Rio oferece teste gratuito para HIV pela saliva

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O Brasil já tem 842.535 pessoas vivendo com Aids, informou o Ministério da Saúde no final do ano passado. Foram 136.945 novos casos de infecção pelo HIV só entre 2007 e junho de 2016. Desse total, 372 mil ainda não estão em tratamento, sendo que 260 mil já sabem que estão infectadas e 112 mil pessoas não sabem que têm o vírus.  Mas o dado que mais preocupa é o número de pessoas que não sabem que têm o vírus: estima-se em 112 mil. O desconhecimento ocorre por medo, preconceito ou até desconhecimento.

“Muitas pessoas nunca realizaram o teste pelo preconceito de ir até a unidade de saúde, de solicitar o teste para um médico. Quando eles encontram uma equipe que os acolhe, eles aderem melhor à testagem”, afirma Márcio Villard, coordenador de projetos do Grupo Pela Vidda-RJ, criado há 28 anos luta pelos direitos e pela cidadania das pessoas que vivem com HIV e Aids no Rio.

Para ajudar neste trabalho, a ONG leva o teste rápido na sede do grupo, no Centro do Rio, de terça a sexta-feira, a partir das 14h, ou nas ações que são realizadas pelo grupo no centro do Rio, em boates, saunas, festas, eventos LGBT e em parceria com instituições que queiram difundir a prevenção e o diagnóstico precoce. A testagem sempre conta com acompanhamento e orientação psicológica, além de informações sobre o vírus, prevenção combinada (PEP e PREP), janela imunológica e tratamento.

As campanhas de testagem do HIV são promovidas pelo Programa Viva Melhor Sabendo, do Ministério da Saúde. Em 2016, foram realizados 2.500 testes rápidos para HIV com a ampliação das ações através do projeto Rio Stop Aids, em parceria com AHF Brasil. A meta agora é  dobrar o número de testagens rápidas que realiza, tanto na sua sede, como em ações externas nos primeiros meses de 2017. Somente este ano já foram realizados 1.700 testes rápidos. A expectativa é chegar a 5 mil testes, ampliando ações na Baixada Fluminense e na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Segundo Villard, jovens e até pessoas mais velhas já têm feito o teste pela primeira vez em ações externas. “Além disso, precisamos desconstruir o preconceito com o HIV e sensibilizar sobre a importância da testagem, através do aumento da oferta, principalmente, em locais de pessoas com maior vulnerabilidade ao HIV”, destacou, ao lembrar que a política brasileira de Aids preconiza o testar e tratar.

Ele lembra que dados apontam preocupação com as taxas de incidência entre os mais jovens e homens gays com mais de 30 anos. Os números batem com os dados apresentados pelo MS. De acordo com o último boletim epidemiológico, os jovens gays continuam sendo os que mais apresentam novas infecções. A aids no Brasil é considerada estabilizada, com taxa de detecção em torno de 19,1 casos a cada 100 mil habitantes. Isso representa cerca de 40 mil casos novos ao ano, de acordo com o Ministério da Saúde.

Como fazer o teste rápido por fluido oral para HIV gratuito?

O teste pode ser feito na sede do Grupo Pela Vidda-RJ, que fica na Avenida Rio Brando, 135/709, no Centro do Rio, de terça à sexta, das 14h às 19h. O grupo também realiza ações externas em boates, saunas, festas, eventos LGBT e em parceria com instituições que queiram difundir a prevenção e o diagnóstico precoce.

Como é o teste por fluido oral?

O teste é feito através da saliva, com uma espécie de cotonete, e não envolve sangue. Essa tecnologia identifica anticorpos do vírus HIV na mucosa da boca. O resultado sai em cerca de 25 minutos. Antes e depois do teste, o usuário passa por um aconselhamento e orientação psicológica, além de informações sobre o vírus, prevenção combinada (PEP e PREP), janela imunológica e tratamento.

Se o resultado for positivo, o que fazer?

Caso o teste seja positivo, a pessoa é encaminhada para fazer um teste de sangue confirmatório em uma unidade de saúde. O Grupo acompanha o usuário até sua adesão no Sistema de Saúde, onde ele fará o tratamento. O Pela Vidda-RJ também realiza uma reunião de acolhimento toda sexta-feira, às 18h, para pessoas que estejam necessitando de apoio ou em busca de informações.

Por que é importante todos se testarem?

Apenas através do teste é possível conhecer sua sorologia. E apenas sabendo sua sorologia é possível dar início ao tratamento, caso o resultado seja positivo. Quanto antes o tratamento for iniciado, maiores são as chances da pessoa ter uma vida saudável e é menor a possibilidade dela transmitir o vírus para outra pessoa.

