Ter amigos faz bem para o coração e até evita a depressão

Cardiologista lista benefícios da amizade para a saúde do coração. Psicólogo mostra como amigos podem ajudar em casos de depressão

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Em tempos de isolamento social os encontros com os amigos se tornaram escassos. Mas nem por isso as boas amizades foram deixadas de lado. Está cada um no seu canto, mas todos conectados via tecnologia. E uma boa amizade é importante não apenas pra colocar a conversa em dia. Segundo dados de uma pesquisa da Universidade Brigham Young, dos Estados Unidos, ter  relações sociais pode ser tão importante, ou mais, do que exercitar e se alimentar bem. 

De acordo com Augusto Vilela, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e médico do Departamento de Cardiologia da Rede MaterDei e do Hospital Belo Horizonte, as boas relações sociais são importantes para que as pessoas mantenham a saúde emocional, mas a saúde do coração também agradece. “O convívio reduz a quantidade do hormônio do estresse (o cortisol) e estimula a produção de todos os hormônios ligados à felicidade, capazes de aumentar a resistência a dores (as endorfinas), combater estados depressivos.

Os benefícios de ter amizades podem ser observados em vários sistemas do organismo, em especial o cardiorrespiratório. “A melhoria na qualidade de vida tem efeitos diretos na respiração, na pressão arterial e batimentos cardíacos” acrescenta. Ter amigos melhora ainda indicadores como o colesterol e a glicose no sangue. “Com isso, o sistema imunológico também evolui e se fortalece” completa.

Dia do Amigo, comemorado em 20 de julho, é mais uma oportunidade para celebrar e também reforçar os laços de amizade. Ter amigos traz benefícios tanto para a saúde mental como física, pois vínculos afetivos despertam as emoções positivas, promovendo bem-estar. “Alguns estudos mostram, por exemplo, que essas emoções influenciam nos batimentos cardíacos. Um estudo da Universidade Columbia, nos EUA, mostrou que pessoas que tem amigos são normalmente mais felizes, entusiasmados e satisfeitos com a vida”, completa.

As mudanças de hábito provocadas pelo surgimento da covid-19 têm impactado não só na saúde física da população, mas também na saúde mental. Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) , divulgado antes da pandemia, revelou que a depressão é um problema crescente no país e já atinge 11,5 milhões dos brasileiros. Além disso, o levantamento mostrou que, no Brasil, mais de 18 milhões de pessoas sofrem de distúrbios relacionados à ansiedade.

O psicólogo Rodrigo Linhares, coordenador do curso de Psicologia da Anhanguera Campo Limpo, explica que a pandemia tem colaborado para desencadear problemas emocionais, já que esse momento tem gerado um excesso de informações, despertado insegurança, incerteza e medo – pelo desconhecido e de ser contaminado e também pelo exigido isolamento social. Não à toa, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus , afirmou em maio deste ano que o impacto da pandemia na saúde mental das pessoas já era extremamente preocupante.

Linhares explica que o momento que estamos vivendo torna ainda mais importante a proximidade com aqueles que gostamos. “Diante do perigo, o organismo aciona o nosso sistema de luta ou fuga e liberamos o cortisol – conhecido como hormônio do estresse. No caso do coronavírus, entretanto, o isolamento reduz as possibilidades de fuga. Todo esse cenário contribui muito para o aumento dos casos de depressão e também de ansiedade e estresse pós-traumático. Por isso, contar com os amigos nessa fase, mesmo de forma virtual, pode ajudar a lidar com o momento, que é atípico para todos, e ser um fator protetivo para nossa saúde mental”, afirma.

Como ajudar

Reconhecer os sintomas iniciais da depressão é essencial para conseguir ajudar quem passa pelo problema. Entre os principais sinais de alerta estão: irritabilidade, desinteresse, falta de motivação e apatia, desespero, sentimento de vazio, pessimismo, sensação de culpa, de inutilidade e de fracasso, além de baixa autoestima . Falta de ânimo ou energia incapacitante também estão nessa lista. “A pessoa deve ficar atenta se não se sentir capaz de se arrumar, pentear o cabelo, tomar banho; ou executar pequenas atividades domésticas e de home office, por exemplo. Além disso, ter pensamentos obsessivos, falta ou excesso de sono e apetite, interpretação distorcida e negativa da realidade, dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento também indicam que algo pode estar errado”, explica Rodrigo Linhares.

O apoio de amigos e familiares faz muita diferença para quem está deprimido ou com sintomas iniciais dessa doença. Por isso, o coordenador do curso de Psicologia da Anhanguera Campo Limpo elenca algumas dicas para aqueles que querem contribuir de alguma forma:

• Ouça mais e fale menos;

• Mantenha contato constante, mostre que está “presente” ou peça a alguém próximo;

• Tenha empatia e não faça julgamentos. Evite dar sermão, condenar, opinar ou banalizar;

• Não cobre grandes mudanças de hábitos, pois isso desperta ansiedade. Respeite os limites do amigo;

• Use a tecnologia a seu favor. Com ela, é possível reduzir o isolamento através de atividades em rede, como jogos e vídeo chamadas, além de ser um meio para leitura, estudos, psicoterapia on-line e um guia para exercícios físicos, o que ajuda a manter a mente ocupada e corpo em movimento;

• Incentive a consulta com um profissional. Quando os sintomas se tornam graves a ponto de atrapalhar as relações interpessoais de estudo ou trabalho, além das funções vitais, como sono e apetite, está na hora de buscar auxílio de um especialista.

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