Isolados 2: idosos em asilos não podem receber visitas

Principais vítimas do novo coronavírus, pessoas acima de 60 anos devem evitar contato físico. Estado do Rio determina uma série de medidas sanitárias

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Neste sábado (21/3), faz seis anos que Maria do Amparo foi parar no Abrigo do Cristo Redentor. A ex-empregada doméstica ficou sozinha, sem condições se cuidar, após a morte da filha. Aos 100 anos, Dona Maria é a mais idosa da instituição, que funciona há 84 anos no bairro de Higienópolis, na zona norte do Rio. Ali estão mais 218 idosos, com idade média de 77 anos, em situação de extrema vulnerabilidade social. Muitos foram abandonados, sofreram maus tratos ou tiveram outros direitos violados. Todos foram encaminhados para acolhimento no local pelo Ministério Público.

A pandemia do coronavírus mudou a rotina dos idosos em todo o mundo. Segundo os médicos, estas são as maiores vítimas e que merecem maiores cuidados e proteção e, a melhor alternativa, infelizmente, é evitar o contato com o maior número de pessoas. No Abrigo do Cristo Redentor, não foi diferente. As visitas foram suspensas, tanto para familiares, quanto para voluntários, e até mesmo para os mais de 100 estagiários de cuidadores que visitavam a instituição toda semana.

A medida faz parte de um pacote para garantir a proteção de idosos acolhidos em Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPIs), públicas ou privadas, existentes no Estado do Rio de Janeiro. Estes abrigos e asilos devem seguir rigorosos cuidados sanitários para minimizar o risco da disseminação do novo coronavírus, incluindo o reforço na vacinação de funcionários e residentes. Todos os procedimentos estão previstos na Resolução nº 2002, da Secretaria de Estado de Saúde (SES), publicada na terça-feira (17/3), em Diário Oficial.

Única instituição do Estado para idosos em situação de vulnerabilidade, o Abrigo do Cristo Redentor é administrado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SEDSODH), por meio de convênio. Além de cumprir as normas da SES na instituição, a SEDSODH também fará ampla divulgação das novas medidas junto às Secretarias Municipais de Assistência Social que administram abrigos públicos nos municípios fluminenses.

Sabemos que os idosos são os mais vulneráveis para infecção pelo Covid-2019. Portanto, temos que cuidar e proteger aqueles que estão sob a nossa guarda, para que não venham a sofrer com essa pandemia. Nosso objetivo é não somente garantir que os direitos humanos desses idosos sejam preservados, mas que vidas sejam poupadas”, disse a secretária Fernanda Titonel. 

Acesso ao mundo digital pode atenuar isolamento

Não são apenas abrigos públicos que precisam isolar seus idosos. Vários asilos cancelaram a visitação dos parentes. Esta semana, as três casas do Grupo DG Sênior da região do Grande ABC tiveram as visitas de familiares suspensas por tempo indeterminado. Esta medida foi necessária para proteger todos os residentes da possível contaminação pelo novo coronavírus.

“Estamos fazendo um trabalho de conscientização das famílias desde o início, mas esta semana intensificamos todos os cuidados para preservar nossos residentes”, comenta Marcella dos Santos, enfermeira chefe do Grupo DG Sênior. “Nesse momento as visitas foram suspensas e todos os nossos funcionários passam por triagem com medição de temperatura e verificação dos sintomas para afastamento ao primeiro sinal de contaminação”, reforça.

A solução encontrada para não deixar a sensação de isolamento social são celular e computador disponíveis para todos que quiserem navegar ou entrar em contato com as famílias. “Além disso, mantemos todos os reforços que já haviam sido implantados na limpeza das casas e na higienização de mãos e aparelhos de uso comum”, afirma Marcella.

