Janeiro Verde: câncer de colo de útero tem prevenção, tratamento e cura

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Os meses de setembro a dezembro são marcados por campanhas de conscientização sobre uma série de doenças, como o câncer de mama, de próstata e de pele. Mas o que poucos sabem é que outros meses do ano também possuem suas próprias campanhas. Janeiro, por exemplo, é o mês de conscientização sobre o câncer de colo de útero, sendo simbolizado pela cor verde.

A campanha “Janeiro Verde-Piscina” se dedica à conscientização sobre o câncer de colo de útero, doença que mata mais de 300 mil mulheres por ano no mundo e que, no Brasil, atinge mais de 16 mil mulheres no período, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). 

Segundo Lucas Sant’Ana, médico oncologista do OncoCenter Dona Helena, trata-se do terceiro tipo de câncer mais prevalente entre a população feminina, acometendo, principalmente, mulheres com menos de 50 anos. Excetuando-se o câncer de pele não melanoma, esse tumor maligno está atrás apenas do câncer de mama e do colorretal nesta mesma estatística. Também é a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. 

Uma das mulheres atingidas e que trouxe à tona o tema foi a apresentadora Fátima Bernardes, de 58 anos, da TV Globo, que descobriu a doença em estágio inicial e conseguiu tratá-la por meio de intervenção cirúrgica. Alterações deste tipo são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou ou Papanicolau), e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica deste exame, uma vez que a detecção precoce aumenta as chances de cura.

Quarta maior causa de morte por câncer entre as brasileiras

Apesar de ser facilmente prevenido, o câncer de colo de útero é a quarta maior causa de morte de mulheres por câncer no Brasil, o que mostra a desinformação das mulheres sobre a doença bem como a falta de políticas e campanhas de conscientização sobre esse tipo de câncer”, explica Eloisa Pinho, ginecologista e obstetra da Clínica GRU.

Segundo a especialista, o câncer de colo de útero é um tumor maligno que afeta a parte inferior do útero, surgindo devido a infecção frequente por alguns tipos do Papilomavírus Humano, conhecido popularmente como HPV, na sigla em inglês.

Mais comum em mulheres, mas também podendo afetar homens, o HPV é um vírus contagioso geralmente transmitido por meio de relações sexuais. Apesar de ser muito frequente, a infecção pelo HPV é geralmente combatida pelo sistema imunológico e não evolui para doenças mais graves, mas, dependendo do tipo do vírus, a infecção pode causar alterações celulares que evoluem para um quadro de câncer”, alerta.

Segundo o oncologista, o vírus HPV é o principal fator associado ao aparecimento do câncer de colo uterino. “A transmissão se dá pela via sexual, o que explica por que a maioria dos casos ocorre durante a vida sexual ativa. Pelo mesmo motivo, pacientes com número elevado de parceiros sexuais têm maior probabilidade de adquirir o vírus e desenvolver o câncer de colo de útero”, alerta o profissional.

Além da infecção pelo HPV, outros fatores como atividade sexual precoce, histórico de verrugas genitais, tabagismo e presença de doenças imunossupressoras, HIV positivo e uso prolongado de pílulas anticoncepcionais também podem estar associados.  também podem influenciar no surgimento do câncer de colo de útero.

Importância dos exames preventivos e da vacina do HPV

O câncer do colo do útero é uma doença de desenvolvimento lento, que pode não apresentar sintomas em fase inicial. Quando se desenvolve, os principais sintomas relacionados ao câncer de colo de útero são sangramento vaginal, principalmente durante as relações sexuais, sensação de peso e dor na região da bacia, dor pélvica, sintomas urinários e retais, e secreção vaginal de odor desagradável.

A extensão da doença no útero pode levar, de acordo com Sant’Ana, a complicações como dor, infecções e infertilidade. Outros órgãos, adjacentes ou não ao colo do útero, podem ser atingidos.  Logo, a melhor estratégia para prevenir o câncer de colo de útero é através da identificação e tratamento precoce da infecção causada pelo HPV.

Por isso, é fundamental a realização do exame de Papanicolau e o acompanhamento ginecológico, afinal, os sintomas de HPV, que consistem principalmente no surgimento de pequenas verrugas na região íntima, podem demorar muito tempo para se manifestar”, afirma a ginecologista.

Além da realização frequente de exames, é fundamental adotar cuidados para prevenir o HPV em si, como sempre utilizar preservativos durante relações sexuais.

Existe também uma vacina capaz de combater a infecção pelo HPV, prevenindo, consequentemente, o surgimento do câncer de colo de útero. Disponível pelo Sistema Único de Saúde, a vacina, que é administrada em duas doses com um intervalo semestral entre elas, é indicada para meninas e meninos que possuem entre 9 e 14 anos. No entanto, vale ressaltar que a vacina disponível atualmente é capaz de proteger apenas contra os 4 tipos de vírus HPV mais comuns no Brasil. Logo, a realização de exames é indispensável até mesmo para quem tomou a vacina, visto que existem mais de 100 tipos de HPV”, ressalta a médica.

Os principais métodos de prevenção são o uso de preservativo sexual, a realização periódica do exame ginecológico Papanicolaou e a vacinação. “Existem duas vacinas disponíveis para combater o HPV. O ideal é que meninas sejam vacinadas antes do início da vida sexual”, detalha. “A limitação dessas vacinas é que elas não previnem todas as infecções pelo HPV, assim como nem todos os cânceres do colo uterino são associados à infecção por esses vírus”, ressalta o médico. Por isso, o exame do Papanicolaou, voltado para rastrear alterações nas células do colo do útero, é recomendável mesmo em mulheres vacinadas.

“O Papanicolaou é uma das maiores armas da medicina para identificar esse tipo de enfermidade, inclusive infecções pelo HPV, que podem ser tratadas antes que se transformem em câncer”, enfatiza o oncologista. Em algumas ocasiões, segundo ele, o exame poderá ser complementado com a colposcopia, procedimento que possibilita melhor visualização dos tecidos da vagina e do colo. A recomendação é que as mulheres devem fazer o exame três anos após a primeira relação sexual e anualmente a partir de então. Mulheres que não tiveram relação sexual até os 18 anos devem fazer o Papanicolaou, anualmente, a partir dos 21 anos. 

Sintomas, diagnóstico e tratamento

Mas, mesmo com realização de exames e a adoção de cuidados preventivos, é sempre importante ficar atenta aos sintomas do câncer colo de útero, que incluem corrimento vaginal com odor desagradável, ciclo menstrual desregulado, sangramento após o sexo, dores fortes na região lombar e pélvica, anemia e alterações na urina. Ao notar qualquer um desses sinais, é fundamental consultar um médico especializado, que poderá realizar uma avaliação para diagnosticar o problema corretamente.

A partir do momento em que o câncer de colo de útero é identificado, o tratamento pode incluir radioterapia, quimioterapia, braquiterapia (também conhecida como radioterapia interna) e a histerectomia (remoção do útero). Mas a escolha do tratamento dependerá da gravidade da doença e características pessoais do paciente. Por isso, a consulta com um ginecologista é indispensável”, finaliza a Dra Eloisa Pinho.

O tratamento do câncer de colo de útero depende do estágio no qual a doença se encontra, por isso a importância de ações preventivas para o diagnóstico precoce. Para estágios iniciais, a cirurgia costuma ser curativa. Nos mais avançados, pode haver necessidade de radioterapia e/ou quimioterapia. “O diagnóstico precoce de lesões pré-malignas pode diminuir a possibilidade de que o câncer apareça, já que é possível tratá-las em fase mais inicial”, explica o especialista. 

Com Assessorias

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