‘Doença do beijo’ pode causar até paralisia facial

Foi o que aconteceu com adolescente de 15 anos, que teve que recorrer a um neurologista para diagnosticar e tratar uma das consequências da ‘doença do beijo’

Dia do Beijo: cuidado com a mononucleose O beijo ativa várias áreas do corpo e faz bem. Mas é bom ter cuidado com a 'chamada doença do beijo' (Foto: Free Images)
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Beijar é muito bom e são muitos os benefícios para você comemorar à vontade neste 13 de abril – Dia do Beijo. Além de nos fazer sentir bem por causa do aumento dos hormônios do prazer (dopamina, serotonina e oxitocina), quem beija mais diminui a pressão arterial e com isso afasta dores de cabeça e menstruais. O beijo também alivia o estresse, ajuda a fortalecer a imunidade e, dizem, pode fazer você perder calorias.

O beijo é apreciado em qualquer faixa etária, mas nas fases do descobrimento o desejo por um beijo parece mais intenso. Assim também é a mononucleose,  conhecida popularmente como a doença do beijo, que é transmitida pela saliva e pode causar sérios danos à saúde. Apesar de poder infectar qualquer um independentemente da sua idade, o vírus aparece com mais incidência no grupo de pessoas com idade entre 15 e 30 anos.

Foi o que aconteceu com Isadora (nome fictício), de 15 anos, que contraiu o vírus há dois anos. Numa manhã como qualquer outra ela acordou com dificuldades para fazer comandos faciais simples, como piscar: “Senti meu olho esquerdo sem força”. A mãe correu com ela para o médico.

O que espantou Isadora e sua mãe foi o despreparo das equipes médicas nas emergências dos hospitais. Elas estiveram em três grandes centros hospitalares onde ouviram que o problema “não era nada” e que era apenas uma “questão de mal jeito”. Após dois dias com os sintomas, Isadora foi a uma neurologista que finalmente descobriu a mononucleose infecciosa. E foi alertada: se demorasse mais um dia as sequelas como paralisia poderiam ser irreversíveis.

Não ignore sintomas brandos

De fato, a paralisia facial permanente é uma das raras, mas possíveis consequências, quando o vírus se instala no cérebro do paciente. O caso de Isadora mostra a importância de não negligenciar os sintomas, mesmo os mais comuns, como uma garganta inflamada.

É sempre de fundamental importância estar atento ao que acontece com nosso corpo e na observação de alguma anomalia é prudente a ida imediata ao médico.  Exames como o de sangue podem detectar inúmeras doenças, entre elas a mononucleose, evitando assim que eventuais complicações aconteçam.

A boca tem uma infinidade de bactérias. Durante o beijo, acontece uma troca dessas bactérias e de vírus também. Sendo assim, em tese, muitas doenças podem ser transmitidas. A mais conhecida  é a ‘doença do beijo’, a mononucleose, que é transmitida pelo vírus Epstein-Barr. Uma vez que você entre em contato com o vírus, poderá manifestar a doença até oito semanas depois”, alerta a dentista Simone Levy.

Como a maioria das viroses, a mononucleose se manifesta com sintomas comuns, semelhantes aos de uma gripe forte: febre acima de 38º, dor de garganta, cansaço excessivo e dor de cabeça constante. Pode ainda haver  inchaço do baço e dos linfonodos na região do pescoço e axilas. Esse aumento dos gânglios linfáticos é o fenômeno conhecido como íngua.

Como tratar a mononucleose

Assim como não existe uma forma clara de prevenção para a “doença do beijo”, uma vez que o portador pode não apresentar os sintomas do vírus, não há um tratamento específico, mas medicamentos podem ser indicados para aliviar os sintomas. O médico deve analisar caso a caso e determinar os medicamentos para tratar os sintomas, como antibióticos.

Para Isadora, especialmente, foi também receitada terapia caseira para a movimentação dos músculos faciais. Curada, Isadora alerta sobre comemorar o Dia do Beijo: “É importante conhecer nossos parceiros e não ter vergonha de falar sobre a doença”.

