesso ao tratamento.

A SBOC alerta que ainda há um longo caminho a ser percorrido rumo à eliminação do câncer de colo do útero, mas com a união de forças das sociedades de saúde na conscientização da população, na divulgação de programas de vacinação, no aprimoramento e atualização dos exames de rotina e no aumento do acesso a melhores tratamentos em todas as regiões do país, o país pode alcançar essas metas dentro do prazo estabelecido.

Nós defendemos a vacinação contra o HPV nas escolas, a aprovação da lei que exige o cartão de vacina para matrícula escolar e a criação de campanhas periódicas de “volta às aulas” para que a aderência à vacinação também melhore. O Brasil tem recursos e capacidade para melhorar esses indicativos. Não podemos retroceder, ainda mais diante de um câncer que pode ser eliminado”, completa Dra. Angélica.

Imagine um vírus tão comum, mas tão comum que quase todos os homens e mulheres serão infectados por um ou mais de seus inúmeros tipos. Assim é o papilomavírus humano (HPV), que é um vírus que infecta pele ou mucosas (oral, genital ou anal), tanto de homens quanto de mulheres, provocando verrugas anogenitais (região genital e no ânus), lesões pré-câncer e câncer, a depender do tipo de vírus¹. Estima-se que cerca de 80% das mulheres sexualmente ativas irão adquiri-la ao longo de suas vidas2.

Para entender mais sobre esta Infecção Sexualmente Transmissível (IST), o médico ginecologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Valentino Magno, esclareceu as principais dúvidas acerca do tema, bem como os sintomas, como é feito o diagnóstico, os tratamentos disponíveis e as melhores práticas de prevenção que estão disponíveis a população.

O que é o HPV

Sigla em inglês para Papilomavírus Humano (Human Papiloma Virus – HPV). Os HPV são vírus capazes de infectar a pele ou as mucosas. Existem mais de 150 tipos diferentes de HPV, dos quais cerca de 40 podem infectar o trato genital. Destes, aos menos 12 são de alto risco e podem provocar câncer (oncogênicos) e outros podem causar verrugas genitais³.

“O HPV é transmitido através da relação sexual, seja ela uma relação vaginal, anal ou oral. Esse é um tipo de infecção que pode ser silenciosa, ou progredir de forma lenta, tendo os sintomas descobertos apenas quando já está em um estágio mais avançado do que gostaríamos, por isso a importância dos exames de acompanhamento com o médico”, afirma o ginecologista.

Os sintomas

Na maioria dos casos, o HPV desaparece por si próprio e não causa problemas de saúde. Mas quando o vírus não desaparece, pode causar problemas de saúde como verrugas genitais e até mesmo câncer.

Verrugas genitais geralmente aparecem como uma pequena protuberância ou grupo de protuberâncias na área genital. Elas podem ser pequenas ou grandes, elevadas ou planas. Porém, o HPV também pode causar o câncer cervical e outras lesões, incluindo as de vulva, vagina, pênis ou ânus.

Também pode causar câncer no fundo da garganta, incluindo a base da língua e as amígdalas (chamadas de câncer de orofaringe). Não há como saber quais pessoas com HPV desenvolverão câncer ou outros problemas de saúde, por isso a importância de rastrear com exames médicos a população.

Qualquer pessoa sexualmente ativa pode contrair o HPV, mesmo que tenha feito sexo com apenas uma pessoa. HPV não está necessariamente está associado com promiscuidade e nem com traição. Sem contar que o paciente também pode desenvolver sintomas anos depois do contágio. Isso dificulta saber quando o paciente foi infectado. Por isso, é importante sempre fazer uma avaliação semestral ou anual com o ginecologista ou urologista, no caso dos homens, de sua confiança.”, ressalta Dr. Valentino.

O diagnóstico

O diagnóstico do HPV é atualmente realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão, se clínica ou subclínica¹.

• Lesões clínicas: podem ser diagnosticadas, por meio do exame clínico urológico (pênis), ginecológico (vulva/vagina/colo uterino) e dermatológico (pele).

• Lesões subclínicas: podem ser diagnosticadas por exames laboratoriais, como: o exame preventivo Papanicolaou (citopatologia), colposcopia, peniscopia e anuscopia, e também por meio de biopsias e histopatologia para distinguir as lesões benignas das malignas. Em alguns casos, também podemos utilizar a testagem genética do HPV.

Os tratamentos

Não há tratamento para o próprio vírus. No entanto, existem recursos terapêuticos para os problemas de saúde que o HPV pode causar4:

• As verrugas genitais podem ser tratadas diretamente pelo seu médico no consultório ou com medicamentos prescritos. Se não tratada, as verrugas genitais podem desaparecer, permanecer iguais ou crescer em tamanho ou número.

• O pré-câncer cervical pode ser tratado. As mulheres que fazem exames de rotina e fazem o acompanhamento conforme necessário podem identificar problemas antes que o câncer se desenvolva. A prevenção é sempre melhor que o tratamento.

• Outros cânceres relacionados ao HPV também são mais tratáveis ​​quando diagnosticados e tratados precocemente.

A prevenção

O ginecologista Dr. Valentino reforça que o uso de preservativos ajuda, mas não garante proteção total contra o HPV, uma vez que o vírus permanece na pele e está presente em toda a região genital4. “O ideal é que os homens e mulheres usem a camisinha em todas as relações sexuais e também façam seus exames preventivos. E para completar o tripé de prevenção ainda temos a vacinação contra doenças e cânceres relacionados ao HPV”, afirma o especialista.

Quem deve tomar a vacina contra HPV:

A vacina é distribuída gratuitamente pelo SUS para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Pessoas que vivem com HIV e pacientes transplantados na faixa etária de 9 a 26 anos também tem a vacinação gratuita no posto de saúde¹.

Estimativas apontam que a probabilidade de infecção em algum momento da vida é de 91,3% para homens e 84,6% para mulheres. Mais de 80% das pessoas de ambos os sexos contraem o vírus antes dos 45 anos. Por isso, adultos que ainda não foram vacinados podem decidir receber a vacina contra o HPV após conversar com seu médico sobre o risco de novas infecções por HPV e os benefícios da vacinação.

A Sociedade Brasileira de Imunizações, em seu calendário de vacinação para adultos), também considera a vacinação de mulheres e homens, mesmo que previamente infectados pelo HPV.

Com Assessorias

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