Novembro Azul: fazer ou não fazer o PSA, eis a questão

Em meio à polêmica sobre exame de sangue mais comum para detectar câncer de próstata, sociedades médicas emitem nota de esclarecimento. Especialista ressalta importância de exame clínico para aumentar chances de cura

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Cercado por tabus  e pelo já conhecido machismo do brasileiro, o câncer de próstata continua fazendo muitas vítimas. Segundo tumor mais comum entre os homens, ficando atrás apenas do câncer de pele, a doença deve registrar mais de 68 mil casos somente este ano no Brasil, estima o Inca (Instituto Nacional do Câncer). Por isso, o Novembro Azul é destinado a divulgar campanhas de esclarecimento em torno da prevenção e do diagnóstico precoce.

Dados do Inca revelam quem no Brasil, um em cada quatro homens não faz o exame médico necessário para detectar o câncer de próstata, no entanto, um em cada cinco homens poderá desenvolver a doença. Presidente da Sociedade de Radiologia do Rio de Janeiro e professor adjunto de radiologia da UFF, Leonardo Kayat diz que o exame clínico é fundamental para o diagnóstico precoce, que aumenta as chances de cura do paciente e evita fases mais avançadas.

Quem faz o exame tem de 80% a 90% de chances de cura, porém, em casos avançados esses números caem para 30%. A preocupação inicial com esse tipo de câncer deve ser considerada por homens acima de 45 anos. Acima dos 50 anos, a consulta com um urologista é imprescindível”, destaca Leonardo Kayat, um dos maiores especialistas do país em imagem da próstata, particularmente na abordagem do câncer.

Apesar das evidências científicas, tem ganhado corpo uma polêmica mundial sobre a necessidade ou não do exame de sangue mais comum para diagnóstico do câncer de próstata para todos os homens: o antígeno prostático específico (PSA), uma enzima produzida pelo corpo. Nos Estados Unidos, o diagnóstico precoce chegou a ser suspenso em 2012, mas dados indicaram que houve um aumento de câncer metastático (quando a doença toma outros órgãos).

Diante disso, a SBU – Sociedade Brasileira de Urologia e a SBPC/ML – Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial decidiram fechar uma opinião a respeito. E recomendam que homens a partir dos 50 anos devem primeiro consultar um urologista. Negros e quem tem histórico familiar da doença devem buscar especialista a partir dos 45 anos. (Veja no texto abaixo a nota de esclarecimento assinada pelas duas entidades, na íntegra):

Ressonância da próstata é aliado no diagnóstico preciso

Ressonância multiparamétrica da próstata é o exame mais avançado no diagnóstico não invasivo, mas não está disponível no SUS (Foto: Divulgação)

A doença é essencialmente assintomática durante boa parte de sua evolução, o que ressalta a importância dos exames de rastreio para seu diagnóstico precoce. Eventuais sintomas começam pela dificuldade de urinar ou necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou a noite, podendo também ocorrer quando mais grave, insuficiência renal.

Médicos só conseguem diagnosticar com total certeza a partir do resultado da biópsia, cuja indicação resulta da elevação do PSA, da alteração do toque retal (exame clínico realizado no consultório) ou de ambos”, explica Kayat, especialista do Alta Excelência Diagnóstica.

Segundo ele, os exames de toque retal e de sangue específico (PSA), aliados à ressonância multiparamétrica da próstata, são indicados para o diagnóstico não invasivo do câncer de próstata. “Porém, o exame, para se ter certeza, é somente possível com uma biópsia do órgão”, conta o médico.

Segundo ele, atualmente é possível realizar a biópsia de próstata guiada por fusão de imagens de ressonância magnética e ultrassonografia, que em diversas situações é muito mais precisa. É utilizada a imagem capturada e realizada a fusão para efetuar o procedimento no lugar exato. Algo que pode ser fundamental para o sucesso de uma cirurgia”, completa.

