Mais da metade das mulheres não fazem o preventivo

Não há um consenso sobre exames anuais, o que se sabe é que a mulher precisa fazer pelo menos uma consulta ginecológica por ano

papanicolau Exame papanicolau deve ser feito uma vez por ano em mulheres com vida sexual ativa (Foto: Pixabay)
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Conhecidas por cuidar mais da própria saúde que os homens, as mulheres são maioria no Sistema Único de Saúde (SUS) e já representam mais da metade dos beneficiários de planos de saúde do país. Em março deste ano, levantamento feito pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) apontou que dos 47,4 milhões de beneficiários em planos de assistência médica, 25,3 milhões são mulheres, ou seja, 53,4% do total.

No entanto, por causa da jornada dupla de trabalho e da atenção centrada na saúde da família, muitas mulheres negligenciam a própria saúde, deixando de lado, por exemplo, exames periódicos preventivos. A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) apontou que mais das metades das mulheres (52%) no país não realizam o Papanicolau, exame capaz de detectar células anormais que podem dar origem ao câncer ginecológico.

O diagnóstico precoce pode salvar vidas, mas muitas mulheres ainda veem esse assunto como um tabu e por isso acabam não levando suas queixas para os consultórios”, explica Michelle Samora, oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO), unidade São Paulo do Grupo Oncoclínicas.

Ao menos uma consulta ginecólogica por ano

De acordo com a ginecologista da Aliança Instituto de Oncologia Juliana Dytz, não há um consenso sobre exames anuais, o que se sabe é que a mulher precisa fazer pelo menos uma consulta ginecológica por ano. Essa consulta compreende o exame físico, onde o médico vai avaliar as mamas e o abdômen.

O exame ginecológico obrigatório, que seria aquele da colpocitologia ou papanicolau, como é mais conhecido, é recomendado para todas as mulheres com vida sexual ativa, independentemente da idade. O médico pode solicitar outros exames, como ecografias (das mamas, abdômen, aparelho pélvico), mamografias, exames de sangue e ainda de tireoide”, destaca Juliana.

Consultas com ginecologista a partir dos 12 anos

Segundo a médica, não existe idade mínima para a mulher se preocupar. “Sabemos que a pediatra acolhe as meninas até os 12 anos, mas a partir daí, geralmente elas já começam a se consultar com ginecologistas para avaliar questões de menstruação, higiene ou mesmo para tirar dúvidas”, afirma.

Já aquelas em fase mais madura, acima dos 50 anos, sofrem com a menopausa, que aumenta o risco para doenças para doenças cardiovasculares, cânceres de mama, endométrio e ovário.

As doenças mais comuns de acordo com a faixa etária

Câncer de mama, endometriose, infecção urinária, câncer no colo do útero, fibromialgia, depressão e obesidade são as principais doenças que afetam as mulheres. Os problemas de saúde do público feminino variam também de acordo com a idade.

As adolescentes e mulheres jovens, por exemplo, sofrem mais com dismenorreias, que são as cólicas menstruais, ciclos irregulares, endometriose e a síndrome do ovário policístico.

Câncer é a doença mais temida

Juliana acrescenta que o problema mais temido de toda mulher atualmente é o câncer, por isso, é de fundamental importância que se faça exames de prevenção periodicamente e mantenha outros cuidados, com uma alimentação saudável e a prática de atividade física regular.

Toda mulher precisa cuidar da mente, da sexualidade, da área afetiva, fazer outros exames, cardiológicos e metabólicos, exemplo. E acima de tudo, ter consciência que de nada adianta ir ao médico e não se cuidar”, finaliza.

Atenção aos diferentes cânceres ginecológicos

De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), os cânceres ginecológicos são responsáveis por 19% dos diagnósticos de câncer no mundo a cada ano. Apesar da aumentada incidência, poucos conhecem – e previnem – esses tipos de tumores femininos ligados ao colo de útero, ovário, vagina, vulva e endométrio.

