Check up urológico: rotina de saúde íntima é fundamental para os homens

Ator Mateus Carrieri faz check-up urológico completo. Cafu, ex-capitão da Seleção, dá conselhos a homens na campanha Trato Feito com a Saúde

Aos 54 anos, o ator e educador físico, Mateus Carrieri, procurou um urologista para fazer um check up completo (Foto: Divulgação)
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Rotina ainda não comum no  universo masculino, cuidar da saúde íntima para identificar com antecedência qualquer alteração é essencial na prevenção de doenças, como, por exemplo, o câncer de próstata. Adepto desse pensamento, o ator e educador físico Mateus Carrieri, de 54 anos, decidiu procurar o urologista Danilo Galante para fazer um check-up urológico completo.

No fim de 2020,  ao aceitar o convite para participar do reality show ‘A Fazenda’, Mateus ganhou notoriedade de um público que ainda não o conhecia por trabalhos na TV. Com a visibilidade, saltou de 15 mil para 2 milhões de seguidores no Instagram, em um intervalo de apenas quatro meses. Cheio de energia, ele destaca a importância da rotina de exercícios, alimentação balanceada e, principalmente, manter os check-up de saúde em dia.

O melhor tratamento para a maioria das doenças é, sem dúvida, a prevenção. Estar atento aos sinais que o corpo emite e manter um contato regular com o seu médico é importante para manter a saúde em dia”, reforça Dr. Danilo Galante. 

Mateus Carrieri em consulta com o médico urologista Danilo Galante (Foto: Divulgação)

Campanha Trato Feito é renovada

Mas não é todo homem que passa dos 50 anos que toma a mesma atitude de Mateus. Dados mostram que mais de 30% dos homens não vai ao médico pelo menos uma vez ao ano. Para ajudar a mudar essa realidade, a campanha ‘Trato Feito com a Saúde’, com o propósito de destacar a necessidade do protagonismo nos cuidados com a própria saúde, foi renovada, marcando o ‘Dia do Homem’ (15/7), data que busca chamar a atenção da sociedade para os cuidados com a saúde masculina.

Promovida pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e Astellas Farma Brasil, a iniciativa quer conscientizar o público sobre doenças e condições relacionadas ao sexo masculino, como o câncer de próstata e os sintomas urinários. Outro objetivo é desmistificar tabus sobre exames de prevenção, que são responsáveis por diagnosticar doenças em estágios iniciais, entre elas o câncer de próstata, quando há maiores chances de recuperação e cura.

Ídolo de milhões de brasileiros, o ex-jogador e capitão Cafu vestiu a camisa da campanha Trato Feito e mostra ao público masculino a importância de visitar o médico e desmistificar tabus. Para Cafu, conhecimento é a chave que leva aos cuidados com a saúde. “As campanhas de conscientização são essenciais para que os homens possam viver mais e com mais qualidade de vida”, afirma.

“Precisamos falar sobre a rotina de acompanhamento médico, isso é algo que deveria ser discutido frequentemente. Assim como eu aprendi com a ‘Trato Feito’, muitos homens também podem aprender, principalmente sobre a importância de visitar o urologista ao menos uma vez ao ano, de fazer os exames de rastreamento e na identificação de sintomas. Meu conselho aos homens é para quebrarem os paradigmas e preconceitos, não podemos ter vergonha de fazer nossos exames preventivos. Saúde é vida, por isso não podemos deixar de procurar um médico, precisamos nos cuidar”.

Pesquisa mostra que mais de um terço dos homens não vai ao médico

Os dados sobre o cuidado do homem com a própria saúde são alarmantes. De acordo com pesquisa ‘Um Novo Olhar Para a Saúde do Homem’, realizada pelo Instituto Lado a Lado, em parceria da revista Veja Saúde e com o apoio da Astellas, que entrevistou mais de 2 mil homens de todas as regiões do Brasil sobre os seus hábitos e cuidados rotineiros, mais de um terço deles relataram não ir ao médico pelo menos uma vez ao ano.

Além disso, 37% dos homens até 39 anos e 20% daqueles acima dos 40 só visitam o médico caso sintam algum tipo de mal-estar. Os índices são ainda mais altos nas regiões Norte e Nordeste. Para completar, mesmo que 37% dos entrevistados enxerguem o urologista como o médico do homem, 59% deles não costumam visitar esse profissional.

No cenário do câncer de próstata, os resultados da pesquisa são similares. Embora 25% dos entrevistados afirmem ter um familiar próximo já diagnosticado, 36% dos participantes com 50 anos ou mais afirmam não visitar o urologista. Desses, 10% nunca realizaram o exame de PSA (exame de sangue necessário para a avaliação diagnóstica da doença) e 35% nunca passaram pelo exame de toque retal.

A pesquisa corrobora com as informações levantadas pelo Ministério da Saúde. Os dados mostram que quase 37% dos homens até 39 anos, e 20% daqueles acima dos 40, admitem visitar um profissional apenas quando se sentem mal. Além disso, apesar de 37% dos entrevistados enxergarem o urologista como o médico do homem, 59% deles não costumam visitar esse profissional.

Homens são mais vulneráveis a doenças

De acordo com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, definida pelo Ministério da Saúde em 2008, diversos estudos comparativos entre homens e mulheres têm comprovado o fato de que os homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo às graves e crônicas. Isso porque os homens não buscam com frequência os serviços de atenção básica à saúde, principalmente por conta de estereótipos de gênero.

