Parkinson: 10 coisas que você precisa saber sobre a doença

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Michael Fox recebeu o primeiro diagnóstico da doença em 1991, aos 29 anos (Foto: Reprodução Internet)

O que teriam em comum o ator Michael J. Fox, o pugilista Muhammad Ali e o Papa João Paulo II? Todos eles conviveram ou convivem com o Mal de Parkinson, uma das doenças degenerativas mais conhecidas, principalmente entre os idosos, e que causa o clássico sintoma de tremor involuntário. No Brasil, o Parkinson  afeta cerca de 200 mil pessoas.

A maioria das pessoas tem os primeiros sintomas geralmente a partir dos 50 anos de idade. Mas pode acontecer também nas idades mais jovens, embora seja raro.  Foi o caso de Michael Fox: “Foi bem assustador. Eu tinha 29 anos e era a última coisa que eu esperava ouvir. O médico disse ‘Você tem Mal de Parkinson. A boa notícia é que você ainda tem 10 anos para continuar trabalhando’. Isso aconteceu há 22 anos e eu continuo trabalhando”, disse em uma entrevista a David Letterman, em abril de 2015, 

Quem tem Mal de Parkinson sabe muito bem o quanto a doença, em estágios avançados, interfere na realização de atividades simples, como amarrar o cadarço do sapato e abotoar a camisa. O parkinsoniano também sofre emocionalmente não apenas pela queda de sua funcionalidade, mas também em função do preconceito de pessoas desinformadas sobre a doença.

Neste dia 11 de abril é celebrado o Dia Mundial do Mal de Parkinson, doença que  segue com estatísticas aumentando, devido ao maior número de pessoas evoluindo para a terceira idade – faixa etária de maior prevalência da mesma. Entretanto, esse sinal, antes tido como um dos principais do Parkinson, pode muitas vezes não ser o primeiro a aparecer e denunciar o desenvolvimento da doença.

Os principais sintomas

Os principais sintomas consistem em um aumento gradual dos tremores, maior lentidão de movimentos, caminhar arrastando os pés, postura inclinada para a frente. O tremor típico afeta os dedos ou as mãos, mas pode também afetar o queixo, a cabeça ou os pés. Pode ocorrer num lado ou nos dois, e pode ser mais intenso num lado que no outro.

O tremor ocorre quando nenhum movimento está sendo executado, e por isso é chamado de tremor de repouso. Por razões que ainda são desconhecidas, o tremor pode variar durante o dia. Torna-se mais intenso quando a pessoa fica nervosa, mas pode desaparecer quando está completamente descontraída. O tremor é mais notado quando a pessoa segura com as mãos um objeto leve como um jornal. Os tremores desaparecem durante o sono.

A lentidão de movimentos é, talvez, o maior problema para o parkinsoniano, embora esse sintoma não seja notado por outras pessoas. Uma das primeiras coisas que os membros da família notam é que o doente demora mais tempo para fazer as coisas que antes fazia com mais desenvoltura. Banhar-se, vestir-se, cozinhar, preencher cheques. Tudo isso leva cada vez mais tempo. Quando a pessoa fica mais idosa, é comum colocarem a culpa na sua velhice. É importante lembrar e compreender que atualmente não existe cura para a doença. Porém, ela pode e deve ser tratada, não apenas combatendo os sintomas, como também retardando o seu progresso.

“Lentidão para realizar movimentos simples e dificuldades para andar, causados pela rigidez muscular, bem como postura encurvada e perda de equilíbrio são outros sintomas que uma pessoa com a doença pode apresentar”, alerta o coordenador do Centro de Parkinson do Hospital Samaritano de São Paulo, Rubens Gisbert Cury.

Todos esses sintomas se desenvolvem por conta da progressiva degeneração e destruição de células nervosas que produzem a dopamina, substância química responsável pelo controle dos movimentos musculares de todo o corpo. “Sem a dopamina, o cérebro não manda corretamente para o resto do corpo a mensagem para realizar um movimento simples, por exemplo”, explica o especialista. Essa destruição de neurônios e consequente diminuição do nível de dopamina é lenta e progressiva, ditando o ritmo de avanço da doença. Em casos em que o quadro já está avançado, aparecem também a dificuldade de engolir e falar, de realizar movimentos automáticos e até alterações cognitivas e demência.

Diagnóstico e formas de tratamento

O neurologista André Gustavo Lima explica que o diagnóstico da doença é feito por exclusão. Às vezes os médicos recomendam exames como eletroencefalograma, tomografia computadorizada, ressonância magnética, análise do líquido espinhal, etc., para terem a certeza de que o paciente não possui nenhuma outra doença no cérebro. O diagnóstico da doença faz-se baseada na história clínica do doente e no exame neurológico. Não há nenhum teste específico para fazer o diagnóstico da doença de Parkinson, nem para a sua prevenção.

