Sete em cada 10 moradores de rua do Rio são usuários de drogas

Em agosto, das 5.811 pessoas em situação de rua na capital, 4.225 eram usuárias de algum tipo de droga, aponta secretária municipal na Alerj

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Mais de 70% dos moradores que vivem nas ruas da cidade do Rio de Janeiro são dependentes químicos. Somente em agosto deste ano, das 5.811 pessoas em situação de rua na capital, 4.225 eram usuárias de algum tipo de droga, incluindo álcool. Isso representa quatro vezes mais dependentes químicos nas ruas do que os 1.101 hoje acolhidos em abrigos municipais. Os dados foram apresentados nesta terça-feira (21/09) pela secretária municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, Laura Carneiro, em audiência pública promovida pela Comissão de Prevenção ao Uso de Drogas e Dependentes Químicos em Geral, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). 

A videoconferência discutiu o atendimento a dependentes químicos pela Rede de Atenção à Saúde durante a pandemia do novo coronavírus e o papel das comunidades terapêuticas na assistência a este público. Representante da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), o coordenador de Atenção Psicossocial, Daniel Elia, disse que hoje há mais de 200 mil pessoas cadastradas na rede de atendimento do estado, sendo mais de 15 mil nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas (CAPSad). 

O presidente da Comissão de Prevenção ao Uso de Drogas e Dependentes Químicos da Alerj, deputado Danniel Librelon (REP), disse que foi registrado aumento nos atendimentos nos CAPSad durante a pandemia. Somente em uma unidade houve crescimento de 43%. Ele ainda citou dados do Ministério da Saúde sobre um aumento de 54% no número de internações no Sistema Único de Saúde (SUS) por abuso no uso de drogas, comparando 2020 e 2019.

Aumento nos atendimentos durante a pandemia

Daniel Elia destacou a necessidade de aumentar o atendimento a pessoas em situação de dependência química, por meio dos CAPSad. “Temos uma rede robusta, mas precisamos avançar na cobertura e dar suporte nas unidades de acolhimento também. Esta é uma necessidade porque elas têm um papel muito importante. Há uma dificuldade institucional, pois é um serviço muito oneroso apenas para os municípios, por isso nosso estado apoia com financiamento”, pontuou.  

O número total de CAPS e especificamente dos CAPSads em operação hoje no estado não chegou a ser apresentado na audiência. No município do Rio de Janeiro, segundo dados da prefeitura, há 18 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), 6 Centros de Atenção Psicossocial Álcool Outras Drogas (CAPSad) – dois deles com unidades de acolhimento adultos (UAA) – e 8 Centros de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSi), totalizando 32 unidades especializadas próprias. 

Librelon também falou sobre a situação especial vivida neste período. “A mudança de rotina, o medo de contaminação e a incerteza em relação ao futuro podem trazer danos à saúde mental. Um dos reflexos é o uso abusivo de medicamentos, álcool e drogas ilícitas”, comentou. Para o deputado, as mudanças sociais podem trazer consequências irreversíveis aos usuários de drogas. “Nos reunimos nesta Comissão para tentar entender de que forma podemos contribuir. Não viemos apontar problemas e sim buscar soluções”, declarou. 

O papel das comunidades terapêuticas

Para a secretária Laura Carneiro, os ‘números assustadores’ de dependentes químicos nas ruas da cidade requerem um atendimento mais abrangente. “Talvez o atendimento via comunidades terapêuticas não seja o ideal, mas há tantas pessoas que pode ser a única possibilidade de ampliação da assistência. É a temática mais difícil a ser enfrentada pelas municipalidades e pelo estado, pois é de alta complexidade”, disse ela. 

Promotora de Justiça da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Saúde da Capital, Madalena Junqueira Ayres também se posicionou na audiência em defesa do fortalecimento dos CAPS e das unidades de acolhimento às pessoas que sofrem com dependência química no estado. 

“Precisamos concentrar recursos, que já são escassos, para este tipo de atendimento. As comunidades terapêuticas têm um papel de acolhimento, mas a política nacional de saúde mental vigente fomenta a utilização dos CAPS, e das unidades de acolhimento, que atuam de maneira rápida e oportuna”, destacou. 

Presidente da Federação Nacional das Comunidades Terapêuticas Cristãs, o pastor Adelmi Gomes de Paiva ressaltou que as comunidades terapêuticas não devem ser excluídas da Rede de Atenção Psicossocial: “Queremos que exista uma política pública que possa inserir as comunidades terapêuticas para que tenhamos o mínimo para trabalhar. Não queremos competir com ninguém, nós queremos somar”.

Da Alerj

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