Para a especialista Juliana Omineli, do Centro de Excelência Oncológica, unidade no RJ do Grupo Oncoclínicas, a falta de conhecimento faz com que sinais iniciais da doença sejam ignorados, constribuindo para indentificação tardia do câncer em órgãos femininos.

Fique atenta aos sinais

Os sintomas do câncer de ovário são discretos e demoram a se manifestar. Por isso, na maioria dos casos, é diagnosticado tardiamente, quando a doença já se espalhou pelo aparelho reprodutor, dificultando o tratamento. Quando aparentes, pode ocorrer um aumento do volume abdominal, aumento na vontade de urinar, alterações no ciclo menstrual, dor durante a relação sexual, entre outros.

Muitos sintomas, quando aparentes, são parecidos com os desconfortos do dia a dia da mulher e, na maioria dos casos, são deixados de lado. Caso perceba qualquer alteração, é recomendado que a mulher procure um especialista” afirma a Dra. Michelle Samora.

Mioma e o anticoncepcional

Também ao contrário do que muitas mulheres imaginam, o mioma não é maligno e o uso de contraceptivos é benéfico à saúde do útero. “O mioma é um tumor benigno que pode surgir no útero e não aumenta o risco de câncer. Além disso, o uso de anticoncepcional diminui o risco deste tipo de câncer. Aliás, o que diminui o risco de câncer de endométrio são dieta e exercícios físicos, uso de anticoncepcional e amamentação”, destaca a Dra Juliana Omineli.

Hereditariedade

Apenas 10% dos tumores ovarianos são decorrentes da predisposição genética hereditára – causados por uma mutação em certos genes, herdada de pai ou mãe, que pode aumentar o risco de surgimento do tumor. “Em situações especiais, quando avó e mãe apresentaram tumores de ovário é possível realizar exames específicos de análise genética”, pontua Dra. Michelle. Caso seja comprovado a suspeita, é possível indicar medidas como a cirurgia preventiva de retirada dos ovários, mas, ainda assim, esta é uma decisão que deve ser tomada de forma conjunta por paciente e médico.

Vacina do HPV e preservativo

O HPV é o principal fator relacionado ao câncer do colo uterino, de vagina e de vulva. “Quando tomamos conhecimento do agente causador do câncer do colo de útero, os dados são alarmantes, pois 90% das mulheres acometidas com câncer de colo do útero têm o vírus HPV”, finaliza Dra. Michelle.

Tipos de câncer de útero

Muitas mulheres desconhecem que existem dois tipos de câncer que podem surgir no útero: o de endométrio (camada interna do útero) e o de colo de útero (porção mais inferior do útero). “Apesar de surgirem no mesmo órgão, são tumores totalmente diferentes. O câncer de colo de útero está muito relacionado à infecção por HPV, já o câncer de endométrio tem relação com hormônio feminino” explica a Dra. Juliana Ominelli. O diagnóstico preciso é feito através da biópsia.

Planos investem em programas de prevenção

Para a ANS, o comportamento das mulheres que negligenciam a própria saúde exige esforço das operadoras de planos e de profissionais de saúde no sentido de alertá-las para os riscos da ausência de cuidado. Atualmente, estão em curso nos planos de saúde 276 Programas de Promoção de Saúde e Prevenção de Doenças (Promoprev) específicos para a mulher. Eles abordam diferentes vertentes do cuidado em saúde do sexo feminino, atendendo cerca de 747 mil beneficiárias de planos de saúde.

Entre os temas dos programas, destacam-se: alimentação saudável, atenção ao pré-natal, parto e puerpério, câncer de colo de útero, câncer de mama, climatério, incentivo ao parto normal, planejamento familiar, sobrepeso e obesidade, consumo de álcool, distúrbio hormonal, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), osteopenia e osteoporose, tabagismo, violência contra a mulher, sexualidade e depressão pós-parto.

Evidências demonstram que os sistemas de saúde que estruturam seus modelos com base no cuidado coordenado em saúde e na atenção primária têm melhores resultados, com menor custo e melhorias na saúde da população”, defende a ANS.

Fonte: Centro Paulista de Oncologia (CPO), Aliança Instituto de Oncologia e ANS

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