Cannabis medicinal: esperança no tratamento da esclerose múltipla

Derivados de cannabis prometem controlar a espasticidade e outros efeitos da esclerose múltipla, trazendo qualidade de vida ao paciente

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Apesar de ser uma doença ainda sem cura, a cada ano surgem novas terapias e medicamentos para reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida das pessoas que enfrentam a Esclerose Múltipla (EM). Foi assim que a cannabis medicinal começou a fazer parte da vida de milhares de brasileiros nos últimos anos, afinal, esta foi uma das primeiras doenças para as quais o tratamento com canabinoides foi liberado no Brasil.

Já existem uma série de medicamentos que auxiliam no melhor manejo das consequências da Esclerose Múltipla (EM) no organismo. Mariana Maciel, médica especialista em Medicina Canabinoide e fundadora da Thronus Medical, os produtos derivados da cannabis podem desempenhar um papel crucial no tratamento da Esclerose Múltipla, proporcionando melhor qualidade de vida para aqueles que sofrem com a doença.

Por se tratar de um composto fitoterápico, a cannabis não apresenta efeitos colaterais graves, como costuma acontecer com os alopáticos. Além disso, os canabinoides possuem enorme segurança farmacológica com toxicidade praticamente nula.

Um deles traz em sua composição o CBD e THC, substâncias encontradas na planta da cannabis sativa e tem se mostrado eficaz no controle da espasticidade, condição frequente em 80% dos casos de EM. Pacientes com espasticidade costumam relatar uma sensação de rigidez nos músculos, o que dificulta a movimentação do paciente.

Trata-se do Mevatyl®, primeiro medicamento derivado da planta cannabis sativa, aprovado pela Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, com indicação para tratar os sintomas de pacientes adultos que apresentam espasticidade moderada a grave, por causa da esclerose múltipla.

“Além de reduzir a rigidez e a falta de mobilidade provocadas pela espasticidade, esta terapia pode reduzir a dor, proporcionando melhorias na qualidade de vida do paciente”, reitera Douglas Sato, médico neurologista e professor titular da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Medicação promete combater fadiga e dores neuropáticas

Outra indicação possível é o Bisaliv Power Full Spectrum 1:1, que é composto por 50% CBD e 50% THC. Juntos, os ativos auxiliam no combate a dores neuropáticas, fadiga, enjoos e náuseas, e podem agir sobre quadros de depressão, que infelizmente são muito comuns em pessoas acometidas pela doença.

“O uso dos dois fitocanabinoides em associação apresenta um efeito superior para pessoas acometidas pela esclerose múltipla. Isso acontece porque o Canabidiol (CBD) funciona como anti-inflamatório e anti convulsivo, enquanto o Tetrahidrocanabinol (THC) age como analgésico, antidepressivo e estimulante de apetite”, comenta a médica Mariana Maciel.

Ela ressalta que esses fármacos só podem ser introduzidos no tratamento com prescrição médica. Sobre o estágio da doença a ser tratada, dosagem e demais orientações é imprescindível buscar um médico prescritor de cannabis medicinal para acompanhamento contínuo.

O médico da PUC-RS esclarece que cada paciente exige um tratamento individualizado e apoio de uma equipe multidisciplinar, de acordo com a sua necessidade. “Quanto antes a EM é diagnosticada e tratada, maior a chance de reduzir a incapacidade permanente.”

Doença pode causar danos neurológicos permanentes

O dia 30 de maio é celebrado internacionalmente como o Dia da Esclerose Múltipla. A data, criada pela Federação Internacional de Esclerose Múltipla, pretende divulgar informações sobre uma doença neurológica impactante – mas ainda pouco conhecida pelo público em geral – e conscientizar a população sobre os desafios enfrentados por quem convive com ela.

A condição tem uma progressão discreta e pode levar anos para ser identificada, afetando o sistema nervoso central de maneira geralmente irreversível. No começo, os sintomas são sutis e passam despercebidos para os outros, porém, ao longo dos anos, podem resultar em danos neurológicos permanentes.

A fadiga é citada como o sintoma que mais prejudica a qualidade de vida pelas pessoas afetadas pela doença (74%), seguida pelas dores (42%), dificuldade para se concentrar, problemas cognitivos (ambos mencionados por 37% dos respondentes), dificuldade para caminhar (35%), desequilíbrio e tendência a quedas (35%), e problemas sexuais e urinários (24%).

esclerose múltipla é uma das doenças mais comuns do sistema nervoso central, afetando o cérebro e a medula espinhal. Hoje, 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com a condição. Estima-se que no Brasil, cerca de 40 mil pessoas vivem com a doença, uma prevalência média de 15 casos por 100 mil habitantes.

Saiba mais sobre a esclerose múltipla

Na Esclerose Múltipla (EM), o organismo cria anticorpos contra o próprio sistema nervoso, desencadeando um processo inflamatório na cobertura protetora dos nervos, chamada de bainha de mielina. Os sintomas podem surgir ao longo do tempo.

Douglas Sato explica que “as inflamações geram danos à bainha de mielina no sistema nervoso central, que comprometem diversos sistemas funcionais, tais como visão, sensibilidade, coordenação ou força motora, ocorrendo uma espécie de falha na comunicação entre o cérebro e o restante do corpo”.

Em um primeiro momento, os sinais mais evidentes são a perda de visão, geralmente de um dos olhos, sensação de choque elétrico e formigamento nas extremidades do corpo, cansaço extremo e dificuldade cognitiva.

Além da sensação de fadiga, alterações de visão (dupla ou borrada), alterações de sensibilidade, dificuldade no controle da bexiga e intestino, os pacientes com EM podem apresentar distúrbios motores que resultam na dificuldade para andar, falta de equilíbrio e coordenação motora, formigamentos, rigidez muscular, entre outras manifestações. Em alguns casos, podem ocorrer quadros de perda de memória e depressão.

Sabe-se que a EM envolve várias causas, como por exemplo, fatores genéticos e ambientais, como infecções virais, tabagismo, obesidade, entre outras condições. Como não há um marcador para essa enfermidade, para identificá-la, além de avaliação clínica, recomenda-se a realização de exames de imagem, como a ressonância magnética. Em alguns casos, se realiza a punção lombar para a coleta do líquor para realização de exames que auxiliam no diagnóstico.

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