Com 1.400 internados e mortes subindo, Rio adota medidas mais restritivas

Média móvel de casos apresenta tendência de queda, apesar da alta taxa de letalidade pela doença na cidade

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Desde o início da pandemia, o município do Rio de Janeiro soma 242.244 casos de Covid-19, com 22.187 óbitos. A taxa de letalidade está em 9,2%, e a de mortalidade em 333,1 a cada 100 mil habitantes. A incidência da doença é de 3.636,6 a cada 100 mil. Apesar dos números elevados, os atendimentos de quadros suspeitos de Covid-19 nas unidades de urgência e emergência da cidade mantêm a tendência de queda por mais uma semana, e a média móvel de casos confirmados da doença também já apresenta redução.

O panorama é revelado pelo 15º Boletim Epidemiológico da Covid-19, divulgado nesta sexta-feira (16) pela Prefeitura do Rio. Segundo o município, embora a notícia seja boa, ainda não é hora de relaxar. A cidade segue na faixa de risco muito alto, com medidas de proteção à vida mais restritivas mantidas até dia 27 de abril pelo Decreto Rio Nº 48761, publicado no Diário Oficial desta sexta-feira (16).

Segue proibida a realização de eventos e a permanência na areia da praia, sendo permitidas apenas as atividades esportivas individuais e coletivas, sem causar aglomeração. Também continuam proibidos a abertura de boates e a realização de eventos. Bares, lanchonetes e restaurantes podem funcionar até 21h, com uma hora de tolerância. O funcionamento do comércio segue de 10h às 18h. Museus, bibliotecas, cinemas, teatros e parques ficam abertos de 12h às 21h.

Apesar da redução dos atendimentos de urgência e emergência e dos casos confirmados, a média móvel de óbitos ainda é ascendente. São em sua maioria pacientes que foram internados semanas atrás e vinham em tratamento, mas que infelizmente não resistiram. O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, explica que o momento ainda é de muita atenção.

São 1.400 pessoas internadas com Covid-19 na cidade, é muita gente. A recomendação para todos é que evitem qualquer tipo de exposição desnecessária. Nas últimas semanas a população mostrou que tem colaborado com a diminuição da circulação e a gente espera que isso se mantenha. Ainda temos um nível de transmissão alto e não é possível flexibilizar as medidas restritivas”, reforça o secretário.

Na última semana, 37 casos de variantes do vírus foram identificados na cidade, 31deles de moradores locais. Desde a identificação do primeiro caso de novas cepas, são 230 casos no município, sendo 183 residentes. São 175 casos da variante brasileira (P.1) e oito da britânica (B.1.1.7). Dos moradores infectados por essas cepas, 20 faleceram, 13 permanecem internados e 150 já foram considerados curados. Dos infectados pelas variantes que não são moradores do Rio, 24 vieram de Manaus e quatro de Rondônia.

Deputados e vereadores cobram mais leitos e mais profissionais

A urgência da ampliação de leitos e na contratação de profissionais para atuar no combate à covid-19 uniu as comissões de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e da Câmara Municipal do Rio em audiência pública, nesta sexta-feira (16/04). 

Gestores das redes federal, estadual e municipal de Saúde no estado apontaram a dificuldade de contratação de pessoal como o maior entrave para a abertura de vagas de internação. Mas o argumento foi contestado por parlamentares e entidades de classe, que apontam problemas de gestão.

O superintendente do Ministério da Saúde, coronel George Divério, afirmou que, dos 560 leitos que chegaram a ser anunciados que seriam abertos num acordo com o Governo do Estado, apenas 292 foram disponibilizados para pacientes de Covid. 

Ele revelou ainda não ter conseguido preencher 400 vagas para profissionais de saúde na rede federal. Lembrou a ausência de concurso público, que não é realizado desde 2010, mas disse que os profissionais desistem quando entendem que terão que trabalhar no combate à covid-19.

Há muita dificuldade em contratar profissionais temporários. Muitos que se apresentam não querem trabalhar diretamente com a covid. Outros profissionais em exercício não cumprem o horário de trabalho de maneira correta”, declarou Divério.

Alerj quer reativação de leitos federais

Presidente da Comissão de Saúde da Alerj, a deputada Martha Rocha (PDT) cobrou o fim do “jogo de empurra”dos entes para disponibilizar atendimentos ao cidadão. Lembrou que seis hospitais federais têm 387 leitos próprios fechados e o Ministério da Saúde não consegue disponibilizá-los para atendimento aos doentes.

