Tempo frio e seco pode piorar sintomas da asma

Portadores de doenças pulmonares estão no grupo de risco para a Covid-19, alerta infectologista. Veja ainda as dicas de duas pneumologistas

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 300 milhões de pessoas sofrem com a asma no mundo, que já é a quarta maior causa de internação no Brasil e a terceira causa entre crianças e adultos jovens. Dados do Ministério da Saúde apontam que já são 6,4 milhões de pessoas acima de 18 anos com a doença respiratória crônica, que mata até cinco pessoas diariamente no Brasil. Segundo o Datasus, o banco de dados do Sistema Único de Saúde, em média ocorrem 350 mil internações anualmente em decorrência da asma, uma doença que não tem cura.

Com a chegada do invernoa procura por  serviços de emergência por problemas respiratórios aumenta de 20% a 30% nessa época do ano em que a umidade fica baixa. Há um aumento dos casos de asma, mais conhecida como “bronquite asmática” ou “bronquite alérgica”. A doença inflamatória crônica das vias aéreas, em indivíduos suscetíveis, pode causar episódios recorrentes de chiado, falta de ar e tosse, devido à obstrução ao fluxo aéreo.

Em casos mais graves, pode haver o impedimento da passagem do ar pelo sistema respiratório, o que é algo extremamente preocupante neste momento de pandemia pela Covid-19. As doenças respiratórias têm seu pico de incidência no inverno, e com isso há aumento da procura pelos serviços de saúde. Neste Dia Nacional de Controle da Asma, 21 de junho, reunimos informações de especialistas sobre o tema.

Os pacientes com asma preferencialmente devem ter os remédios prescritos para a prevenção e tratamento de crises em suas residências para que, em casos leves, não necessitem sair de casa. Para casos moderados e severos, mesmo em tempos de pandemia, é recomendável que o paciente procure atendimento médico”, adverte Alberto Chebabo, infectologista do Lâmina Medicina Diagnóstica, laboratório que integra a Dasa.

Além do mais, pacientes portadores de enfermidades pulmonares, como a asma,  têm maior risco de desenvolver complicações caso sejam infectados pela doença causada pelo novo coronavírus, alertam especialistas.

Em casos mais graves, o vírus pode provocar uma reação inflamatória no pulmão, o que pode ser fatal, especialmente para pessoas portadoras da asma. Essa doença que pode se iniciar em qualquer faixa etária, não só em crianças, e portanto, todos os pacientes devem procurar um especialista para avaliar o seu quadro de saúde caso apresentem falta de ar, tosse persistente e sensação de chiado no peito”, ressalta.

A fata de ar é o principal sintoma, e o mais grave, nas crises de asma. Segundo o médico, a Covid-19 também pode apresentar a falta de ar, o que exige, portanto, para realizar o diagnóstico diferencial em asmáticos, a observação de outros sinais como dores pelo corpo, cefaleia e febre, incomuns em crises asmáticas. Por ser uma doença crônica, a asma pode deixar o paciente mais vulnerável a infecções secundárias. Essas infecções podem ser causadas por bactérias (pneumonia bacteriana) ou por vírus, inclusive o novo coronavírus.

Importância de manter acompanhamento médico

Ana Paula Cruz Gonçales, pneumologista pediátrica do Hospital Sepaco, faz um alerta à população sobre a importância de ter um acompanhamento médico para não ser acometido por doenças que podem acarretar em crises graves. “A asma é resultado de interações entre fatores ambientais e genéticos, pode se manifestar em qualquer fase da vida e também fora do período sazonal. A boa noticia é que, com tratamento adequado, as crises podem ser amenizadas e os sintomas controlados durante todo o ano”, destaca a especialista.

Durante o inverno, os dias são mais frios, secos e há um maior acúmulo de poeira e poluição, fazendo com que os pacientes acabem sofrendo mais com as crises, principalmente, as crianças e os idosos que são mais sensíveis a estes “agentes externos”, os chamados alérgenos.

Quando a mucosa respiratória é agredida por agentes externos, envia um sinal de alerta para a medula óssea, que por sua vez produz células especiais de defesa. Este sinal é recebido como um ‘alerta de ataque’ ao aparelho respiratório e, literalmente, ‘contra ataca’ ao mandar células especiais que provocarão um processo inflamatório nas vias aéreas (brônquios) para expulsar estes ‘invasores’. Quem possui a doença descreve como um ‘sufocamento’, com muita tosse, falta de ar, cansaço, sensação de aperto e chiados no peito, isso devido à obstrução variável do fluxo aéreo causada pela inflamação das vias respiratórias.

Imunização e controle ambiental

Chebabo ressalta que a imunização contra outras doenças respiratórias é importante neste período, sobretudo com a chegada do inverno. “Os portadores da asma também devem se vacinar o quanto antes contra o pneumococo e influenza (gripe). Dessa forma, o paciente se prepara para o inverno, período mais crítico para a asma, além de reduzir a chance de infecções e a necessidade de procurar os serviços de saúde, reduzindo assim o risco de contágio pela Covid”, explica.

