Entenda as diferenças entre câncer de colo de útero e câncer do endométrio

Para explicar as diferenças entre doenças que atingem o útero reunimos informações de duas especialistas no tema. Confira!

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

O mês de janeiro é dedicado à campanha de conscientização sobre o câncer do colo do útero, também conhecido como câncer cervical, terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil. Apesar disso, ainda há muitas dúvidas entre as mulheres e muitas confundem a doença com o câncer do endométrio. Para explicar as diferenças, reunimos informações de duas especialistas no tema.

O câncer de colo de útero é causado pela infecção persistente de alguns tipos de alto risco do HPV (Papilomavírus Humano), que é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST). A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é que sejam registrados neste ano 16.590 novos casos de câncer do colo do útero.

“Essa é uma doença com progressão lenta, que pode não apresentar sintomas em fase inicial e em casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente (vai e volta) ou após a relação sexual”, explica Neila Speck, da Unifesp. “O câncer de colo uterino é causado pelo HPV vírus do tipo oncogênico (principais sorotipos 16 e 18) acomete na principalmente mulheres entre 40 e 50 anos de idade”, esclarece Vivian Sartorelli, ginecologista oncológica do IBCC Oncologia.

Já o câncer de endométrio (camada que reveste a parte interna do corpo uterino) é o tipo mais comum de câncer do colo do útero, que acomete principalmente mulheres com mais de 50 anos. Para este ano, a estimativa do Inca, é de 6.540 novos, sendo este o oitavo tipo mais comum entre as mulheres no Brasil. “Apenas 20%, ou menos, das mulheres com câncer de endométrio estão na fase de pré-menopausa. Menos de 5% estão abaixo dos 40 anos de idade”, explica.

De acordo com Dra Vivian, o câncer de endométrio é menos comum, sendo a sétima causa de câncer entre as mulheres e a terceira específica do sexo feminino, sendo a primeira o de mama e a segunda, o de colo de útero). A doença é decorrente do espessamento dessa camada por hiperplasia (crescimento celular anormal), na sua grande maioria por estímulo hormonal.

Pode acometer qualquer faixa etária, mas é mais comum em mulheres na pós menopausa, cujo principal sintoma é o sangramento uterino anormal ou sangramento após menopausa. Muitas vezes o diagnóstico é feito em estágios iniciais, o que possibilita tratamento cirúrgico com alta taxa de cura”, explica a ginecologista.

Os fatores de risco

Na maioria das vezes a infecção pelo HPV é transitória e regride espontaneamente, entre seis meses a dois anos após a exposição. Além dos aspectos relacionados com a infecção pelo HPV, podemos considerar a imunidade, genética, comportamento sexual e idade. Desde 2017, o Ministério da Saúde recomenda a vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. A vacina protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV e está disponível na Rede Pública.

Os dois primeiros são considerados de baixo risco, e causam verrugas genitais. Já os dois últimos, são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. “O ideal é que a vacina seja aplicada antes do início da atividade sexual, ou seja, antes do contato com o HPV”, afirma a especialista da Unifesp.

A causa da maioria dos casos de câncer de endométrio é desconhecida, mas sabe-se que existem determinados fatores de risco. O principal é o excesso de hormônio estrogênio circulante na corrente sanguínea (hiperestrogenismo). Os fatores associados ao hiperestrogenismo são: obesidade, uso inadequado da terapia de reposição hormonal, menarca precoce, menopausa tardia, não ter filhos, infertilidade, diabetes, pressão arterial elevada, sedentarismo e idade.

Entenda os exames para detecção

Segundo Dra Vivian, o câncer de colo uterino pode progredir para estruturas pélvicas como bexiga reto e linfonodo considerado localmente avançado em alguns raros casos metástase para pulmão ou fígado.

A detecção é realizada através do exame papanicolau/ colpocitologia oncótica quando é possível diagnosticar alterações e lesões iniciar pré-cancerígenas e através de biópsia de colo uterino.

“O exame preventivo papanicolau associado a pesquisa HPV vírus continua sendo o melhor método para detecção de lesões iniciais e cura”, complementa a médica.

Papanicolaou

O exame preventivo do câncer do colo do útero, chamado Papanicolaou ou citologia, é a principal estratégia para detectar lesões iniciais e fazer o diagnóstico precoce da doença. “O exame é simples, realizado no consultório do ginecologista e consiste na introdução de um espéculo na vagina para coletar amostras da superfície externa do colo do útero e do canal endocervical. Depois de coletado, o material é enviado para análise em laboratório por meio de avaliação microscópica”, explica a médica.

Há duas metodologias para analisar a amostra: Papanicolaou convencional ou Citologia em Meio Líquido. Na primeira, o material é coletado por uma espátula e por uma escovinha similar a um pincel de rímel. A amostra é então colocada em uma lâmina de vidro e os instrumentos de coleta são descartados após o procedimento.

Já na segunda, existem diferentes formas de realizar a coleta e uma delas, após a coleta, a escova utilizada tem a cabeça desprendida da haste colocada em um recipiente com uma solução (meio líquido) e é enviada ao laboratório. No método convencional, após a preparação da lâmina, a espátula e a escovinha são descartadas, grande parte da amostra é perdida o que pode fazer com que células eventualmente alteradas não sejam analisadas, podendo levar a um resultado falso-negativo.

Histeroscopia com biópsia

Para detectar o câncer do endométrio é realizado um exame por meio da histeroscopia com biópsia. “É também um procedimento simples, podendo ser realizado em consultório médico. Através da vagina, é introduzido no colo do útero uma cânula com 1,2 a 4 mm de diâmetro que tem uma microcâmera e uma luz na ponta. Durante o exame, as imagens são transmitidas em tempo real em um monitor e, caso alguma alteração seja encontrada, pode-se realizar uma biópsia”, finaliza a médica.

Tratamento

O tratamento para os dois tipos de câncer vai depender da fase em que o tumor se encontra e do caso de cada paciente, que vai ser avaliado e orientado pelo médico. Em estágios iniciais a taxa de sobrevida é de 90%, em estágios localmente avançados a taxa é de 67% do câncer de colo de útero, e para o câncer de endométrio a taxa de sobrevida é em torno de 96% em estágios iniciais e de 70% quando localmente avançado”, explica.

“Em estágios iniciais é realizada a retirada cirúrgica do corpo e colo uterino (histerectomia). Em alguns casos selecionados para pacientes que desejam preservar a fertilidade é possível a retirada cirúrgica do colo uterino (traquelectomia) para câncer de colo e a retirada cirúrgica da camada interna do corpo útero através de Histeroscopia, quando o tumor de endométrio está superficial ou restrito a um pólipo e assim consequentemente preservação da fertilidade feminina.

Após o tratamento cirúrgico, o resultado anátomo patológico que irá predizer a necessidade ou não de complementação do tratamento com radioterapia e/ou quimioterapia caso haja comprometimento de alguma outra estrutura como linfonodos ou vagina”, diz dra Vivian.

Com Assessorias

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

You may like

In the news
Leia Mais
× Fale com o ViDA!