Junho Preto: alerta para o melanoma, o câncer de pele mais agressivo

Esse tipo de câncer de pele mata seis pessoas por hora em todo o mundo e apresenta alto risco de propagação para outros órgãos, a chamada metástase. Saiba como identificar os sinais e tratar precocemente

melanoma Sinais na pele devem ser investigados por especialista (Foto: Reprodução de Internet)
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No Brasil, o câncer já é a segunda causa de morte por doenças, atrás apenas das enfermidades do aparelho circulatório. O câncer de pele é o mais incidente na população, correspondendo a 30% dos casos registrados, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca) – estima-se 165.580 novos casos da doença só em 2018. Entre os três tipos da doença (carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular e melanoma), o melanoma, que corresponde a 5% dos cânceres de pele, é o menos frequente, porém o mais agressivo de todos, apresentando alta taxa de mortalidade.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 55 mil pessoas morram por melanoma todos os anos, o que representa seis mortes por hora. O melanoma se destaca como o mais perigoso representando 3% dos casos de tumores malignos, com alto nível de mortalidade e metástase, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).  Segundo o Inca, o número de novos casos de melanoma vem aumentado e, anualmente, são registrados 6.260 novos casos da doença e 1.547 óbitos.

Quase sempre tratável quando diagnosticada no início, a doença é de difícil tratamento em casos avançados. Por isso este mês, denominado Junho Preto, foi escolhido para conscientizar a população sobre o melanoma e também fazer um alerta sobre a importância do diagnóstico precoce. O dermatologista Elimar Gomes aponta que a prevenção e a detecção precoce são as maiores aliadas contra a doença, por isso é importante estar atento a qualquer alteração na pele.

É importante que o melanoma seja identificado o quanto antes. Quando iniciado cedo, o tratamento tem melhores resultados e maior chance de manter a doença controlada. Se detectado no estágio inicial, as chances de cura podem ser superiores a 90%”, aponta o médico.

Como identificar a doença em estágio inicial

O diagnóstico do câncer de pele melanoma começa após a identificação de uma pinta suspeita na pele que, na maioria das vezes, é retirada por meio de uma pequena cirurgia (biópsia) e confirmado pelo exame anatomopatológico. Caso seja necessário, exames de imagem como raio-X, tomografia e ressonância magnética podem ser solicitados para avaliar se a doença se instalou em outra parte do corpo.

O câncer melanoma pode afetar órgãos como cérebro, pulmões, ossos ou fígado, causando sérios danos à saúde. Cerca de 40% dos pacientes evoluem para metástase cerebral e estima-se que apenas 20% dos pacientes de estágio avançado sobrevivem por cinco anos. Nesses casos, são necessárias opções de tratamento para pacientes que apresentam essas progressões da doença.

Essa agressividade desafia pacientes, médicos e pesquisadores que têm buscado, cada vez mais, alternativas de tratar o câncer melanoma avançado. As recentes inovações na terapia da condição estão mudando o panorama do tratamento, que costuma ser feito por meio de cirurgia, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e, mais recentemente, a terapia-alvo.

Exposição solar é o principal fator de risco

O principal fator de risco é a exposição aos raios ultravioleta, em especial o UVB, que está associado à queimadura solar. Mas isso não quer dizer que os cuidados devem se concentrar no verão. As medidas de prevenção valem para o ano todo: evitar exposição excessiva ao sol no período de 10h às 16h, aplicar protetor solar diariamente e utilizar chapéu e óculos escuros para atividades ao ar livre.

O câncer de pele é mais comum a partir dos 50 anos e os homens são mais acometidos, como explica Daniela Amaral, oncologista clínica do Grupo CON – Oncologia, Hematologia e Centro de Infusão. “Quanto mais clara a pele, maior o risco, mas qualquer pessoa pode desenvolver a doença. Os nevos melanocíticos, popularmente chamadas de ‘pintas’ ou ‘sinais’ na pele, também são um fator de risco. Existe ainda uma pequena parcela da população que possui o risco relacionado a predisposição hereditária ou a doenças raras como xeroderma pigmentoso”, completa a médica.

