Câncer de pulmão, infarto, AVC, Covid: por que é urgente parar de fumar

Portal ViDA & Ação abre pelo quinto ano consecutivo a série especial VIDA SEM FUMO, que busca ajudar pessoas a deixar esse hábito

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O Dia Mundial Sem Tabaco, comemorado nesta segunda-feira, 31 de maio, tem como objetivo estimular a redução do fumo e, assim, prevenir doenças e outros problemas causados pelo seu consumo. O Portal ViDA & Ação abre novamente, pelo quinto ano consecutivo, a série especial VIDA SEM FUMO, que busca ajudar pessoas a deixar esse hábito. Como a própria editora do site, a jornalista Rosayne Macedo, ex-fumante inveterada que largou o vício há mais de 20 anos (conheça sua história aqui).

Confira a primeira de uma série de 10 matérias em nosso site:

Nas últimas décadas, o número de fumantes caiu drasticamente no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Atualmente, o total de adultos fumantes fica em torno de 12,6%, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). Dados do Sistema Vigilância de Fatores de Risco e Proteção Para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) apontaram queda de 38% nos últimos 13 anos, passando de 15,7% da população em 2006 para 9,8% em 2019.

A pesquisa mostra, no entanto, que a presença do cigarro é menor nas faixas etárias de 18 a 24 anos (7,9%) e entre aqueles com mais de 65 anos (7,8%) e é maior entre os homens: 12,3% entre os adultos de 18 anos ou mais, contra 7,7% das mulheres nessa mesma faixa. Embora os números apontem uma perspectiva positiva, ainda há um longo caminho para melhorar o cenário do tabagismo no Brasil. As campanhas de conscientização sobre os efeitos nocivos do cigarro tiveram um papel importante nessa queda, porém, esse é um trabalho que nunca pode parar.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo, considerado um problema de saúde pública. Anualmente, o número de mortes em decorrência do consumo de cigarro e similares ultrapassa 8 milhões. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é de que cerca de 200 mil pessoas morram por ano no Brasil decorrente do tabagismo: cerca de 443 pessoas morrem por dia.

Entre as principais consequências do tabaco, o Ministério da Saúde cita o câncer de pulmão, que tem o cigarro como principal causa e é responsável por mais de dois terços das mortes por essa doença em todo o mundo. As mortes causadas por câncer de traqueia, brônquios e pulmões representam 13,8 % do total de óbitos anuais no Brasil.

Só o câncer de pulmão teve a terceira maior incidência entre homens em 2020, com quase 18 mil ocorrências (7,9% dos novos casos) e a quarta com mais incidência entre as mulheres, com mais 12 mil casos (5,6%). No Brasil, o câncer de pulmão é o segundo mais frequente, atrás apenas do câncer de pele e melanoma, e o primeiro no ranking mundial desde 1985, tanto em incidência quanto em mortalidade – segundo o Inca, cerca de 13% de todos os casos novos de câncer são de pulmão.

A causa de 50 problemas de saúde

Segundo o Inca, a dependência em nicotina, presente em produtos à base de tabaco, é reconhecida como uma doença crônica, capaz de desencadear graves problemas respiratórios, cardíacos e pulmonares, além de propiciar o desenvolvimento de câncer nos mais variados órgãos do corpo humano.

O hábito de fumar está relacionado a mais de 50 problemas de saúde, entre eles doenças cardiovasculares e do aparelho respiratório, além de diversos tipos de câncer, como pulmão, laringe, faringe, esôfago, estômago, rim e próstata. Do ponto de vista pulmonar, a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e o câncer de pulmão são as mais frequentes.

Se esse hábito também for associado às neoplasias bucais, as estatísticas são ainda mais preocupantes. Logo, os malefícios do cigarro não se limitam apenas aos números do câncer, mas estão inseridos em outros contextos que desafiam a saúde pública. Nessa perspectiva, é preciso considerar os impactos negativos do tabagismo de forma mais contextualizada.

“Os elementos presentes no cigarro provocam variadas inflamações no corpo e prejudicam, especialmente, os mecanismos estruturais de defesa. Por conta disso, os fumantes têm maior risco de infecções bacterianas, virais e fúngicas. Ainda, doenças como sinusite, faringite, bronquite, pneumonia e tuberculose são mais comuns nesse grupo”, explicam os especialistas ouvidos pelo VIDA & Ação.

Riscos também para os fumantes passivos

Além disso, fumantes são mais suscetíveis a internações e até mesmo mortes, quando associado a outras doenças. Fumar também aumenta o risco de contrair infecções bacterianas e virais, como a Covid-19. Segundo o Inca, as chances de agravamento da doença em pacientes chineses foram 14 vezes maiores entre as pessoas com histórico de tabagismo, quando em comparação com aquelas que não fumavam.

Além das milhões de mortes causadas pelo uso do cigarro anualmente, a inalação da fumaça de derivados do tabaco causa danos irreversíveis em não fumantes que respiram o ar contaminado por essas substâncias tóxicas. Ao inalar a fumaça do cigarro, o chamado fumante passivo também está suscetível à ocorrência de inúmeras patologias.

Faringites, bronquites, enfisema pulmonar, diversos tipos de câncer, sobretudo problemas do pulmão e doenças cardiovasculares, como as coronariopatias e o infarto do miocárdio são alguns exemplos. Além disso, a fumaça do cigarro possui componentes que promovem efeitos carcinogênicos, oxidantes e aldeídos, capazes de promover inflamação e lesão celular.