A ressonância multiparamétrica da próstata, no entanto, não está disponível no SUS. O procedimento custa entre 2 mil e 5 mil reais na rede privada, dependendo do local. O exame é indicado em qualquer caso com lesão suspeita visível à ressonância, principalmente em locais de difícil acesso a biópsias comuns (como a parte anterior da próstata, por exemplo).
Uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde mostrou que 31% dos homens brasileiros não têm o hábito de ir ao médico e, quando o fazem, 70% tiveram a influência da mulher ou de filhos. “Infelizmente por uma questão cultural e também pelo preconceito, muitos homens deixam de fazer os exames e se expõem aos riscos da doença”, lamenta o especialista.

 

Esclarecimento ao público sobre a importância do

PSA na detecção precoce do câncer de próstata

“O antígeno prostático específico (PSA) é o marcador mais utilizado no auxílio ao diagnóstico de câncer de próstata. Isoladamente, o PSA elevado não significa necessariamente que o indivíduo tem câncer de próstata ou que tem um câncer que evoluiria de forma agressiva. Por isso, fazer ou não fazer o exame do PSA passa pelo questionamento de que poderia significar um excesso de diagnósticos em pacientes que não precisariam necessariamente ser tratados.

Por outro lado, é importante lembrar que o sucesso do tratamento do câncer está diretamente relacionado com a detecção precoce da doença e que aguardar por sintomas pode diminuir as chances de cura, uma vez que, especialmente no câncer de próstata, estes ocorrem APENAS quando a doença já se encontra em estágio avançado, não mais passível de cura, quando a janela de cura foi perdida.

Uma das principais vantagens do avanço tecnológico da Humanidade é o de nos propiciar uma melhor qualidade de vida e uma vida mais longa do que nossos antepassados. De nada vale toda a tecnologia se ela não se voltar ao bem-estar da Humanidade.

É reconhecido que o rastreio universal do câncer de próstata pelo exame de toque retal e pela medida do PSA no sangue é controverso e que a literatura traz dados conflitantes, especialmente com relação aos prejuízos potenciais provocados por um diagnóstico de câncer e efeitos colaterais do tratamento, comparados ao impacto na mortalidade de um diagnóstico precoce.

A suspensão do diagnóstico precoce nos Estados Unidos, que foi motivada pela recomendação da Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos (US Preventive Services Task Force – USPSTF) em 2012, trouxe preocupação pelo substancial aumento do número de casos de doença avançada e dos custos com quimioterapia e hormonioterapia, além daqueles decorrentes das complicações desses tratamentos.

Em maio de 2018, a própria USPSTF reconheceu que os programas de rastreamento baseados na medida do PSA em homens com idade entre 55 e 69 anos podem, a cada 1000 homens testados, evitar cerca de DUAS mortes por câncer de próstata e prevenir cerca de TRÊS casos de câncer de próstata metastático.

É importante ressaltar que o câncer metastático é uma condição clínica muito mais grave, exigindo cuidados específicos, mais custosos e reduzida chance de cura, perda de qualidade de vida e elevada taxa de mortalidade.

A partir destas informações, a USPSTF concluiu que, para homens com idade entre 55 e 69 anos, a decisão de se submeter à triagem periódica baseada na medida do PSA deve ser individual e deve incluir a discussão dos possíveis benefícios e danos da triagem com seu médico.

A SBU – Sociedade Brasileira de Urologia e a SBPC/ML – Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial não recomendam o rastreamento universal, mas sim recomendam a consulta com urologista a partir dos 50 anos de idade, especialmente para homens saudáveis, com expectativa de vida maior que 10 anos.

A partir da avaliação médica, o médico e o paciente podem discutir e decidir em conjunto sobre os riscos e benefícios de realizar a triagem pelo PSA. Duas exceções se aplicam: negros e seus descendentes e aqueles com histórico de câncer de próstata na família que devem começar a fazer exame de próstata aos 45 anos. A frequência do exame é bastante variável, podendo ser anual ou mesmo a cada quatro anos, e é o seu urologista quem irá determinar essa periodicidade”.

Da Redação, com Assessorias

 

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