Risco de trombose faz mulheres desistirem de pílula anticoncepcional

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Em agosto do ano passado, o drama de uma jovem de São Paulo sensibilizou o país.  A estudante de veterinária Juliana Bardella, de 22 anos, precisou ser internada às pressas em um hospital, vítima de trombose venosa cerebral, causada pelo uso de anticoncepcionais. O caso teve grande repercussão nas redes sociais e acendeu o alerta vermelho: afinal, a pílula anticoncepcional pode causar trombose, a mesma doença que vitimou a ex-primeira dama Marisa Letícia após sofrer um AVC?

Após receber alta e recuperada do susto, a universitária fez um post no Facebook em que conta o drama que viveu e faz um alerta às mulheres que usam esse tipo de medicamento. Seu post foi compartilhado por milhares de pessoas. Uma das páginas de Facebook que reúne essas experiências, a “Vítimas de anticoncepcionais a favor da vida”, já conta com mais de 130 mil seguidoras preocupadas que estão pensando em desistir do método. Muitas delas são mulheres que começaram a usar contraceptivos ainda muito jovens.

Um estudo  da Universidade de Nottingham, publicado em 2015,  afirma que as pílulas anticoncepcionais mais recentes oferecem um risco aumentado de trombose venosa. De acordo com a pesquisa, mulheres que tomam anticoncepcionais orais de nova geração, também conhecidos como pílulas de terceira e quarta geração, que contém tipos mais recentes do hormônio progestágenos (drospirenona, desogestrel, gestodeno e ciproterona), apresentam um risco quase duplicado (1,5 a 1,8 vezes superior) de desenvolver o problema em relação às mulheres que tomam contraceptivos orais com progestágenos mais antigos, como levonorgestrel, noretisterona ou norgestimata.

Os pesquisadores apontaram que o número de tromboses a mais por 10 mil mulheres tratadas por ano foi menor (6 casos relatados) entre aquelas que tomam as pílulas mais velhas em comparação com as que tomam desogestrel e ciproterona (14 casos). O presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro (SBACV-RJ), Carlos Peixoto, confirma: um dos fatores relacionados à trombose venosa profunda (TVP) no mundo atual é a pílula anticoncepcional oral. “Estudos recentes relacionam o uso a um risco de até seis vezes maior de desenvolvimento de TVP, quando comparado às mulheres que não usam. Esse indesejado efeito colateral está associado ao tipo de hormônio (estrogênio e/ou progesterona), às respectivas doses e ao tempo de uso”, explica.

Segundo ele, a trombose é a formação de coágulos (ou trombos) dentro do sistema circulatório do corpo humano. A forma mais frequente é a trombose venosa profunda, que ocorre no sistema venoso profundo. Na maioria das vezes a TVP se localiza nos membros inferiores, porém pode atingir qualquer outra parte do corpo, como, por exemplo, membros superiores, sistema nervoso central, retina e o sistema arterial.

Cada caso é um caso

Mas a pílula é realmente prejudicial à saúde da mulher? Segundo o ginecologista do grupo Perinatal, Diogo Rosa, isso pode variar de paciente para paciente. Segundo ele, o risco de utilizar anticoncepcionais hormonais é bem pequeno em pessoas com boas condições de saúde. No entanto, o médico alerta que em alguns grupos específicos, como obesidade, histórico familiar e tabagismo, as chances de ter uma intercorrência são maiores.

E, como mesmo não estando em um grupo de risco para usar a pílula, podem aparecer efeitos adversos, o ideal é consultar um médico antes de decidir o que usar. Dr. Diogo explica que há casos em que a mulher é encaminhada para fazer alguns exames que podem detectar o risco que ela teria ao utilizar determinado hormônio presente na pílula. Ele lembra, ainda, que o anticoncepcional pode ser um aliado no tratamento da endometriose, o que os outros métodos não conseguem fazer.

“Mesmo os métodos hormonais são muito variados.  Há pacientes não podem tomar estrogênio, mas se dão bem com a progesterona, têm pílulas com hormônios combinados, por exemplo. E mesmo a contracepção hormonal tem suas regras. A mulher precisa sempre seguir o horário ou o período certo de tomar, de aplicar a injeção ou colocar o adesivo. A escolha do melhor método deve ser um consenso entre indicação médica e o estilo de vida da paciente”, ressalta.

A chance de o problema ocorrer varia conforme as características dos anticoncepcional oral, tipo e dose da combinação de estrogênio e progesterona e tempo de uso, além das características de saúde da paciente. “Do ponto de vista prático, atualmente as pílulas de segunda geração (que combinam etinilestradiol e levonorgestrel, com dosagem estrogênica inferior a 35 microgramas) são consideradas mais seguras que as de primeira ou terceira geração”, esclarece o especialista.

Os riscos da auto-medicação 

De acordo com Carlos Peixoto, a  automedicação com anticoncepcionais pelas meninas na juventude tem propiciado as flebites e tromboflebites que podem evoluir com quadros agudos de dor e ‘enduração’ no local da lesão e com características inflamatórias. “A ascensão para o segmento profundo pode resultar em embolia pulmonar, que se trata de uma doença grave e muitas vezes mortal”, alerta o especialista.

Outro fator que merece atenção, de acordo com o especialista é a trombofilia. “Trata-se de uma doença em que as pessoas são propícias a formarem trombos e que tem uma caraterística hereditária. Hoje é a cada dia mais prevalente. Pessoas que têm familiares com a doença, devem ser investigados com a pesquisa sanguínea dos anticorpos específicos”, destaca.

Para evitar esse efeito indesejado, a primeira medida deve ser consultar um médico ginecologista para avaliar os riscos e os benefícios do uso do anticoncepcional oral em cada paciente. O especialista fará uma anamnese (entrevista sobre o histórico da paciente), que incluirá a história familiar de doença tromboembólica, para rastreamento das trombofilias (hereditárias ou adquiridas) — que são doenças que causam hipercoagulabilidade sanguínea (propensão de desenvolver trombose) — e que podem se manifestar após o início do uso dos anticoncepcionais orais.

A segunda medida é melhorar a qualidade de vida da paciente, com exercícios físicos supervisionados e regulares, que diminuem o IMC (Índice de Massa Corporal), outro fator de risco para TVP. A abolição imediata e eterna do tabagismo, um conhecido potencializador do risco de TVP em usuária de pílulas, também é outra medida importante. “O que deve ficar bem claro é que na maioria dos casos os anticoncepcionais orais trazem muito mais benefícios do que malefícios às usuárias, desde que sejam prescritos com acompanhamento médico regular”, ressalta Carlos Peixoto.

Fontes:  SBACV-RJ e Perinatal

Confira aqui o post de Juliana Bardella, contando o seu drama:

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