O Parkinson não tem cura, mas pode ser tratado, tendo seus sintomas controlados. O tratamento consiste em medicamentos que ajudam nos problemas motores da doença, e pode ser aconselhada a inclusão de atividades aeróbicas de acordo com as condições e necessidades de cada paciente. Em casos selecionados, o procedimento de estimulação cerebral profunda pode ser benéfico e melhor a qualidade de vida do paciente. Por enquanto, não se sabe quais são as causas exatas da destruição das células produtoras da dopamina, nem se tem como prevenir o surgimento da doença.

A grande barreira para se curar a doença está na própria genética humana. No cérebro, ao contrário do restante do organismo, as células não se renovam. Por isso, nada há a fazer diante da morte das células produtoras da dopamina na substância negra. “A grande arma da medicina para combater o Parkinson são os remédios e cirurgias, além da fisioterapia e a terapia ocupacional. Todas elas combatem apenas os sintomas. A fonoaudiologia também é muito importante para os que têm problemas com a fala e a voz.

Existem diversos medicamentos, como a Levadopa, Pramipexol, o adesivo Rotigotina, que pertence à classe dos agonistas dopaminérgicos e age sobre receptores do neurotransmissor dopamina, melhorando o controle dos distúrbios motores da doença. O remédio colocado sobre a pele vai liberando a medicação de forma estável e contínua, no decorrer de 24 horas e evita o esquecimento de tomar o remédio na hora e na dosagem certa.

Atualmente já está disponível no Brasil o marcapasso cerebral (Deep Brain Stimulation). Ele é muito benéfico, especialmente para reduzir o tremor. O procedimento consiste na implantação de dois eletrodos em regiões estratégicas e decisivas do cérebro que estimula, por corrente contínua, essas regiões, para que ocorra a diminuição de complicações motoras nos pacientes.

“Mas só uma pequena parcela dos pacientes com Parkinson, cerca de 10%, tem indicação para esse procedimento. Depois de um longo tempo de uso de medicamento, o doente passa a não responder mais aos seus efeitos. Esses pacientes com discinesias e não respostas à medicação fazem parte do perfil indicado à cirurgia”, explica o especialista. O DBS não busca a cura da doença, mas sim o controle dos sintomas. O objetivo é obter um efeito similar ao melhor estágio do remédio no paciente, sem os efeitos colaterais da medicação e com uma duração de anos.

Cirurgia pode ser uma solução

Ainda sem cura, a medicina tem avançado na busca de tratamentos que permitam mais qualidade de vida ao indivíduo, especialmente para o estadiamento dos sintomas mais incapacitantes, como os tremores e a espasticidade (rigidez muscular).

Um procedimento cirúrgico voltados aos casos em que os medicamentos já não auxiliam mais no tratamento dos sintomas involuntários e espasmos, característicos do Parkinson. Trata-se da cirurgia de DBS (Deep Brain Estimulation), traduzida como Neuroestimulação Profunda do Cérebro, que consiste no implante de eletrodos – iguais aos de marca-passo utilizados para o coração – na região afetada pela doença.

A técnica é realizada com o paciente acordado para que ele possa fornecer o feedback dos movimentos no ato em que o alvo está sendo estimulado e assim garantir a efetividade dos resultados. Uma vez implantado o eletrodo, ele passa a ser monitorado periodicamente, para possíveis ajustes. Saiba mais: https://goo.gl/lRyoZj

 

10 coisas que todo mundo precisa saber sobre a doença

Para desmistificar o Mal de Parkinson, o neurocirurgião pela Unifesp Claudio Fernandes Corrêa reuniu 10 fatos que precisamos saber sobre esta doença degenerativa.

 

1. O que é o Mal ou Doença de Parkinson?

O Mal de Parkinson foi descrito pela primeira vez pelo médico inglês James Parkinson, em 1817, como uma enfermidade neurológica decorrente da degeneração dos neurônios situados em região específica do cérebro, chamada substância negra, e que é responsável pela produção da dopamina, um importante elemento da transmissão nervosa vinculada aos músculos e controle motor do indivíduo. A doença neurológica causa tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio além de alterações na fala e na escrita. Não é uma doença fatal, nem contagiosa, em casos mais avançados, pode haver comprometimento da memória.

2. Quais as causas da doença?

A causa exata do Mal de Parkinson é desconhecida, mas cientistas acreditam que uma mistura de fatores possa estar envolvida, incluindo a genética (mutações genéticas) e o meio ambiente (exposição a determinadas toxinas ou fatores ambientais).  Também não há evidências de que seja hereditária. Apesar dos avanços científicos, ainda continua incurável, é progressiva (variável em cada paciente) e a sua causa ainda continua desconhecida até hoje.

3. Qual a sua prevalência de acometimento?

Estima-se cerca de 100 a 200 casos da doença por 100 mil habitantes. Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) 1% da população acima dos 65 anos sobre com o Mal de Parkinson. No Brasil, a estimativa é de que pelo menos 200 mil pessoas tenham essa doença degenerativa do sistema nervoso central. Apesar de ser mais prevalente em pessoas idosas (150 mil novos casos no Brasil por ano, a partir dos 60 anos), pessoas jovens também podem ser acometidas pela doença, tendo nestes pacientes uma evolução mais acelerada. Um exemplo é o ator do clássico ‘De Volta para o Futuro’, Michael J. Fox, que recebeu seu diagnóstico na faixa dos 30 anos.

