Rio fecha praias e áreas de lazer: ‘situação é grave’, diz prefeito

“Estamos vendo as pessoas morrendo, não é possível que não se sensibilizem com o que está acontecendo”, criticou Paes

Praias: território liberado ou proibido no Rio? (Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)
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Carioca não gosta de dias nublados, mas o fim de semana de chegada do outono, com previsão de tempo ensolarado e calor de 37 graus, não será igual àquele que passou. Pela primeira vez desde o início da pandemia, a Prefeitura do Rio de Janeiro resolveu fechar totalmente as praias, parques e áreas de lazer da cidade para conter a transmissão do novo coronavírus e suas variantes.

O prefeito Eduardo Paes classificou a situação como grave na cidade: 714 pessoas estão internadas com Covid-19 em leitos de UTI nos hospitais públicos do estado (20 na capital e um na Baixada Fluminense). Na sexta-feira, a taxa de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) disponibilizados na rede pública para pacientes com Covid-19 alcançou 95% na capital. Em todo o país, foram registradas 2.815 mortes por Covid-19.

A medida foi considerada rigorosa por muitas pessoas, mas necessária por parte da equipe de médicos e cientistas que acompanha a situação epidemiológica da cidade. Paes lembrou que o nível de desemprego na capital é alto, as pessoas mais pobres sofrem muito, e apenas por isso ele não pode determinar dois meses de lockdown. “Estamos vendo as pessoas morrendo, não é possível que pessoas não se sensibilizem com o que está acontecendo”, disse, ao apelar que a população fique em casa.

Feriado prolongado de 10 dias

O prefeito e o governador em exercício Claudio Castro (PSC) não chegaram a um acordo em relação às medidas adotadas para prevenir um colapso no sistema de saúde. Paes queria medidas mais restritivas, como o fechamento de escolas, bares e restaurantes entre os dias 22 de março e a primeira semana de abril, mas Castro – que é contrário ao lockdown – não aceitou.

Os dois voltam a se encontrar no domingo de manhã, dia 21/3, junto com o prefeito de Niterói, Axel Grael (PDT), para finalizar o documento com as medidas restritivas a serem adotadas já na próxima semana. Em pauta, a adoção de feriado regional prolongado de 10 dias, antecipando o feriadão de Páscoa, como fez São Paulo. A proposta deve envolver todos os demais municípios da Região Metropolitana do Rio.

Na noite deste sábado (20), o governador discutiu, em uma reunião no Palácio Laranjeiras na criação de um feriado prolongado, de 26 de março a 4 de abril, para tentar reduzir a circulação de pessoas nas ruas com a possível antecipação de feriados de abril.  Participaram da reunião integrantes do setor produtivo do estado e deputados.

Toda decisão deve ser discutida e tomada diante das realidades dos mais diversos setores. Precisamos ouvir todas as necessidades e aflições do setor produtivo. A preocupação aqui é principalmente com a vida das pessoas, mas temos que preservar o emprego, dialogar e garantir o equilíbrio da sociedade. É fundamental analisar os dados diariamente para tomarmos as decisões corretas para cada momento da pandemia. E é isso que estou fazendo. Tudo com base em dados técnicos”, disse o governador.

O que pode e o que não pode

O decreto publicado nesta sexta-feira (19/3) proíbe o acesso às praias, seja para o banho de mar, para a prática de atividades esportivas ou qualquer outra atividade. Comércio e serviços de barraqueiros e ambulantes, como aluguel de barracas e cadeiras, estão vetados. Os quiosques do calçadão podem funcionar, mas só até 21 horas.

Também foi suspenso o fechamento parcial de algumas vias da orla carioca, que ocorrem nos fins de semana para o lazer de pedestres e ciclistas. Para evitar aglomerações, elas permanecem abertas para o tráfego de carros. Mas ônibus e outros veículos fretados estão proibidos de circular. O decreto proíbe ainda o estacionamento na orla, com exceção para moradores, idosos, portadores de necessidades especiais, hóspedes de hotéis e táxis.

Toque de recolher entre 23h e 5h

As novas regras se somam a outras que já vigoravam na capital fluminense desde o dia 11 de março. O Decreto 48.604, que também tem validade até a próxima segunda-feira (22), fixa o toque de recolher entre as 23h e as 5h. Durante este horário, é proibida a permanência de pessoas nas vias públicas. Além disso, bares e restaurantes precisam fechar as portas até as 21h, podendo atender clientes com delivery após este horário. O comércio está autorizado a funcionar entre as 10h30 e as 21h.

A maioria das atividades econômicas com atendimento presencial deve respeitar a lotação máxima de 40%. Há previsão de multa no valor de R$ 562,42 para pessoas que não usarem máscaras ou participarem de aglomerações. Estabelecimento que desrespeitarem as normas também são multados.

Restrições similares foram impostas pelo Governo do Estado. Decreto com validade até quinta-feira (25) também estabeleceu toque de recolher entre as 23h e as 5h e definiu limites para o funcionamento de bares, restaurantes, estabelecimento culturais, lojas comerciais, academias, shoppings, entre outros.

Para conter as aglomerações, o governador determinou na noite deste sábado o reforço da força-tarefa de fiscalização do Corpo de Bombeiros, em conjunto com as prefeituras municipais, para acabar com a realização de festas clandestinas. Em nota, o governo estadual pede que a população fortaleça ações como distanciamento social e mantenha o uso de máscaras.

Praias vazias, 550 carros rebocados e 26 estabelecimentos fechados

Neste sábado, as novas medidas restritivas impostas pela Prefeitura do Rio de Janeiro para o enfrentamento da pandemia de Covid-19 deixaram desertas as praias da capital fluminense. Apesar do sol e das temperaturas próximas a 30 graus, a população está impedida de ocupar a faixa de areia e está sendo orientada por equipes da Guarda Municipal e da Polícia Militar que atuam na fiscalização.

Motoristas que desrespeitam novas regras de estacionamento na orla estão tendo veículos rebocados. A fiscalização em outras regiões da cidade também levou à interrupção de uma festa clandestina na região boêmia da Lapa e à aplicação de multas em diversos estabelecimentos.

“No primeiro dia de operação foram multados 429 veículos na orla entre 0h e 7h”, informou em nota a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop). A pasta acrescenta ainda que rebocou 124 veículos entre 7h de sexta e 7h deste sábado.

Com base no Decreto 48.604, guardas municipais e policiais militares interromperam na noite de sábado uma festa clandestina na Lapa. Na Street Lapa Lounge, havia cerca de 50 pessoas. O responsável pelo espaço foi multado por promover aglomeração e por funcionamento não autorizado. Outros 25 estabelecimentos fechados e 100 multas foram aplicadas nas ações realizadas entre a noite de sexta e a madrugada de sábado.

Nos últimos oito dias, de acordo com a Seop, foram registradas 8.426 autuações entre multas e interdições a estabelecimentos, não utilização de máscaras, aglomerações, infrações de trânsito, reboques, encerramento de feiras, apreensões de mercadorias de ambulantes. No período, foram fechados 280 estabelecimentos e aplicadas 338 multas a bares, restaurantes e ambulantes.

Vacinação – O novo calendário de vacinação da cidade do Rio, divulgado na quinta-feira (18), atenderá a população com 74 anos a partir de segunda-feira (22). Os idosos com 73 anos deverão começar a ser atendidos na quinta-feira (26), com 72 no dia 29 de março, com 71 no dia 31 de março e com 70 no dia 3 de abril.

Com Agência Brasil (atualizado em 20/3/21, às 18h)

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