Pancadas no testículo não causam câncer

Abril Lilás chama atenção para o câncer de testículo, um tumor raro que afeta muitos esportistas, mas não tem relação as pancadas, garantem especialistas

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Em julho de 2017, o meia Ederson, então jogador do Flamengo, foi diagnosticado com um câncer de testículo. Fez cirurgia, implantou uma prótese e submeteu-se ao tratamento quimioterápico para se curar da doença. Outros esportistas, como os também jogadores de futebol Magrão e Arjen Robben,  Nenê Hilário (basquete) e Lance Armstrong (ciclismo), também sofreram com a doença.

Por isso, muitos supõem que pancadas ou pressão nos testículos possam causar o tumor. Mas especialistas ouvidos por ViDA & Ação neste Abril Lilás, dedicado a conscientizar sobre o câncer de testículo, garantem que isso é apenas mais um mito em torno da doença. “Não existe nenhuma relação do câncer de testículo com pancadas na região”, afirma Diogo Assed Bastos, médico oncologista no Hospital Sírio-Libanês

O oncologista Marcelo Aisen, do Centro Paulista de Oncologia (CPO), confirma: não há nenhuma relação entre pancadas no local com o desenvolvimento do câncer. “Por alguns atletas terem tido a doença, muitos pacientes acreditam que o câncer pode ter aparecido devido a algum trauma no local, mas não há ligação”.

Principal fator de risco é a criptorquidia

O câncer de testículo é considerado doença rara e representa de 1% a 5% do total de casos de tumores em homens no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A doença afeta principalmente homens em idades férteis. Marcelo Aisen explica que ainda não há uma forma de prevenir o tumor, que está relacionado a crianças que já tiveram criptorquidia, disfunção congênita em que o testículo nasce dentro do corpo, ou seja, fora de posição normal.

O problema ocorre quando os testículos, que são formados no interior do abdômen durante a gestação, não se deslocam para a bolsa escrotal antes do nascimento do bebê. Aqueles que nascem com esse tipo de problema têm 10% de risco estimado para desenvolver câncer de testículo.

Como não é possível prevenir a criptorquidia, as crianças que nascem com esse problema devem ser acompanhadas mais de perto pelo pediatra. Os testículos podem descer naturalmente ao longo dos primeiros anos de vida. Caso contrário, a criptorquidia pode ser corrigida por cirurgia.

Autoexame é fundamental

Apesar de ser agressivo, quando detectado precocemente o câncer de testículo pode ser facilmente curado por responder bem aos tratamentos quimioterápicos. A boa notícia é que esse tipo de tumor pode ser curado na maioria dos casos, mesmo quando já há metástases. Um dos fatores que contribuem para o alto índice de cura dos tumores de testículo é sua detecção precoce”, explica o médico.

“Como ainda não há uma forma de prevenção da doença, o autoexame é um grande aliado para a detecção precoce. A prevenção é muito importante porque este tipo de câncer atinge homens jovens, principalmente entre de 20 a 40 anos, que em geral tem risco muito pequeno de ficar doentes”, alerta Diogo Assed.

Como alterações no testículo são facilmente perceptíveis, a doença é descoberta em estágios ainda iniciais, na maioria das vezes. “Mesmo assim, o médico ressalta que é importante os homens fazerem o auto exame, observando se há alterações na pele da bolsa testicular e no formato dos testículos. Caso notem alguma alteração ou nódulo, região endurecida ou crescimento anormal do testículo, é importante consultar um urologista”, acrescenta Marcelo Aisen.

SINTOMAS

O principal sintoma do câncer de testículo é o aumento do volume ou surgimento de um nódulo endurecido no testículo. Além disso, outros sintomas como dor imprecisa na parte baixa do abdômen e aumento ou sensibilidade dos mamilos também merecem atenção.

De acordo com dr. Bastos, dores agudas e inchaços repentinos dos testículos não são sintomas comuns desse tipo de câncer. No entanto, diante desses ou dos demais sintomas citados, um médico deve ser consultado.

Os sintomas são aumento de testículo, acompanhado ou não de dor. Muito comum que os homens o descubram no banho, durante a higiene. Apesar de esporádico, meninos que apresentaram a criptorquidia têm maior chance de desenvolvimento da doença e seus pais devem ficar atentos a qualquer alteração no testículo dos filhos”, explica Dr Marcelo.