Cigarro eletrônico e do narguilé têm mesmos riscos

Cigarro eletrônico tem o mesmo efeito de 100 cigarros, alerta o Inca (Reprodução de internet)

Os malefícios não são exclusivos do cigarro convencional. Pesquisas mostram que também podem ser causadas pelo narguilé, embora muitas vezes ele seja utilizado com um filtro d’água junto a aromatizantes e flavorizantes que trazem aroma e sabor agradáveis ao tabaco. Em março de 2020, o Inca divulgou uma nota técnica alertando a população sobre os riscos do tabagismo e do uso e compartilhamento do narguilé para a infecção pelo coronavírus.

Segundo o Inca, embora pareça inofensivo, o consumo de narguilé tem o mesmo efeito de 100 cigarros e ainda faz um alerta para aqueles que compartilham o fumo com outras pessoas, ato que pode ter como consequência herpes e outras doenças da boca, além de hepatite C ou tuberculose.

Em relação ao narguilé, informações do Inca e do Ministério da Saúde também mostram efeitos parecidos aos causados pelo cigarro, quando usado em longo prazo: câncer de pulmão, boca e bexiga, doenças respiratórias e até mesmo estreitamento das artérias. O risco de transmissão do novo coronavírus também cresce muito com o compartilhamento da piteira, parte que é colocada na boca pelos usuários.

‘Não há alternativa saudável para o tabagismo’, diz médica

Fernanda Miranda, pneumologista. alerta para os riscos do tabagismo (Foto: Divulgação)

A pneumologista Fernanda Miranda, que atende no Órion Complex, em Goiânia (GO), alerta que não existe alternativa saudável para a prática do tabagismo. De acordo com ela, apesar das campanhas e das restrições impostas aos fumantes, principalmente em espaços públicos, ainda há pessoas que começam a fumar por curiosidade, principalmente aos mais jovens.

Depois disso, muitos fumantes encontram dificuldades em parar de fumar pelo fato de a nicotina ser uma droga com alto poder de levar à dependência química. Ela atua no cérebro e quanto mais se usa, mais difícil é de se deixar o vício”, destaca a especialista. 

Em 2020, ano marcado pela primeira onda da pandemia, a OMS fez uma campanha global para conscientizar os jovens sobre a relação do tabagismo com a Covid-19. Além disso, o órgão alertou sobre as táticas de manipulação da indústria, que minimizam a relação entre cigarro e o câncer de pulmão.

Ainda segundo ela, os cigarros eletrônicos, que são apresentados como uma alternativa ao fumo, são também compostos por nicotina e causam dependência da mesma maneira. Outro que pode ser tão ou até mais prejudicial para a saúde é o narguilé.

Cada sessão deste dispositivo corresponde a 100 cigarros fumados. Além disso, o compartilhamento de narguilés é um fator muito preocupante pois também pode contribuir para a disseminação do vírus”, detalha Fernanda Miranda.

Ações educativas são fundamentais para controle

Ações feitas pelo Ministério da Saúde têm contribuído para o controle em relação ao fumo. Uma delas é o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), por meio do Inca, que busca reduzir a prevalência de fumantes e a mortalidade relacionada ao uso de tabaco por meio de ações educativas e de atenção à saúde.

Segundo Miranda, essas ações são importantes para que o país continue sua busca por reduzir ainda mais os números relacionados ao tabagismo. Ela ainda ressalta que a ajuda multiprofissional formada por médicos e terapeutas pode ser eficaz para o tratamento contra o fumo. “O suporte psicológico, terapia cognitivo comportamental e tratamento medicamentoso são importantes aliados no tratamento do tabagismo”, destaca Miranda.

Nesse contexto, a celebração do Dia Mundial sem Tabaco em 31 de maio torna essa data um marco importante para a divulgação de campanhas sobre os perigos do cigarro. Ainda que a relação entre cigarro e câncer seja bem conhecida, é necessário manter campanhas para conscientizar os fumantes — e as pessoas que convivem com eles — sobre esses riscos.

Realizado em 31 de maio, o Dia Mundial sem Tabaco é uma data criada pela OMS para conscientizar a população sobre o risco de doenças e mortes relacionadas ao tabagismo.

Saiba mais sobre a importância da data

Em 1987, a data foi escolhida pela OMS para alertar sobre os males causados pelo cigarro. No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) e o Inca são os responsáveis pela divulgação e elaboração da campanha. Essas instituições aproveitam a ocasião como oportunidade para divulgar materiais técnicos com dados e informações sobre os prejuízos que o tabagismo representa para a saúde coletiva.

Assim como o Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, o Dia Mundial sem Tabaco visa a reforçar a mobilização da sociedade quanto à necessidade de mudanças de hábitos. Por isso, profissionais de saúde e de educação se envolvem em ações centradas na redução dos danos sociais, econômicos e ambientais causados pelo fumo.

Reconhecer a importância do Dia Mundial sem Tabaco é crucial para induzir à reflexão do público sobre essa problemática. Celebrar essa data possibilita, ainda, trazer à tona importantes discussões referentes aos prejuízos gerados pelo hábito de fumar e aos impactos do tabagismo passivo”, afirma Marcel Vella Nunes, psiquiatra do hospital Santa Mônica.

Para o médico, criar a data foi uma excelente ideia para fomentar ações em prol do reconhecimento dos males que o tabagismo representa. “Diferentes ações resultam em práticas que se assemelham pelo intuito de disseminar, ainda mais, informações que relacionam o tabagismo a diversas doenças. Ao destacar a complexidade dos malefícios causados pelo consumo do cigarro, pode-se demonstrar, estatisticamente, a necessidade de mudanças comportamentais”, destaca.

Com Assessorias

 

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