Enraizadas há séculos em nossa cultura, essas ideias potencializam a visão de que o cuidado com a saúde pode ser visto como um sinal de fragilidade. Segundo o mesmo documento, a resistência masculina aumenta não somente a sobrecarga financeira da sociedade, mas também o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família.

Sobre os preconceitos e tabus que rondam os pacientes do sexo masculino, Antonio Carlos Pompeu, presidente da SBU, faz o alerta para a importância da informação. “Infelizmente, na nossa cultura, os homens são mais resistentes na busca de cuidados com a saúde de modo preventivo por se acharem fortes. Acreditam na premissa de que se não há sintomas, não há doença. No entanto, o câncer de próstata tem alto índice de cura se diagnosticado em fase inicial quando realmente não se tem sintomas. Some-se a isso ao preconceito com o exame de toque retal, que vem caindo, mas ainda existe”, comenta.

Condições urológicas que atingem os homens

De acordo com o diretor médico da Astellas, Roberto Soler, PhD pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pós-doutor em Medicina Regenerativa e Urofarmacologia pela Wake Forest University, os dados demonstram a falta de conhecimento da população. “Infelizmente, há pouca informação acessível e que seja de fácil entendimento para o público. A própria Política de Atenção Integral à Saúde do Homem, apesar de ainda ser útil, possui conteúdo desatualizado, Os homens precisam de muito apoio e incentivo para que não deixem os cuidados com a saúde em segundo plano.

Atualmente, no Brasil, o câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. Além de ser, na maioria das vezes, assintomático, não conseguimos preveni-lo. Por isso, precisamos ficar atentos aos principais fatores de risco, que são: a idade avançada (acima dos 50 anos), histórico familiar e ascendência africana”, completa.

Entre as condições urológicas que podem acometer os homens, especialmente após os 50 anos de idade, estão o câncer de próstata e os sintomas do trato urinário inferior. É importante ressaltar que o câncer de próstata quando diagnosticado precocemente tem mais de 90% de chances de cura.

Já os sintomas do trato urinário inferior, apesar de geralmente serem relacionados a uma condição benigna da próstata ou da bexiga, afetam consideravelmente a qualidade de vida dos pacientes, pois podem levar à necessidade frequente de urinar, à dificuldade de esvaziar completamente a bexiga e até à incontinência urinária (perda de urina), dificultando ou impossibilitando atividades diárias. No entanto, há tratamento simples, com poucos efeitos colaterais, disponíveis para o cuidado com a condição¹.

O câncer de próstata infelizmente não possui métodos de prevenção, já que ele se desenvolve devido a fatores genéticos e, principalmente, pelo envelhecimento. No entanto, é possível obter o diagnóstico precoce por meio de exames de rotina, como o PSA, que é realizado com uma coleta simples de sangue e com o toque retal, que podem indicar a necessidade de biópsia de próstata para a confirmação diagnóstica.

É indicado que os homens realizem os exames preventivos a partir dos 50 anos, no entanto, para aqueles com histórico familiar da doença e homens negros, que possuem incidência de duas a três vezes maior que o restante da população masculina, aconselha-se procurar um médico urologista a partir dos 45 anos ³. Importante mencionar que o câncer de próstata não apresenta sintomas em sua fase inicial, por isso o rastreamento é tão necessário.

Mitos e tabus em torno do tratamento

É fundamental, também, que os tabus que ainda existem em torno da doença e, principalmente, do exame de toque, sejam desmistificados. Segundo a pesquisa, 35% dos entrevistados nunca realizaram o toque retal. “O exame é muito simples e rápido, mas infelizmente há muito preconceito entre os homens, que ainda relacionam o toque com a perda da masculinidade ou da virilidade. Entretanto, este é um dos exames mais comuns e que possibilita ao médico sentir uma parte da próstata e notar se há alguma alteração no órgão que necessite de uma maior investigação”, esclarece Dr. Soler.

Além dos mitos envolvendo os exames preventivos, o Manual de Atenção Integral à Saúde do Homem também aponta que há ainda uma resistência com relação a tratamentos crônicos ou de longa duração, que acabam contando com menor adesão por parte dos homens.

Este é o caso, por exemplo, de homens que possuem câncer de próstata em estágio avançado. A terapia acaba exigindo um grande empenho do paciente e, normalmente, impacta na mudança de hábitos de vida e comportamentais. Portanto, não é raro que homens abandonem os cuidados com a saúde, mesmo no caso do câncer de próstata.

“Antigamente, as tecnologias disponíveis eram mais agressivas. Hoje, há muita inovação no mercado, tratamentos mais modernos e tecnológicos, como a quimioterapia oral, que pode ser realizada em casa, proporcionando mais conforto e melhor qualidade de vida ao paciente e à sua família”, comenta o diretor médico da Astellas.

Outro ponto crucial a ser discutido atualmente é a adaptação da área da saúde para o atendimento e tratamento do câncer de próstata em todos os tipos de pessoas, incluindo a comunidade LGBTQIA+. Devemos levar em conta a pluralidade, incluindo homens cisgênero homossexuais e mulheres trans. “Apesar do tratamento ser o mesmo para todos, o acolhimento dos médicos e da equipe durante consultas, exames e procedimentos é essencial para que essas pessoas se sintam à vontade para cuidar da própria saúde, sem medo de sofrer preconceito”, conclui Dr. Soler.

Para mais informações sobre a campanha ‘Trato Feito’ acesse o site

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