Baixa imunidade pode facilitar o contágio

Sapinho, herpes, cárie, gengivite e até sífilis são alguns dos problemas de saúde que podem ser transmitidos pelo beijo. Segundo a biomédica Luciana Godinho, bactérias, vírus e fungos que estejam presentes na saliva podem ser transmitidos pelo beijo. Ela alerta que pessoas que estejam com o sistema imunológico mais debilitado ficam mais vulneráveis a essas infecções.

Portanto, tenha cuidados gerais com a saúde: coma bem, durma bem e mantenha a higiene bucal em dia: escove os dentes, use fio dental e enxaguante bucal. Fique atento aos sinais que indicam doenças bucais, como boca seca, sangramentos e gosto amargo na boca. Consulte um dentista caso tenha um desses sintomas”, explica a especialista.

Outras doenças transmitidas pelo beijo

Herpes labial: A doença provocada pelo vírus da herpes simples provoca feridas nos lábios, face ou interior da boca semelhantes a aftas. A crise dura certa de uma semana e volta de tempos em tempos, principalmente em situações de baixa imunidade. Medicamentos antivirais podem ser indicados para tratar as crises.

Sapinho ou candidíase oral: Trata-se de uma micose provocada pelo fungo Candida albicans. Ela se manifesta por pontos brancos e escamosos na língua e parte interna das bochechas. O tratamento pode envolver o uso de medicamento antifúngico.

Cárie e gengivite: Como doenças infecciosas provocadas por bactérias, também podem ser transmitidas pelo beijo. No entanto, segundo Alves, quem mantém uma boa higiene bucal não deve ser infectado ainda que entre em contato com as bactérias.

Sífilis: A sífilis secundária, segunda fase da doença, pode provocar lesões na pele e boca. Nesta fase, a bactéria Treponema pallidum, que provoca a doença, pode ser transmitida pelo beijo. Esta não é a principal forma de contaminação, o mais comum é pelo contato sexual, mas pode acontecer também pelo beijo. A sífilis tem cura e é tratada com antibióticos.

Pergunte ao Doutor: tudo sobre mononucleose

A infectologista do Hospital Caxias D’Or Isabel Tavares responde algumas das principais dúvidas sobre a doença

Qual a prevalência do contágio pelo vírus do beijo?

A doença do beijo, também chamada de mononucleose, é uma doença contagiosa cuja incidência é maior nos adolescentes e adultos jovens.

Quem está no grupo de risco? Existe uma época com maior número de casos?

Não há um grupo específico de risco. Em geral, a doença é mais comum na adolescência e nos adultos jovens. Não existe uma época em especial com maior número de casos.

Existem outras formas de infecção que não pela boca?

A mononucleose é uma doença transmitida pela saliva e secreções orais e por isso é tão comum a transmissão pelo beijo. No entanto, pode haver contaminação caso a pessoa com mononucleose compartilhe copos, talheres e outros utensílios.

Quais os sintomas? Existe um sintoma claro e certo sobre a mononucleose? 

A mononucleose apresenta um conjunto de sinais e sintomas, que são: febre, mal-estar, dor de cabeça, aumento dos gânglios linfáticos (ínguas) no pescoço, axilas, virilha, dor de garganta, placas na garganta, vermelhidão no corpo, podendo ainda ter aumento do baço e fígado.

Como tratar a infecção? Uma vez curada ela pode retornar?

A infecção é causada por um vírus, não havendo um tratamento específico. O que se faz é tratar os sintomas para dar um conforto maior ao paciente. Uma vez curada, a mononucleose não volta.

Em caso de retardo no diagnóstico e/ou tratamento, quais as consequências mais graves?

Em geral, a mononucleose tem evolução benigna e não gera consequências mais graves, salvo raras exceções.

 

Reportagem do estagiário Andrei Felipe, aluno do 6º período de Jornalismo da Facha, sob supervisão da editora Rosayne Macedo

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