Prefere culpar médicos e enfermeiros afirmando que muitos recusam o trabalho porque não querem atuar na linha de frente de combate à Covid. É um desrespeito com os profissionais que arriscam a vida todos os dias. É inadmissível que as pessoas continuem morrendo na fila de espera por leitos de UTI”, criticou.

Em 25 de março, a 23ª Vara da Justiça Federal concedeu liminar favorável à Comissão de Saúde da Alerj na ação civil pública que pede a abertura de leitos para Covid em nove hospitais do município do Rio. A ação também cobra a recomposição ou reintegração dos profissionais da saúde dos hospitais que foram demitidos durante a pandemia.

A fila de espera por um leito para covid-19 nos hospitais do Rio é desumana. Os governos federal, estadual e municipal ficam num jogo de empurra sobre quem tem que abrir leitos e, enquanto isso, as pessoas estão morrendo. Vamos cobrar que esta situação grave seja resolvida”, declarou.

Sucateamento da rede federal no Rio

A vice-presidente da Comissão, deputada Enfermeira Rejane (PCdoB), lembrou que o sucateamento da rede federal vem sendo denunciado há anos. A deputada criticou a falta de liderança do governo federal nas ações contra a pandemia e também apontou falhas no processo seletivo:

A coordenação de ações precisa ser organizada por todos os entes, mas ela é desorganizada pelo governo federal. A contratação dura seis meses. Quando entram novos profissionais, outros já estão saindo, e o déficit se mantém. Está havendo um rodízio”, afirmou Rejane.

A presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro, Monica Armada também defendeu os profissionais da Saúde. “É inadmissível que o ministério não consiga uma ferramenta melhor para contratar profissionais. É preciso vacinar profissional de saúde. Esta é a prioridade da prioridade. Faltam EPIs e as UPAS viraram depósito de paciente”, criticou.

Leitos fora da regulação e falta do kit intubação

O secretário estadual de Saúde, Carlos Alberto Chaves, revelou que há no sistema de regulação do estado 3.550 leitos destinados à Covid-19, contando com as redes públicas estadual, municipal e federal, além da rede filantrópica e da rede privada.

Mas levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES) mostrou que 345 leitos de CTI e 1.239 de enfermaria estavam fora do sistema de regulação. “Não é ilegal, mas é imoral. Seriam de grande ajuda na pandemia. As informações foram passadas para o Ministério Público“, afirmou o secretário.

 Sobre a compra de kits de intubação, a SES informou que começaram a chegar, na quinta-feira, os medicamentos da compra nacional, que já estão sendo distribuídos aos municípios e hospitais do estado. A Secretaria também pretende acelerar três aquisições emergenciais em curso. Esses medicamentos vão ser distribuídos a unidades do Plano de Contingência Covid, além de Upas e salas vermelhas que estão fazendo intubação.

Município sofre com a falta de profissionais de saúde

O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, disse que houve crescimento no número de médicos na rede, chegando a 3 mil no momento. Mas reafirmou que o desafio para a abertura de leitos ainda é a alocação de profissionais. “O município do Rio não tem problema de estrutura de leitos, o que falta é ter recursos humanos. Viemos de uma gestão que demitiu seis mil profissionais, e estamos trabalhando nesta recomposição”, afirmou.

Em resposta aos questionamento dos participantes da audiência sobre grupos prioritários de vacinação, Soranz afirmou que pretende concluir, este mês, a imunização dos profissionais de saúde. “Também tenho compromisso de vacinar todos os acima de 60 anos este mês e iniciar a dos que têm comorbidade, pessoas com deficiência, professores e segurança pública”, disse.

Segundo ele, a mortalidade vem caindo no público acima de 80 anos: ‘O Rio foi um dos que mais vacinaram e já se percebe esses efeitos. De modo geral, a taxa de mortalidade do Ronaldo Gazolla caiu de 53% em abril para 38% agora”, relatou.

Presidente da Comissão de Saúde da Câmara do Rio, o vereador Paulo Pinheiro (PSol) que participou da moderação da reunião destacou que o momento crítico exige soluções imediatas. “A situação é grave na cidade do Rio de Janeiro. Temos pouca testagem, falta de leitos. Se fosse um país, a cidade estaria no ranking das maiores taxas de mortalidade do mundo “, lamentou Pinheiro.

Com SMS-Rio e Alerj

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