Processos de adoção no Brasil têm queda de 26,4% na pandemia

No Dia Mundial da Adoção, apresentador gay fala sobre adotar: “É um processo burocrático e demorado, mas que traz uma felicidade imensa”

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A pandemia da Covid19 atrasou a finalização dos processos de adoção no Brasil no ano passado. De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2020 aconteceu uma redução de 26,4% na concessão de sentenças de adoção no país se comparado a 2019 — a queda foi de 3.013 para 2.216 decisões. Por outro lado, o Brasil tem atualmente 4.977 crianças e adolescentes disponíveis para adoção, também segundo o CNJ.
O Dia Mundial da Adoção é celebrado nesta terça-feira (9/11), data criada pelo norte-americano Hank Fortner para celebrar todos os modelos de família e conscientizar sobre a importância do ato. Como a do empresário e apresentador Benjamin Cano, que sabe bem como sua vida mudou para melhor depois de ser pai.
Ele e o marido Louis Planès, franceses que vivem no Brasil há mais de 11  anos, entraram com a habilitação na Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro. Durante um ano, participaram de encontros com psicólogos e assistentes sociais para obter um estudo da condição familiar.
Depois de aprovados, aguardaram dois anos com imensa expectativa, acompanhando de perto o processo junto à Vara da Infância e da Juventude para saber se havia uma criança disponível para o casal. Até que um dia receberam a aguardada ligação de uma juíza carioca, informando que uma colega, também juíza, de Ilhéus, Bahia, estava com um caso de um recém-nascido prematuro de 5 meses sem pretendentes.

Bebê nasceu na rua com apenas 900 gramas

O pequeno Vinícius havia nascido na rua com apenas 900 gramas. Foi reanimado na ambulância do SAMU e abandonado no hospital. A mãe biológica não chegou a ficar nem três horas com o bebê. Imediatamente eles se interessaram e foram até a Bahia. Ali começou a conexão do casal com Vinicius.
O bebê, já com dois meses e meio de vida, teve alta da UTI um dia após a ligação da juíza, quando os novos pais foram buscá-lo na maternidade. Era dia 11 de maio de 2017. Naquela época, a nova família teve de permanecer na Bahia por três semanas, pois Vinicius estava tão magro que a pediatra não autorizou a viagem de avião para o Rio.
Para Benjamin, adoção é um processo longo, mas que no fim vale muito a pena.
“É um processo burocrático e demorado, mas que traz uma felicidade imensa. Mas não deveria ser assim, já que existem pretendes esperando para todos os tipos de perfil. Existe um sério problema no cadastro nacional de adoção, volto a dizer, esse SNA, não funciona, as varas poucos comunicam entre elas, precisamos fazer mudar a doutrina geral sobre o sistema de adoção no Brasil está tudo muito lento e estamos esquecendo do interesse superior da criança que fica anos e anos abrigado”, pontua.
Ele acredita que este tema deveria ser mais debatido.  “Adotar é um ato de amor. As crianças nos abrigos merecem amor e  uma família que vai dar um lar para eles. Então, por favor, vá se habilitar e entrar na fila. Em 2021, não deveria ter sequer uma única criança em abrigo. Deveria ser uma causa nacional”, completa.

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O que mudou na vida de casal gay após adoção

Vinicius, com os pais Louis Planès e Benjamin Cano (Foto: Divulgação)
Benjamin conta o que mudou na vida dele e de Louis depois que passaram a ser pais de Vinícius:  “Tudo mudou: a rotina, a alegria, a vida do casal em si, os projetos pelo futuro, o jeito de se projetar, a forma de pensar a vida, porque você inclui o ser humano a mais, que é seu filho”.
Muitos casais adotantes têm medo de que um dia a criança procure os pais biológicos. Benjamin não teme isto e inclusive irá apoiar o menino caso ele queira conhecer a sua família biológica.
“Se um dia Vinícius quiser encontrar a mãe dele, porque o pai está desconhecido, ajudaremos ele. Estaremos junto com ele em todas as etapas. Guardamos todas as informações da mãe biológica dele para que, caso ele quisesse ter acesso, ele teria. Não temos problemas com isso. Somos a família dele, não tenho dúvida”, afirma.
Benjamin diz que, apesar da pouca idade de Vinícius, ele já conversou com a criança sobre adoção. “Desde que ele chegou bebê na casa da gente, estamos falando da sua adoção. Óbvio, em função das idade, com palavras e histórias adequadas”, finaliza.
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