Entenda como o bruxismo pode prejudicar o sono e a saúde bucal

Hábito de apertar e ranger os dentes pode deixar sequelas na saúde bucal. Estudo mostra relação entre estresse e aumento de casos de bruxismo

selective focus of upset patient touching face while having toothache near dentist
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Os longos meses em quarentena, somados ao home office, cuidar da família e a incerteza do futuro desencadearam diversos problemas na população. O mais comum e letal deles é o estresse, que associado a ansiedade são responsáveis por causarem problemas como, dores de cabeça, insônia, depressão e até mesmo bruxismo. Esta última teve um aumento considerável durante a pandemia. O estresse relacionado à pandemia de covid-19 gerou aumento de problemas relacionados ao bruxismo.

É o que aponta uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sobre o impacto da pandemia no estresse, sono e saúde bucal em estudantes universitários. Segundo o levantamento, 30% dos entrevistados se consideram muito estressados desde a chegada do coronavírus. Além do bruxismo, outra sequela desse período para a saúde bucal foi a alteração de paladar de pessoas que foram contaminadas, e que agora precisam buscar tratamento.

O estudo da UFRJ analisou a ocorrência de alterações orofaciais, ou seja, mudanças associadas à pele, aos dentes, às glândulas, aos ossos e músculos localizados na boca, pescoço, cabeça e face. Pelo resultado, na pandemia, houve um aumento estatisticamente significativo no apertamento dentário diurno, que faz com que o paciente passe a ranger os dentes ou a apertá-los. De acordo com a pesquisa, essa doença pode trazer consequências como lesão periodontal, distúrbios da articulação temporomandibular (DTM), dor muscular, lesões orofaciais e desgastes dentários.

Outro estudo em andamento da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) mostrou que a incidência de casos de bruxismo saltou após o isolamento social, de 8% para 31%. Até o fim de setembro, 70,9% dos pacientes eram mulheres e 29,1% homens. O estudo ainda está em andamento.  Constatação semelhante havia aparecido em outro estudo, internacional, realizado pelo Journal of Clinical Medicine, com mais de 1.700 pessoas, em Israel e Polônia.

Segundo o dentista João Piscinini, especialista em saúde coletiva da Neodent, a contração muscular pode ter relação com o comportamento de defesa do organismo a ações estressantes. “Ansiedade e estresse são alguns dos possíveis fatores do bruxismo. A pessoa acaba, inconscientemente, contraindo mais os músculos, tensionando a articulação da mandíbula em um momento em que ela deveria estar em repouso”, explica.

Doença pode levar a perda de dentes

O bruxismo é uma desordem caracterizada pelo ranger  os dentes durante o dia e principalmente durante o sono, provocando desgaste, amolecimento e dores de cabeça, ouvido e na face. Nos casos mais graves podem ocorrer também problemas ósseos, na gengiva e na articulação da mandíbula e a ATM (Articulação Têmporo-Mandibular).

A doença leva a um desgaste do esmalte e da dentina, duas das três camadas do dente. Este processo, além de provocar dor e desconforto no paciente, causa problemas na dimensão vertical da boca, que é a distância entre os maxilares superior e inferior.  Uma das formas de prevenir esse problema é lembrar sempre de manter os dentes de cima um pouco afastados dos de baixo e com lábios entreabertos, em repouso, quando não se está usando a mandíbula para comer, ou falar, por exemplo.

Se não for tratada na fase inicial, pode resultar no desgaste total dos dentes, levando a tratamentos  que superam o valor de R$ 30 mil. “De cada dez pacientes que chegam ao consultório, oito apresentam algum grau de bruxismo e precisam de correções imediatas”, comenta Felipe Prandini, ortodontista e diretor clínico da Dentz.

“O tratamento consiste em colocar uma placa miorrelaxante, que é um tratamento paliativo para identificar se é um problema habitual ou patológico”, explica Prandini. “No caso da segunda opção, orientamos o paciente a procurar um psicólogo para entender a origem e os gatilhos que estão levando o paciente a ranger os dentes”.

Tratamentos para Bruxismo

“As opções de tratamento também vão depender de exames e hoje contamos com equipamentos ultra modernos, permitindo, inclusive,  que por meio de câmeras intra oral, o paciente veja os danos provocados nos dentes no momento da consulta”, completa Prandini.

Identificar o Bruxismo na fase inicial é importante para evitar que não haja um grande desgaste no esmalte do dente e também para entender se é uma desordem habitual ou patológica. Mas caso o problema esteja avançado, além de usar a placa, o dentista precisa verificar a gravidade da estrutura dentária e principalmente a parte pulpar(nervo do dente). Nesta etapa o paciente colocará uma coroa, que é um molde sobre o dente original do paciente, com o objetivo de recuperar a forma e tamanho.

De acordo com Prandini, os casos graves ocorrem em menor quantidade, mas quando o paciente chega nesta fase, a única opção é refazer a estrutura do dente com uma reabilitação oral completa.

“Felizmente, a tecnologia ajuda muito nesses casos. Hoje as próteses são digitais, criadas em impressoras 3D e geram uma cópia 100% idêntica de cada boca”, explica. “A desvantagem deste método é o preço, já que cada prótese de porcelana custa R$1,5 mil e na boca temos 28 dentes (sem os dentes do sisos), por isso, quanto antes buscar o tratamento, melhor”.

Há disponível outras opções de tratamento para Bruxismo no mercado, como a toxina botulínica, que é aplicada nos músculos da mastigação, relaxando e reduzindo a pressão e contração muscular.

“A toxina botulínica, popularmente chamada de Botox, também ajuda a evitar as dores na região orofacial, fraturas dentárias causadas pelo atrito dos mesmos. Além disso, tem o benefício de ser um procedimento rápido, indolor e disponível para qualquer paciente adulto, sendo feito no próprio consultório, por um cirurgião-dentista”, finaliza o especialista.

Paladar alterado

Outra alteração bem característica da covid-19 é a perda ou mudança de paladar. Normalmente, esse sentido retorna em dias ou semanas, entretanto, alguns pacientes relatam que essa situação persiste mesmo após a recuperação, como uma sequela da doença. O dentista João Piscinini explica que a falta do paladar interfere na alimentação. “Muitos pacientes sentem um sabor mais amargo na boca, ou diminuição do gosto de alguns tipos específicos de alimentos”, destaca.

O especialista alerta para a importância de se procurar ajuda de um profissional em casos de perda de paladar prolongada. “Muitas pessoas adiaram a ida ao dentista por conta da pandemia. Mas agora é o momento de fazer uma avaliação para conferir se não há algum problema ocorrido nesse período por conta do estresse ou por sequelas deixadas pela covid-19”, orienta.

Com Assessorias

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