Como diagnosticar e tratar

O ultrassom com doppler da bolsa testicular é o exame mais usado para indicar a suspeita de câncer de testículo. Quando diagnosticado em estágios iniciais, a cirurgia acaba sendo suficiente para tratar esse tipo de câncer. Realiza-se um procedimento de extração do testículo afetado. Pode-se colocar uma prótese no local do testículo para fins estéticos.

O câncer de testículo, no entanto, pode atingir linfonodos (pequenos órgãos presentes nos vasos linfáticos) do abdômen, quando a doença está em estágio intermediário; ou provocar metástase (estágio avançado da doença), espalhando-se para fígado, pulmões e cérebro, por exemplo. “Quanto mais rápido for o diagnóstico, melhores são as condições de tratamento, embora mesmo nos casos de metástase há grandes chances de cura”, diz dr. Bastos.

Para os casos nos estágios intermediários e avançados, o tratamento pode incluir quimioterapia e radioterapia, além da cirurgia. Em geral, quando essas terapias complementares são necessárias, o tempo médio de duração do tratamento é de quatro a seis meses.

Médico tira dúvidas sobre a doença

A falta de informação e o preconceito são os maiores obstáculos da doença. “O homem não tem o hábito de procurar um médico quando nota algo estranho com o seu corpo e quando falamos de câncer de testículo ou próstata, o cenário só piora”, explica Aisen. Para desmistificar a doença, o especialista esclarece dúvidas que muitos homens têm vergonha de levar para o consultório.

Achei um nódulo nos testículos, é câncer?

Depende, mas a presença de um nódulo é um sinal para procurar um urologista. “Todo nódulo encontrado no testículo pode ser um câncer sim, mas só é possível ter um diagnóstico após uma avaliação microscópica do tumor”, o câncer de testículo se apresenta com nódulo endurecido, porém, só o medico consegue diferenciar, com exame clínico e de imagem adequado. Há outros problemas que podem resultar em um volume testicular, como as infecções, torção, hérnias e cistos de epidídimo. Por isso é recomendado procurar a ajuda de um especialista.

É preciso retirar o testículo no tratamento?

A escolha do procedimento ideal depende do estágio do tumor. “A cirurgia é geralmente a primeira etapa realizada para todos os cânceres sim, mas pode ser associada à quimioterapia ou radioterapia durante o processo”. A cirurgia é curativa e mesmo nos estadiamentos mais avançados a quimioterapia também cura

Isso vai atrapalhar minha vida sexual?

Se for preciso retirar um testículo ou até mesmo os dois, isso não afeta diretamente a capacidade do homem ter uma vida sexual ativa. A diferença é que, se ambos os testículos forem retirados, o homem torna-se estéril e não produzirá mais testosterona.

“Para solucionar essas questões o homem pode optar por uma prótese testicular no escroto e também realizar terapia hormonal sob a forma de gel ou adesivo. De forma direta, isso não afeta a capacidade dele manter relações sexuais”. Segundo ele, com as próteses novas, não há como perceber a diferença entre a mesma e o testículo, portanto, a vida sexual ficará mantida.

Posso ter filhos após o tratamento?

Em geral, os tratamentos podem acabar induzindo à infertilidade. Pelo fato de o câncer afetar principalmente homens em idade fértil é recomendado que se discuta com o médico sobre a melhor opção.

Antes de começar o tratamento, podem conversar sobre a possibilidade de realizar uma cirurgia que poupe os nervos ou banco de esperma, a opção de congelar espermas para uma possívelfertilização in vitro. Também é aconselhado que o homem só tenha filhos de um a dois anos após o fim do tratamento.

Apesar de a maioria dos pacientes manterem-se férteis com o testículo remanescente, o Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês oferece também a criopreservação dos espermatozoides. Dessa forma, antes de iniciar o tratamento os espermatozoides do paciente são coletados e congelados à temperatura de 196°C negativos. Isso aumenta ainda mais as chances de fertilidade, caso o paciente ainda deseje ter filhos.

Da Redação, com Assessorias

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