Depressão sorridente: quando a alegria é só fachada

Caso do youtuber e humorista Whindersson Nunes traz à tona um problema que muitas vezes passa despercebido até da família e amigos

Whindersson Nunes: 'Já estive lá uma vez, não queria voltar porque é gelado e sem cor" (Foto: Divulgação)
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Nem a fama e a fortuna conquistadas com o sucesso alavancado nas redes sociais são capazes de evitar uma doença que pode passar despercebida por muitas pessoas, inclusive amigos e familiares. Com mais de 35 milhões de fãs no Youtube, o comediante e youtuber Whindersson Nunes, de 24 anos, revelou estar em uma nova crise de depressão e cancelou compromissos por três meses para voltar a fazer terapia.

De acordo com a revista Veja, Whindersson teve crises de pânico, com tremores e medo de sair de casa. Entre os desabafos, declarou estar sem vontade de viver, triste, mas que voltaria a fazer terapia. “É tão ruim ficar assim, porque já estive lá uma vez, não queria voltar porque é gelado e sem cor”, escreveu ele em um tweet, o que surpreendeu os fãs.

No último fim de semana, a morte da cantora mirim Yasmin Gabrielle, ex-assistente de palco do Programa do Raul Gil, também abalou os internautas e trouxe novamente o tema depressão entre celebridades à tona. De acordo com parentes, a jovem de 17 anos enfrentava depressão severa após perder o irmão e a mãe por causa de câncer. A suspeita é de que Yasmin tenha cometido suicídio.

Rotina atribulada e pressões

O youtuber, pouco antes de uma cirurgia de hemorroidas (Foto: Instagram – Reprodução)

Não é de hoje que casos como estes acontecem no mundo artístico. A psicóloga Lia Clerot conta que isso ocorre porque em ambientes onde há muitas cobranças, pressões para um corpo ou uma vida perfeita, as doenças psicológicas, como depressão e ansiedade se desenvolvem com mais facilidade.

As causas para a crise de pânico de Whindersson seriam a agenda de shows atribulada (média de 15 apresentações por mês), a falta de privacidade por sempre estar rodeado de gente e a pressão das redes sociais. No recesso, deixará de faturar 9 milhões de reais entre publicidade e shows (ele fica com 60% da bilheteria, mais o cachê). Na semana passada, o youtuber se submeteu a uma cirurgia de hemorroida, na semana passada

Nesses casos, é preciso exercitar a autoestima diariamente e procurar ajuda de um profissional para que não chegue ao estopim, como foi o caso da cantora mirim”, alerta a especialista.

Maioria esconde os sintomas

E quando a pessoa não demonstra sintomas? Cerca de 89% de 2 mil entrevistados disseram ter sofrido com os sintomas de depressão, mas os mantiveram escondidos de amigos e familiares, segundo pesquisa realizada pela revista Women’s Health e a Aliança Nacional de Doenças Mentais. É chamada depressão sorridente.

Mas como diagnosticar a doença se o paciente não demonstra estar deprimido?! De acordo com a psicóloga Lia Clerot, o distúrbio é mais comum em mulheres do que em homens, e muitas vezes quem sofre desse tipo de depressão se adapta e convive bem. Inclusive, pessoas próximas não conseguem perceber.

Sorrisos forçados, fotos felizes, falta de satisfação em atividades que antes eram prazerosas, são algumas das características. Essas pessoas batalham entre a angústia interior e a alegria exterior. Elas assumem uma fachada para esconder os sintomas”, explica.

Uma nova epidemia mundial

Isolamento, ansiedade e desânimo crônico estão entre os sintomas comuns para quem convive com depressão, mas a reação à doença é algo bem particular e em muitas pessoas diagnóstico é difícil, ainda mais se tratando da depressão sorridente, uma doença assintomática que tem se tornado uma epidemia pelo mundo.

Só no Brasil, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), já existem cerca de 17 milhões de pessoas com depressão, sendo esse o maior número da América Latina, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Segundo a organização, a depressão será a doença mais incapacitante do mundo até 2020.

Várias celebridades, como a atriz Sophie Turner e a cantora Ariana Grande, terem revelado sofrer com o transtorno. Essas declarações têm sido muito importantes para desestigmatizar a doença, que já atinge cerca de 120 milhões de pessoas ao redor mundo e alertar sobre os seus riscos

Quando procurar ajuda

Ainda, de acordo com a psicóloga, as pessoas que sofrem com depressão sorridente não devem deixar de procurar ajuda de um especialista. “É muito importante que o paciente procure ajuda assim que perceber os sintomas, a depressão é uma doença séria que precisa de tratamento especializado, quanto mais demora para pedir ajuda, mais difícil e demorado é o tratamento”, alerta Lia.

Para aqueles que sofrem com esse distúrbio, é importante reconhecer os sintomas para que um profissional possa ajudar. “Caso identifique, o paciente deve procurar ajuda imediatamente. O tratamento envolve psicoterapia e em casos mais graves, medicação e acompanhamento de um médico psiquiatra”, diz a psicóloga.

Uma boa saída é buscar acompanhamento nos serviços de psiquiatria e psicologia em universidades, por exemplo. O Centro de Valorização da Vida (CVV) dá apoio emocional por telefone (pelo número 188), e-mail, chat e voip 24 horas, em todos os dias da semana. O atendimento é gratuito e sigiloso.

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