Caso sejam observados esses sinais, é recomendável ir ao dermatologista, que fará uma avaliação da pele – a dermatoscopia – e, se necessário, uma biópsia da lesão suspeita. “A dermatoscopia também pode e deve ser realizada antes do aparecimento de sintomas, como forma de detecção precoce. A periodicidade em que esse exame deve ser realizado vai ser indicada pelo dermatologista, de acordo com o risco do paciente”, destaca a Dra. Daniela.

Quando diagnosticado no início, o tratamento é bem simples. “Pode ser realizada a retirada cirúrgica da lesão com margens de segurança suficientes. Já nos casos mais avançados, além da cirurgia, pode ser indicada radioterapia ou quimioterapia. Atualmente, também temos novos tratamentos para o melanoma metastático, como a imunoterapia, que mostrou resultados animadores e satisfatórios”, explica a oncologista.

PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO

Raios ultravioletas, naturais ou artificiais, podem levar à danificação do DNA e são responsáveis por até 90% dos casos de melanoma – especialmente na pele clara e com muitas pintas (ou nevos). A única maneira de prevenção do câncer melanoma é evitar a exposição a raios UV utilizando protetores solares e barreiras físicas como roupas apropriadas, chapéus e óculos escuros.

O médico que identifica a presença da doença é o dermatologista, por meio de um acompanhamento regular e reconhecimento de lesões suspeitas. Além de consultas anuais ao dermatologista, Dr. Elimar reforça atenção aos sinais do corpo. “Os primeiros sinais do câncer melanoma são pintas – no caso dessa doença, mais comuns nas pernas das mulheres e no tronco dos homens. É essencial saber diferenciar as inofensivas das suspeitas”.

Regra ABCDE

Os sintomas do melanoma estão relacionados ao aparecimento ou a alterações de “manchas” na pele conforme a regra internacional conhecida como ABCDE, onde cada letra corresponde a uma característica:

Assimetria:  uma metade do sinal é diferente da outra. “Trace uma linha imaginária no centro da pinta e avalie se os dois lados são iguais. Pintas assimétricas precisam ser investigadas”.

Bordas irregulares: contorno mal definido. “Pintas inofensivas geralmente têm bordas uniformes. Aquelas com bordas irregulares devem ser avaliadas.”

Cor variável: presença de várias cores em uma mesma lesão (preta, castanha, branca, avermelhada ou azul). Muitas vezes as pintas não têm uma coloração uniforme, e isso pode não ser um problema. Observe com mais atenção aquelas que mudam de cor ou que apresentam cores inusitadas como as brancas, cinzas, vermelhas ou azuis”.

Diâmetro: maior que 6 milímetros. “Todas a pintas com mais de 6 milímetros devem ser analisadas”.

Evolução:  mudanças observadas em suas características (tamanho, forma ou cor). “Todas as pintas já existentes precisam ser acompanhadas para avaliar possíveis mudanças de tamanho, forma ou cor. É recomendado que as pessoas com muitas pintas pelo corpo façam mapeamento com dermatoscopia digital”.

Terapia-alvo provoca menor dano a células saudáveis

O oncologista Rafael Schmerling reforça que os novos tratamentos representam uma revolução aos pacientes de melanoma, pois podem controlar a doença e oferecem melhora na qualidade de vida. Segundo elel, testes moleculares são fundamentais para definir o melhor tratamento em cada caso.

É importante identificar quais são as características que originam o tumor. Hoje sabemos que cerca de metade dos pacientes com melanoma apresenta mutação no gene BRAF e é elegível para tratamento com terapia-alvo, que ataca especificamente as células cancerígenas e provoca menor dano às células saudáveis”, reforça a especialista.

No último ano, os pacientes brasileiros receberam uma nova perspectiva no tratamento do melanoma com a entrada desse tipo de medicamento no rol de medicamentos cobertos pelos planos de saúde. “É fundamental que os pacientes conversem com seus médicos em profundidade para descobrir exatamente qual tipo de melanoma está lidando e, a partir disso, busquem informações sobre o melhor tratamento disponível”, finaliza Dr. Rafael Schmerling.

