Diálise peritoneal reduz custos e traz mais qualidade de vida

Apesar disso, esse tipo de tratamento ainda não é realidade para muitos pacientes que dependem dos serviços públicos de saúde

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

Manoel Dias Costa, de 85 anos, morador de Cidade Ocidental (GO), sentiu sua vida ser transformada com a terapia renal substitutiva há dois anos. Após alguns anos de acompanhamento hospitalar, ele, que é diabético e hipertenso, passou a ter dificuldades em relação à estabilização da pressão arterial e da glicemia. A filha Ednelza do Nascimento Costa, conta que o pai passou por consultas com nefrologista e cardiologista e a indicação foi para diálise peritoneal.

“Os rins do meu pai estavam trabalhando apenas com 10% da capacidade. A clínica que fizemos exame nos auxiliou com a burocracia e conseguimos o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ele, que estava muito fraco e debilitado, saiu da primeira sessão caminhando”, comemora. Ednelza conta ainda que na fase inicial de tratamento em casa, por meio de diálise peritoneal o ciclo chegava a durar nove horas. “Após seis meses meu pai melhorou muito! Nunca mais desidratou, não precisa mais de bolsas de sangue… Nossa família foi treinada para operar o aparelho e constantemente passamos por cursos de reciclagem”, explica.

Atualmente, um em cada 10 adultos terá alguma forma de Doença Renal Crônica que pode levar a doença renal em estágio terminal. Pacientes com doença renal em estágio terminal precisam de diálise contínua ou um transplante de rim para sobreviver. No entanto, a diálise pode ser feita de uma maneira sem atrapalhar o dia-a-dia do paciente antes de passar por um transplante. É a chamada diálise peritoneal que é realizada em casa e utiliza a própria membrana peritoneal do corpo e uma solução para filtrar e remover fluidos extras e resíduos do sangue.

De acordo com pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a diálise peritoneal pode representar uma economia de 5% aos cofres públicos e gerar qualidade de vida ao paciente. Entretanto, segundo a ABCDT, a terapia ainda é subutilizada pelo sistema de saúde. A entidade calcula que atualmente no Brasil pouco mais de nove mil pacientes realizam esse tipo de tratamento.

Diferente da hemodiálise, que filtra o sangue através de uma máquina e um dialisador para remover as toxinas do organismo, a diálise peritoneal realiza o tratamento dentro do corpo do paciente, por meio da colocação de um cateter flexível no abdomên para a infusão de líquido de diálise para filtrar o sangue do paciente.

Situação de pacientes é grave no Rio

A ABCDT alerta que a situação para os pacientes de diálise peritoneal é ainda mais grave.  Gilson Nascimento da Silva, Diretor Geral da Aliança Brasileira de Apoio à Saúde Renal (Abrasrenal), entidade carioca com mais de três mil associados, afirma que o tratamento é mal remunerado e a situação das clínicas que oferecem os produtos e medicamentos é crítica.

“São mais de três anos sem aumento em um contexto em que os insumos são dolarizados e o frete cresce a cada dia.  Precisamos mostrar que a diálise peritoneal deve ser a primeira escolha para os renais crônicos”, explica.

Para Gilson, se o estado investisse na remuneração das clínicas diálise, economizaria recursos coma desinternação de pacientes. “Temos atualmente só no Rio de Janeiro mais de 300 pacientes internados ocupando vagas de hospitais enquanto aguardam a realização da primeira diálise. O tempo médio de espera chega a ser superior a dois meses”, lamenta.

Com relação ao caos que os hospitais públicos enfrentam com a falta de leitos, o presidente da Abrasrenal levanta a seguinte questão: “Será que o estado já refletiu sobre quanto custa um paciente renal, que poderia realizar o tratamento em casa, ocupando o leito de pacientes mais graves?”

Esclareça suas dúvidas sobre a diálise peritoneal

Ricardo Cunegundes, gerente da área médica da Baxter Brasil, esclarece algumas das principais dúvidas sobre este tratamento:

– O que é diálise peritoneal?
É uma opção de tratamento através do qual o processo ocorre dentro do corpo do paciente, com auxílio de um filtro natural como substituto da função renal. Esse filtro é denominado peritônio. É uma membrana porosa e semipermeável, que reveste os principais órgãos abdominais. O espaço entre esses órgãos é a cavidade peritoneal. Um líquido de diálise é colocado na cavidade e drenado, através de um cateter (tubo flexível biocompatível). O cateter é permanente e indolor, implantado por meio de uma pequena cirurgia no abdômen. A solução de diálise é infundida e permanece por um determinado tempo na cavidade peritoneal, e depois drenada. A solução entra em contato com o sangue e isso permite que as substâncias que estão acumuladas no sangue como ureia, creatinina e potássio sejam removidas, bem como o excesso de líquido que não está sendo eliminado pelo rim.

-É necessário ir ao hospital ou à clínica para fazer a diálise peritoneal?
Essa diálise permite realizar tratamento em domicílio. A principal vantagem desse método é que após um período de treinamento o paciente pode realizá-lo em casa, de maneira independente. Um familiar do paciente também recebe treinamento para ajudar o paciente quando for necessário.

-Fazer diálise peritoneal dói? Quais são os desconfortos que o paciente pode sentir?
O tratamento é indolor. No início do tratamento alguns pacientes se queixam de um desconforto abdominal pela presença do líquido dentro da cavidade abdominal. Com o tempo esse desconforto tende a desaparecer. A presença de dor persistente durante a diálise peritoneal deve ser comunicada ao médico nefrologista, pois pode indicar a presença de uma infecção ou o mau posicionamento do cateter.

– Quais são as vantagens de se fazer diálise peritoneal para tratar a doença renal avançada?
Autonomia, fácil manuseio e poucas contraindicações são as principais vantagens deste tipo de diálise. O tratamento é realizado na residência do paciente e ocorre no período noturno, sem atrapalhar as atividades diárias do paciente. Ao iniciar o tratamento o paciente perceberá uma melhora significativa nos sintomas que apresentava, como: falta de apetite, indisposição, cansaço, náuseas, dentre outros. Adicionalmente serão reduzidas as restrições dietéticas e o paciente perceberá uma melhora na sua qualidade de vida.

– O paciente que faz diálise peritoneal pode trabalhar?
Vários pacientes em diálise peritoneal trabalham, especialmente os que fazem as trocas apenas no período noturno. O governo, através de lei Federal, auxilia financeiramente pacientes portadores de doença renal crônica avançada em diálise. As clínicas de diálise dispõem de assistentes sociais que podem orientar os pacientes para conseguirem esse benefício.

Da Redação, com Assessorias

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

You may like

In the news
Leia Mais
× Fale com o ViDA!