Além de continuar com os tratamentos receitados pelo médico, o paciente asmático deve seguir todas as medidas de proteção como usar máscaras, lavar as mãos e, principalmente, ficar em casa se for possível. Medidas simples, como por exemplo, reduzir poeira e ácaros, pelos de animais e outros alérgenos (alimentares e inalantes) também contribuem para a redução de crises.

A médica ressalta que a doença não tem cura, mas pode ser controlada, as crises evitadas ou até amenizadas, com controle ambiental associado à medicações especificas para cada paciente e de acordo com a gravidade da sua doença. Desta forma, é necessário estar atento, inclusive a outros alérgenos, tais como cigarros, ácaros, mofos, poeiras, pelos de animais, produtos com cheiros fortes (perfumes, incensos, tintas, vernizes etc).

Ana Paula destaca que é importante toda a família ter consciência das causas que agravam as crises de asma e criarem hábitos saudáveis, contribuindo assim para que as pessoas asmáticas não sofram tanto e possam ter uma melhor qualidade de vida.

Não subestime os sintomas, alerta pneumologista

A médica pneumologista Fernanda Miranda de Oliveira, que atende em consultório no centro clínico do Órion Complex, alerta que muitos não dão a devida atenção à doença. Ela alerta para que os sintomas não sejam subestimados, considerando que os asmáticos não controlados podem piorar com o tempo frio e seco.  “É muito frequente que a pessoa subestime seus sintomas, pois tem épocas que a doença pode ser leve e os sintomas desaparecem e tem momentos em que pode piorar muito, necessitando atendimentos de emergência, e os pacientes muitas vezes só procuram atenção médica na hora das crises”.

Ela lembra que, dentre os complicadores do novo coronavírus (Sars-Cov-2), estão as doenças respiratórias, por isso os asmáticos estão no chamado grupo de risco para a Covid-19. Fernanda Miranda salienta que essas pessoas devem seguir as orientações recomendadas para todos os doentes crônicos. “É preciso restringir o convívio social e, quando possível, desenvolver atividades na forma de home office. Devem ser vacinados contra gripe e pneumonia pneumocócica e seguir as recomendações determinadas pelo Ministério da Saúde em caso de febre e sintomas respiratórios.”

A médica diz que, se for preciso o tratamento da asma pode ser ajustado, conforme recomendações feitas do médico, o que não pode haver é a suspensão dos remédios. “Não se deve suspender nenhuma medicação por conta própria. É preciso evitar lugares fechados e com aglomeração de pessoas, manter-se hidratado, evitar exposição ao ar frio, não fumar e manter seu calendário vacinal em dia”, ressalta a pneumologista.

Os sintomas da asma são falta de ar ou dificuldade para respirar, sensação de aperto no peito ou peito pesado, tosse e chiado no peito. “Por serem sintomas comuns a outras doenças, pode ser confundida e haver demora no seu diagnóstico, principalmente quando a pessoa convive com os sintomas não buscando atenção médica. Às vezes os sintomas podem desaparecer sozinhos, mas a asma continua lá, uma vez que não tem cura”, ressalta a pneumologista.

Fernanda Miranda salienta que alguns momentos a doença pode aparecer com mais frequência. “Esses sintomas variam durante o dia, podendo piorar à noite ou de madrugada e com as atividades físicas”. A médica explica também que existem gatilhos que podem desencadear a doença. “São fatores que quando o asmático é exposto a eles podem piorar muito a asma ou fazer aparecer sintomas como exposição a ácaros, fungos, pólens, pêlos de animais de estimação, fezes de barata, infecções virais, fumaça de cigarro, poluição ambiental e ao ar frio”.

Tratamentos

Entre os tratamentos mais comuns está a popular “bombinha”: um remédio inalatório administrado através de um dispositivo. “Os médicos preferem usar o termo dispositivo porque retira a ideia de que o remédio é ruim (bomba). Também faz o paciente entender melhor que dispositivo é a maneira como o medicamento será aplicado, já que ele armazena os diferentes tipos de remédios (broncodilatadores e corticoides inalatórios)”, conta a especialista.

Segundo ela, a maioria dos pacientes com asma é tratada com dois tipos de medicação: a controladora ou de manutenção que serve para prevenir o aparecimento dos sintomas e evitar as crises de asma e, a de alívio ou de resgate, para aliviar os sintomas quando houver piora da doença. “A asma varia de asmático para asmático e varia também ao longo do tempo em um mesmo indivíduo. Por isso, o tratamento deve ser individualizado. Um mesmo tratamento pode ter sua dose modificada conforme a necessidade”, afirma Fernanda.

Com Assessorias

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