‘Ter um filho com câncer é muito doloroso’

Presidente voluntária da Casa Ronald McDonald do Rio de Janeiro conta como transformou sua dor em ajuda a 3 mil crianças vítimas da doença

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A Semana da Mulher foi recheada de histórias de sucesso de mulheres que venceram na vida, driblaram a crise e conseguiram chegar lá. Mas para muitas mães, sucesso não é nada disso. Elas só queriam ter perto de si seu bem mais precioso: seu filho. Tem histórias de superação de mulheres que a gente não gostaria de contar porque sente a dor junto com elas. Mas esta é um exemplo de vida e precisa ser contada para inspirar muitas outras e ajudar muito mais gente.

Ter um filho com câncer é muito doloroso.  Foram seis anos de tratamento com altos e baixos, passando por três recaídas. Perdemos a luta, mas com apoio da família e de amigos que vivenciaram a minha batalha, decidi ser voluntária para preencher o vazio que ficou na minha vida.

O relato é de Sonia Neves, mãe do Marquinhos, que morreu aos 14 anos, 29 anos atrás, de Leucemia Linfóide Aguda. Ela transformou seu sofrimento pessoal em uma causa de vida. Foi graças a seu esforço pessoal que o Rio de Janeiro ganhou, em 1994, a primeira Casa Ronald da América Latina, um espaço para acolher crianças vítimas de câncer durante a fase de tratamento.

Tratamento nos Estados Unidos

Sonia, com o filho Marquinhos, diagnosticado aos 8 anos com câncer (Álbum de Família)

A vinda do projeto para a cidade aconteceu depois de perder seu filho caçula para o câncer. Em 1989, Marquinhos, com 8 anos de idade, foi diagnosticado com a doença. Depois de um longo período de tratamento em alguns hospitais do Rio de Janeiro, os médicos disseram que a única possibilidade de cura seria um tipo de transplante que ainda não existia no Brasil.

Com a ajuda financeira de amigos, a família foi para Nova York, e teve a oportunidade de ficar numa Casa Ronald McDonald, enquanto o filho fazia o tratamento. Lá encontrou um lugar acolhedor, hospedagem gratuita, alimentação e todo o suporte junto a profissionais, além de outros pais na mesma situação.

Infelizmente, Marquinhos não sobreviveu à doença. Na volta ao Brasil, em 1990, Sonia tornou-se voluntária no Instituto Nacional do Câncer (Inca). Foi lá que conheceu o presidente do McDonalds, contou sobre a experiência em Nova York, e questionou por que não havia uma Casa Ronald McDonald no Brasil. Assim começou uma das maiores mobilizações pela causa do câncer no país.

Hoje sou feliz, pois posso dividir com outras crianças com câncer o amor que transborda no meu coração e presenciar a vitória de muitas delas. Há 29 anos meu filho Marquinhos virou um anjo e ele continua fortalecendo a mim e a todos que se solidarizam com a causa que abracei”, conta a presidente voluntária da Casa.

Para ela, o lugar tem um significado muito grande. “Representa a continuação do amor ao filho, que agora é dividido com todas as crianças e adolescentes que aqui se hospedam”, revela.

Redução na taxa de abandono do tratamento

Uma das principais vitórias da Casa Ronald McDonald-RJ é a redução da taxa de abandono do tratamento – muitas vezes, interrompido por falta de recursos da famí­lia para locomoção até o hospital. Ao diminuir a necessidade de internação, a Casa também contribui para a redução de infecções hospitalares.

Desde a sua fundação, a instituição se orgulha de já haver atendido e melhorado a qualidade de vida de mais de 3.000 crianças e adolescentes, e contribuiu para o aumento do í­ndice de cura do câncer infantojuvenil.

A instituição oferece, gratuitamente, hospedagem, alimentação, transporte para os hospitais. De forma complementar para atender sua missão, proporciona suporte psicossocial, atividades recreativas aos pequenos pacientes e suas famílias, cursos profissionalizantes, acompanhamento escolar.

Programas como Bolsa de Alimentos, Amor de Casa, entre outros projetos sociais, também garantem a Atenção Integral às famílias que passam pelo tratamento de câncer infantojuvenil.

Todo trabalho é considerado de utilidade pública porque permite a liberação de leitos em hospitais para pacientes que realmente necessitem de internação. A indicação para hospedagem na Casa Ronald McDonald-RJ é feita pela equipe de assistentes sociais, médicos e, ainda em casos emergenciais, pela enfermagem dos hospitais conveniados. 

PRÊMIOS

Em outubro de 2018, a instituição recebeu dois certificados que condecoram a seriedade e a transparência do trabalho realizado em prol das famílias. Na Finlândia, ganhou o primeiro lugar da premiação IPMA (International Project Management Association), como melhor Programa de Planejamento Estratégico de ONGs em todo o mundo – Program of Excellence in Management Project Organizational Culture Transformation.

Em São Paulo, foi eleita uma das 100 melhores ONGS do Brasil na segunda edição do Guia Melhores ONGs, uma iniciativa do Instituto Doar e da Rede Filantropia.

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