Autoteste rápido é vendido em farmácias

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou recentemente o registro do primeiro autoteste rápido para HIV no Brasil, que poderá ser vendido em farmácias e drogarias. Desenvolvido pela empresa de diagnósticos rápidos integrados Orange Life e destinado ao uso do público em geral, o Action vai diagnosticar de forma simples e rápida anticorpos contra HIV 1/2 por punção digital. Funciona com a coleta de gotas de sangue, semelhante aos testes já existentes para medição de glicose por diabéticos.

O resultado aparece na forma de linhas que indicam se há ou não presença do anticorpo do vírus HIV. A presença do anticorpo mostra que a pessoa foi exposta ao vírus que provoca a Aids. O Action inclui o dispositivo de teste, um líquido reagente, uma lanceta (específica para furar o dedo), um sachê de álcool e um capilar (um tubinho para coletar o sangue). O resultado leva de 15 a 20 minutos para ficar pronto. O ACTION deverá chegar às farmácias de todo o Brasil em junho de 2017 e o preço para o consumidor estimado pela Orange Life é de R$ 50.

O autoteste aprovado pela Anvisa demonstrou sensibilidade e efetividade de 99,9%. É importante lembrar que a presença do HIV só pode ser confirmada 30 dias depois da exposição ao vírus – seja ela por relação sexual, transfusão de sangue, compartilhamento de seringas ou demais formas de transmissão do HIV. Esse período é o tempo que o organismo precisa para produzir anticorpos em níveis que o autoteste consiga detectar. Se o resultado for negativo, a recomendação é que o teste seja repetido 30 dias depois do primeiro teste e outra vez após outros 30 até completar 120 dias da primeira exposição. O ACTION tem sensibilidade e efetividade de 99,9%, índice maior do que os autotestes que usam saliva, disponíveis em outros países, como os Estados Unidos.

Segundo o médico italiano radicado no Brasil Marco Collovati, CEO da Orange Life, a fábrica no Estado do Rio de Janeiro tem capacidade para fabricar 100 mil testes por mês. “Esse produto é uma revolução para os brasileiros, que a partir de agora terão a possibilidade de fazer o exame de forma muito mais rápida, barata, e se preferirem poderão preservar seu direito à privacidade”, diz Collovati, lembrando que hoje testes de HIV no Brasil são feitos somente com intermédio de profissionais de saúde em laboratórios, centros de referência ou unidades de testagem móvel.

Novos medicamentos chegam no Brasil

Dentro de seis meses começa a chegar na rede pública de saúde novos  medicamentos antirretrovirais para reduzir o risco da infecção pelo HIV antes da exposição ao vírus.   Com a nova medida, o Brasil se torna o primeiro país da América Latina a utilizar essa estratégia de prevenção como política de saúde pública. De acordo com o Ministério da Saúde, a iniciativa é muito importante para as pessoas expostas ao vírus, mas ressaltou que a sua inclusão no SUS não dispensa o uso dos outros métodos preventivos.

A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) consiste na utilização do antirretroviral (truvada) em pessoas não infectadas pelo HIV e que mantêm relações de risco com maior frequência.   A incorporação do truvada (tenofovir associado à entricitabina) foi recomendada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), após consulta pública realizada para obter informações, opiniões e críticas de pesquisadores e outros setores da sociedade.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda, desde 2012, a oferta de PrEP para casais soro diferentes, gays; homens que fazem sexo com homens; profissionais do sexo e pessoas transgêneros (travestis e transexuais), consideradas populações-chaves. A PrEP já é utilizada em países como Estados Unidos, Bélgica, Escócia, Peru e Canadá, onde é comercializada na rede privada, além da França, África do Sul, entre outros, que incorporaram ao sistema público de saúde. O investimento inicial do Ministério da Saúde será de U$ 1,9 milhão na aquisição de 2,5 milhões de comprimidos, o que deve atender a demanda pelo período de um ano.

No Brasil, a estimativa é que a PrEP seja utilizada por uma população de 7 mil pessoas que fazem parte das populações-chave, no primeiro ano de implantação. Cabe esclarecer que fazer parte desses grupos não é o único critério para indicação da PrEP. Para isso, será necessária uma avaliação da vulnerabilidade do paciente, de acordo com comportamento sexual e outros contextos de vida. Essa análise deverá ser feita pelos profissionais de saúde. “Uma série de critérios deve ser levada em conta antes da indicação da PrEP, como o número de parceiros sexuais, os outros métodos de prevenção utilizados, o compromisso com a adesão ao medicamento, entre outros”, destacou a diretora do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken.