Estatuto do Idoso

“Muitos idosos que vivem sozinhos deixarão de receber visitas em suas casas, ficando cada vez mais isolados. Este isolamento pode trazer sentimento de abandono, desamparo e solidão, o que contraria as normas do Estatuto do Idoso. Essa será uma triste realidade para quem está na terceira idade”, destaca Debora Ghelman, advogada especialista em Direito Humanizado nas áreas de Família e Sucessões.

Uma forma de reduzir esse sentimento está nas mãos de pessoas solidárias que utilizam a criatividade para o bem estar do próximo. Um exemplo é o projeto criado por duas mulheres como trabalho voluntário, o qual pode ser encontrado no site saudeeenvelhecimento.com.br/anjo, incentivando as pessoas a serem o “anjos da guarda” de idosos.

Essa ideia funcionará da seguinte forma: o whatsaap será utilizado para se comunicar com um idoso conhecido que mora sozinho, a fim de apoiá-lo, procurando saber como ele está e como passou o dia. “Excelente ideia, contudo, a maioria dos idosos ainda sofre com a dificuldade lidar com a tecnologia”, destaca a especialista em Direito da Família.

Por que os idosos são mais vulneráveis?

A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) destaca a importância dos cuidados com a saúde do idoso relacionados ao coronavírus, cujos agentes infecciosos provocam sintomas similares a outras doenças, como o influenza, comuns na população idosa.

Segundo a presidente da Comissão de Imunização da SBGG, Maisa Kairalla, pesquisas têm demonstrado maior vulnerabilidade entre idosos quanto à incidência da nova epidemia. “Existe a imunosenescência, que é o envelhecimento natural do organismo e pode deixar a pessoa idosa mais suscetível a infecções em geral”.

A especialista explica que pessoas com comorbidades são as que sofrem mais, por exemplo, diabéticos, doentes cardíacos e pulmonares. “Com o coronavírus, é preciso uma atenção maior de pessoas cujo pulmão está mais debilitado, por exemplo”, complementa ela, referindo-se ao fato de o coronavírus causar complicações pulmonares.

A médica geriatra orienta que os idosos cuidem bem da saúde, mantenham-se hidratados, higienizem as mãos com frequência e evitem o contato com pessoas vindas de áreas com casos confirmados da doença. “Além disso, é fundamental estar em dia com o calendário de vacinação, para se proteger de múltiplas infecções”, conclui.

Veja o posicionamento da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) sobre COVID-19 e idosos:  https://bit.ly/2UeBpK9

Veja outras informações nos boletins da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), parceira da SBGG: https://bit.ly/33piX5n

Campanha para ajudar asilos da Bahia

A confirmação do 9º caso de coronavírus na Bahia neste último domingo (15), retomou o debate de medidas preventivas para evitar o alastramento da doença. Em ação solidária aos idosos, público de risco da COVID-19, a Agência CRIATIVOS mapeou asilos da capital baiana divulga itens que se encontram em carência para estoque.

Contabilizados pela agência de comunicação, a procura desses espaços por luvas, álcool, álcool em gel, vitamina C, remédios para gripe e máscaras se mostraram como principais necessidades.

A preocupação é decorrente do estudo realizado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, indicando que pacientes em torno de 70 a 79 anos possuem taxa de letalidade de 8%, balanço entre número de mortos e doentes, enquanto idosos acima de 80 anos variam em torno de 15%.

Mobilizando população, empresas e meios de comunicação, a CRIATIVOS atentapara as necessidades do público de risco, reunindo instituições que precisam de ajuda solidária.

Para participar, a agência convida a todos para doações diretamente nos abrigos e asilos já contatados, uma vez que no momento há dificuldades para identificar locais para coleta. A intenção é garantir o bem-estar e a saúde de todos, com atenção especial para idosos e pessoas com idade avançada.

Para informações e outras formas de apoiar, a criativos disponibiliza os canais de comunicação: e-mail rodrigo@criativospr.com.br e o Instagram @criativos.pr.

Com Assessorias

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