Cuidados paliativos aumentam a sobrevida em doentes terminais

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Pacientes oncológicos em fase terminal precisam cada vez mais de cuidados paliativos (Foto: Instituto Paliar)
Pacientes oncológicos em fase terminal precisam cada vez mais de cuidados paliativos (Foto: Instituto Paliar)

Não faz muito tempo a medicina tratava os doentes somente enquanto havia alguma chance de cura. Esgotados todos os recursos, o doente era liberado para passar os últimos dias de vida em casa, ao lado dos familiares. E o leito do hospital era ocupado por outro com mais chances de sobrevida. Mas novos avanços na área médica resultaram em uma nova concepção de atendimento, com acolhimento mais humano e foco mais no paciente e não na doença. É a Medicina Paliativa, praticada no Brasil desde 2011 e que luta agora para ser reconhecida como especialidade médica.

Este novo conceito propõe formas de aliviar o sofrimento e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com doenças crônicas em progressão e que ameacem a continuidade da vida, como os doentes de câncer. Um estudo recente publicado no ‘Journal of Clinical Oncology’ mostrou que o atendimento paliativo, quanto mais cedo aplicado ao paciente, pode aumentar as chances de sobrevida em até 15%. Este dia 27 de outubro é lembrado como o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, que ajuda a conscientizar sobre a importância dessa medicina mais humanizada.

De acordo com o Instituto Paliar – um centro de excelência na prática, ensino e pesquisa em medicina paliativa e cuidados paliativos em São Paulo -, tratamentos que têm por objetivo o cuidado essencial para pessoas com doenças crônicas ou incuráveis são conhecidos  desde 1967, com a criação do St. Christopher’s Hospice. Oficialmente recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos pilares fundamentais da assistência ao doente com câncer, o conceito de Cuidados Paliativos engloba toda e qualquer doença ou condição de vulnerabilidade que possa ameaçar a continuidade da vida.

“Os cuidados paliativos exigem a presença de uma equipe multidisciplinar, que irá acolher de forma mais ampla e humana o paciente, ouvindo suas respostas às terapias e buscando controlar não só os sintomas de dimensão física – como as dores – mas, também, questões de fundo emocional e espiritual – como a busca da identidade e do sentido da vida. O amparo ao familiar também é primordial, tendo em vista sua forte influência sobre o paciente”, afirma o médico paliativista Fábio Vanuzzi.

Chefe da equipe da clínica oncológica Oncomed – uma das poucas especializadas em cuidados paliativos no Estado do Rio -, ele afirma que a presença de uma equipe multidisciplinar durante o tratamento do câncer e outras doenças crônicas é necessária para, além de aumentar a sobrevida, conseguir enxergar o paciente e seus familiares como um todo, a fim de atender às necessidades desse núcleo de forma bastante personalizada.

No Brasil e no Rio

No país, há um déficit desse tipo de cuidado com o paciente. Tanto na rede pública quanto na privada, poucas unidades de saúde possuem a estrutura necessária para disponibilizar o serviço e, na maioria das vezes, não há profissional capacitado.  Segundo Vanuzzi, a clínica Oncomed de Niterói é pioneira nesse serviço, oferecendo desde 2009 uma equipe multidisciplinar, composta por oncologistas, nutricionistas, enfermeiros e psicólogos, que visam oferecer um atendimento mais humanizado, buscando sempre o bem-estar do paciente.

Um retrocesso, porém, foi o veto do então governador em exercício do Rio, Luiz Fernando Pezão, ao Projeto de Lei (PL 3277/2014) que cria o Programa Estadual de Cuidados Paliativos, aprovado em março de 2015 na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). De acordo com o projeto, os cuidados paliativos devem ser iniciados na rede pública estadual de saúde o mais precocemente possível, junto a outras medidas de prolongamento de vida como a quimioterapia e radioterapia, e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreensão e manejo dos sintomas.

Palestras gratuitas

Para tratar do tema, o Centro de Estudos do Hospital Adventista Silvestre vai promover uma série de palestras gratuitas no 5º Fórum Comemorativo do Dia Mundial dos Cuidados Paliativos. Painéis sobre diferentes aspectos que envolvem os cuidados paliativos, que vão desde conflitos nos próprios cuidados até questões judiciais, serão tratados no evento.

Entre os palestrantes, estão o geriatra Filipe Gusman, presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (regional Sudeste); a psicóloga Suely Marinho, consultora do Instituto Nacional do Câncer (Inca) no projeto Atenção ao Vínculo e Qualificação da Comunicação em Situações Difíceis do Tratamento Oncológico; e a juíza de Direito do TJRJ, Maria Aglaé Tedesco, doutora em Bioética. As inscrições são gratuitas e o público alvo são os profissionais da área de saúde pela ceas.has@hasilvestre.org.br.

Fontes: Oncomed, Instituto Paliar e Hospital Silvestre

 

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