A PrEP é de uso contínuo, ou seja, o usuário precisa tomar o comprimido diariamente para ficar protegido do HIV, sendo que a proteção se inicia a partir do 7º dia para exposição por relação anal e a partir do 20º dia para exposição por relação vaginal. É importante destacar que a PrEP só será indicada após testagem do paciente para HIV, uma vez que ela é contraindicada para pessoas já infectadas pelo vírus. Nesses casos, a PrEP pode causar resistência ao tratamento. Por essa razão, as pessoas que já vivem com o vírus não serão submetidas à profilaxia, e sim encaminhadas para tratamento imediato. A prevenção será ofertada nos serviços do SUS que já trabalham com prevenção do HIV. Inicialmente, será implementada em 12 cidades e, ao longo do ano, será estendida para todo o país. São elas: Porto Alegre; Curitiba; São Paulo; Rio de Janeiro; Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Manaus, Brasília, Florianópolis, Salvador e Ribeirão Preto.

A PrEP insere-se como uma estratégia adicional dentro de um conjunto de ações preventivas, denominadas “prevenção combinada”, como forma de potencializar a proteção contra o HIV.  A prevenção combinada inclui: testagem regular; profilaxia pós-exposição ao HIV (PEP); teste durante o pré-natal e tratamento da gestante que vive com o vírus; redução de danos para uso de drogas; testagem e tratamento de outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) e das hepatites virais; uso de preservativo masculino e feminino, além do tratamento para todas as pessoas. 

A eficácia e a segurança da PrEP já foram comprovadas em diversos estudos clínicos. As evidências científicas disponíveis demostram que o seu uso pode reduzir o risco de infecção pelo HIV em mais de 90%, desde que o medicamento seja tomado corretamente, uma vez que sua eficácia está diretamente relacionada à adesão. No entanto, cabe esclarecer que a PrEP não substitui o uso do preservativo, uma vez que a proteção não é de 100%, assim os outros métodos preventivos não devem ser negligenciados. Além disso, a camisinha é a forma mais efetiva de proteção contra as outras IST, como sífilis, gonorreia, hepatites B e C, por exemplo, que não são evitadas por meio da profilaxia pré-exposição.

Desde 2013, o Ministério da Saúde apoia cinco projetos sobre aceitabilidade e viabilidade da PrEP no país, gerando evidências para a construção da política nacional. Embora os estudos ainda estejam em andamento, é possível afirmar que o procedimento tem tido uma boa aceitação e adesão dos usuários. Atualmente, está em andamento o estudo PrEP Brasil, realizado pela Fiocruz em parceria com o Centro de Pesquisas Clínicas da FMUSP; a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (Manaus) e o Hospital Sanatório Partenon (Porto Alegre). O projeto, que conta com apoio financeiro do Ministério da Saúde, acompanha 500 pessoas sob alto risco de infecção pelo HIV. Os voluntários recebem a medicação para uso diário e têm acesso a aconselhamento para gerenciamento de risco, testagem para HIV e preservativos, com o objetivo de avaliar a adesão à prevenção.

O uso da PrEP também está sendo analisado dentro do projeto Combina!, realizado pela Universidade de São Paulo (USP) com apoio do Ministério da Saúde. O estudo aborda prevenção combinada, sendo a PrEP um dos elementos. Além da PrEP, a pesquisa pretende verificar a efetividade da profilaxia da transmissão do HIV pós-exposição sexual consensual e o uso combinado dos métodos preventivos contra a infecção pelo HIV.  

Estatísticas sobre HIV no Brasil

O Boletim Epidemiológico de Aids demonstra taxas de prevalência de HIV mais elevadas nestes subgrupos populacionais, quando comparadas às taxas observadas na população geral. Enquanto a prevalência na população geral é de 0,4%, nas mulheres profissionais de sexo é de 4,9%. Entre pessoas que usam drogas (exceto álcool e maconha) é de 5,9% e entre gays e homens que fazem sexo com outros homens (HSH) a taxa de prevalência por HIV é de 10,5%.

Desde o surgimento da aids, o país vem tomando posição de vanguarda na oferta de tratamento e assistência às pessoas que vivem com HIV/aids, no âmbito do SUS. O Brasil foi um dos primeiros países do mundo a oferecer o acesso ao tratamento de forma integral e universal desde meados dos anos 1990. Em 2013, o Ministério da Saúde implantou Novo Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e aids, que disponibiliza a medicação para todos com HIV. Antes, o protocolo previa o tratamento apenas quando a infecção pelo vírus atingia um estágio que já era considerado caso de aids. De janeiro a outubro do ano passado, 34 mil novas pessoas com HIV e aids entraram em tratamento pelo SUS. Atualmente, são 498 mil pessoas em tratamento (dados de dezembro de 2016).

Fonte:  Pela Vidda e Orange Life  e Ministério da Saúde

 

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