Medicina Nuclear tem exames que identificam metástases

Ainda pouco conhecida pelos brasileiros, a Medicina Nuclear analisa a anatomia dos órgãos e também seu funcionamento em tempo real, permitindo diagnósticos e tratamentos mais precoces e precisos. A prática atua na detecção de alterações das funções do organismo acometidos por cânceres, doenças do coração e problemas neurológicos, entre outros.

A Medicina Nuclear  conta com dois exames que identificam as metástases provocadas pelo melanoma antes das alterações anatômicas, ou seja, antes que elas estejam visíveis. É a Linfocintilografia com SPECT/CT (Cintilografia Tridimensional e Tomografia Computadorizada) e o PET/CT (Tomografia por Emissão de Pósitrons e Tomografia Computadorizada) para Melanoma.

Linfocintilografia com SPECT/CT

O SPECT/CT é a tecnologia de diagnóstico mais rápida, precisa e com menos radiação, que permite melhor localização anatômica dos achados de cintilografia, permitindo um procedimento mais preciso e menos invasivo. A Linfocintilografia é realizada com a injeção de um radiofármaco, para extrair o linfonodo sentinela, que, se estiver acometido pelas células cancerígenas, indica que existem outros gânglios comprometidos (micrometástase) e determina a retirada de todos os linfonodos presentes no local por meio de cirurgia. As imagens tomográficas do linfonodo sentinela são captadas pelo equipamento SPECT/CT , tecnologia de diagnóstico por imagem mais rápida, precisa e com menos radiação.

PET/CT para Melanoma

Este exame é capaz de realizar um mapeamento metabólico do corpo e captar imagens anatômicas de altíssima resolução, com reconstrução tridimensional, localizando com exatidão nódulos, lesões tumorais e inúmeras outras condições clínicas. Nele, injeta-se um análogo da glicose na veia do paciente, que se concentra nas lesões tumorais, localizando os focos de metástases. Uma análise do corpo inteiro é realizada com alta precisão graças ao equipamento PET/CT, tecnologia de diagnóstico por imagem mais sensível, que permite determinar o tratamento mais adequado.

De acordo com o médico nuclear e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, George Barberio Coura Filho – responsável clínico da Dimen SP (www.dimen.com.br), o PET scan não é útil para pacientes com melanoma em estágio inicial, mas pode ajudar a diagnosticar se a doença evoluiu para determinar qual o melhor tratamento para combater o câncer e garantir maior qualidade de vida ao paciente. “Esta tecnologia nos permite conhecer a localização exata do câncer e determinar sua extensão, o que possibilita escolher o tratamento correto para o tipo de lesão”, explica o especialista.

Novo medicamento para melanoma cutâneo

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma nova indicação para Tafinlar™ (dabrafenibe) em combinação com Mekinist® (trametinibe) para tratamento de melanoma cutâneo. O tratamento já era usado, desde dezembro de 2016, para pacientes com melanoma metastático ou não ressecável (não operável) com a mutação BRAF V600.

A nova indicação amplia a atuação do medicamento, agora também recomendado para pacientes com melanoma de alto risco (estágio III) sem metástase, com a mutação BRAF V600, após a cirurgia de ressecção completa (retirada do tumor). Pacientes com melanoma de alto grau (estágio III) apresentam alta chance de recorrência, mesmo após cirurgia de ressecção.  Em estudo clínico, pacientes tratados por 12 meses com Tafinlar™ em conjunto com Mekinist® apresentaram redução de risco relativo de recorrência ou morte em 53% quando comparado com placebo.

A nova indicação já foi aprovada nos Estados Unidos e está em avaliação nos órgãos da Europa, Canadá e Japão. Para Dérica Serra, gerente médica da Novartis, a aprovação reforça a importância da nova indicação. “Existem diferentes tipos de melanoma, e para cada um deles, um tratamento adequado. O melhor tratamento para cada caso, é dependente de um teste de mutação BRAF que identifica a mutação que origina o câncer. Essa nova indicação representa um avanço relevante como terapia para pacientes que apresentam esta mutação e doença ressecável, mas com  alto risco de recorrência”, explica.

Da Redação, com Assessorias

 

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