4. Quais os sintomas do Mal de Parkinson? 

Os sintomas mais prevalentes da doença são os movimentos involuntários (tremores), rigidez muscular, bradicinesia (que é a maior lentidão dos movimentos gerais como andar, levantar, sentar), instabilidade postural, depressão e alterações na escrita. Em estágios mais avançados, é possível perceber diminuição da expressão facial, do tom da voz e do olfato, dificuldade de deglutição e constipação intestinal.

5. Como é feito o diagnóstico? 

O diagnóstico é realizado inicialmente pela anamnese e histórico clínico do paciente; no entanto, exames complementares como eletroencefalograma (EEG), tomografia computadorizada ou ressonância magnética do crânio são importantes para afastar outras doenças que apresentam sintomas similares aos da doença de Parkinson.

6. Qual o médico responsável por diagnosticar e tratar a doença?

O neurologista é o médico indicado para o diagnóstico e tratamento da doença em todo o seu o seguimento.

7. No que compreende o tratamento?

O tratamento deve ser é inicialmente clínico, com indicação de medicamentos específicos para conter alguns dos sintomas, que devem ser somados a terapias de reabilitação funcional, com apoio de fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, entre outros.

8. Quando é indicado cirurgia? 

A cirurgia de estimulação profunda do cérebro, cuja sigla em inglês é DBS, é indicada quando os medicamentos já não auxiliam mais no tratamento dos movimentos involuntários e espasmos. O procedimento consiste no implante de eletrodos – iguais aos de marca-passo utilizados para o coração – na região afetada pela doença. A técnica é realizada com o paciente acordado para que ele possa fornecer o feedback dos movimentos no ato em que o alvo está sendo estimulado e assim garantir a efetividade dos resultados.

Uma vez implantado o eletrodo, ele passa a ser monitorado periodicamente, para possíveis ajustes. O procedimento tem o auxílio de um software, que cruza as imagens de ressonância magnética do paciente com mapas científicos, apontando com precisão o local exato a ser estimulado, com a ajuda de um físico, que permanece o tempo todo na sala de cirurgia. Entre as vantagens da cirurgia, está o fato de não ser uma técnica que lesiona a estrutura cerebral e por ser reversível, caso seja necessário. Além, é claro, da qualidade de vida gerada ao paciente que volta a se integrar de forma mais natural às suas atividades e relacionamentos sociais.

9 – É possível viver normalmente com o Mal de Parkinson?

Considerando a individualidade de cada paciente, a idade de início dos primeiros sintomas e suas evoluções, é importante dizer que, com o devido acompanhamento multidisciplinar, é possível manter-se ativo e com as funções presentes, para uma melhor independência do indivíduo em mais longo prazo.

10. Qual a importância do apoio familiar e de amigos?

Tendo como fundamento a importância das relações pessoais e do convívio social para a saúde geral de todos os indivíduos, ter familiares e amigos próximos, com entendimento e acolhimento sobre as necessidades do paciente, soma essencialmente para os melhores resultados físicos e mentais do tratamento da doença.

Saiba mais sobre os parkinsonianos famosos

Michael J. Fox – Em 1998 Michael J. Fox, que sucesso no filme ‘De Volta Para o Futuro’, revelou  que sofria com o Mal de Parkinson desde 1991. Essa doença acabou servindo de inspiração para o ator lançar a sua autobiografia intitulada Lucky Man, que quer dizer ‘Homem de Sorte’. Em sua obra ele conta toda a experiência que teve com o surgimento da doença e como ele fez para lidar com esse tipo de problema.  Michael J. Fox tem sido um militante ativo na defesa de pesquisas envolvendo células-tronco como forma de cura para a doença de Parkinson.

Muhammad Ali – Considerado o melhor pugilista de todos os tempos e considerado o rei do box mundial, desde o ano de 1980 passou a conviver com os diversos sintomas do Parkinson. Em 2010 ele foi buscar tratamento para a doença em Israel, onde o tratamento é realizado com células tronco adultas. A eficácia desse método ainda não é comprovada cientificamente, tendo em vista que os testes só foram realizados em ratos.

Papa João Paulo II – Primeiro papa no terceiro milênio, por volta do ano de 2005 ele já apresentava a doença em estágio bastante avançado, onde em cada aparição pública ficava notório os problemas decorrentes da doença em seu corpo, principalmente os tremores nos membros superiores.  O Papa vivia uma vida bem agitada com diversas viagens, e com o avanço da doença cada novo compromisso se tornava ainda mais complicado devido a sua condição física. Ainda nesse mesmo ano o mundo praticamente parou diante da notícia de sua morte.

Fonte: Portal do Parkinson

Veja mais em:  https://goo.gl/oMwSK7 

Para saber mais sobre o mal de Parkinson, confira o infográfico Tudo sobre Mal de Parkinsonhttps://goo.gl/oMwSK7

Confira também a vídeorreportagem Tudo sobre Mal de Parkinson: https://goo.gl/lRyoZj

 

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