Câncer de intestino de Simony acende alerta para diagnóstico precoce

Especialista alerta sobre a importância do diagnóstico precoce. Exame de colonoscopia aumenta chance de cura em até 90%

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Na última quarta-feira (03/08), Simony, conhecida por seu sucesso nos anos 90 com o grupo Balão Mágico, revelou que está com câncer no intestino. A cantora descobriu o tumor após fazer uma colonoscopia para investigar um caroço (íngua) na região da virilha. Esse exame é indicado pelo proctologista, médico que deve ser procurado quando houver sintomas relacionados a doenças do intestino e ânus.

Segundo a coloproctologista do Hospital e Clínica São Gonçalo (HCSG), Bruna Bavaresco, uma consulta deve ser agendada com esse especialista em caso de dor ou sangramento anal, alteração do ritmo intestinal (prisão de ventre ou diarreia), dor abdominal, emagrecimento sem justificativa e anemias.

“Se o paciente não apresenta nenhum sintoma e não tem história de câncer ou pólipos intestinais na família, está indicado à realização de colonoscopia a partir dos 45 anos. Nesses casos, a colonoscopia é um exame de rastreio, assim como a Mamografia e o Papanicolau (preventivo do colo de útero), por exemplo”, explica a médica.

A médica complementa que as pessoas mais propensas a desenvolverem câncer de intestino são as que possuem história pessoal de pólipos intestinais prévios, história pessoal de neoplasia de mama, pessoas com parentes de primeiro grau com pólipos ou câncer colorretal, portadores de doenças inflamatórias intestinais, obesos e tabagistas.

“Caso a pessoa seja portadora de doença inflamatória intestinal, ou haja na família parentes de primeiro grau que desenvolveram câncer de intestino, o rastreio deve iniciar em idades mais precoces”, explica.

Segundo a médica, quando ocorre em pacientes mais jovens, inclusive abaixo dos 45 anos, usualmente, está associada a síndromes familiares genéticas ou doenças inflamatórias intestinais. “Nessas síndromes, é interessante ter o aconselhamento de um coloproctologista em todos os parentes de primeiro grau”, reitera

O câncer de intestino não costuma dar sintomas e, quando surgem normalmente, a lesão já está mais avançada e o tratamento será baseado em alguns fatores como: estágio da doença, qual a localização do tumor no intestino, presença ou ausência de metástases, idade, condições clínicas e comorbidades do paciente.

“O tratamento será feito através da quimioterapia e radioterapia associadas ou não à cirurgia. Em casos muito precoces, podem ser até mesmo retirados durante o próprio exame de colonoscopia. Por isso é tão importante a realização de exames para detecção da doença em estágios iniciais, quando a chance de cura chega a cerca de 90%”, lembra a especialista.

Quando os sintomas aparecem, os mais comuns são: sangramento anal, dor abdominal, alterações na frequência evacuatória (ou mais rápida ou mais lenta), emagrecimento injustificável e anemia.

Câncer de intestino avança entre os mais jovens

A comunidade médica tem se dedicado, cada vez mais, a informar e conscientizar a sociedade sobre o câncer colorretal. A doença — também conhecida como câncer do intestino — acomete o cólon e o reto. Para o triênio 2020-22, a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostra 20.540 novos casos da doença em homens e 20.470 em mulheres, a cada ano.

câncer colorretal é tratável e, na maioria dos casos, curável, se detectado precocemente. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer Americano (SEER – Surveillance, epidemiology, and end results), que rastreia as taxas de sobrevida em cinco anos para o câncer de cólon e reto, a taxa de sobrevida de pacientes com diagnóstico precoce chega a 90%, caindo para 70% em casos mais avançados e para 15% em pacientes com metástase. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso.

Sidney Klajner, cirurgião do aparelho digestivo, coloproctologista e presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, explica que, apesar de a incidência deste tipo de tumor ser mais frequente na população acima dos 50 anos, casos em pacientes mais jovens vêm sendo cada vez mais frequentes nos consultórios.

Um estudo divulgado em 2017 pela Sociedade Americana de Câncer revelou que o número de casos de tumor colorretal já estava aumentando entre adultos jovens. Em pacientes de 20 a 39 anos, para se ter uma ideia, a taxa de incidência de câncer de intestino vinha crescendo entre 1% e 2,4% anualmente desde a década de 1980.

Segundo o especialista, de lá para cá, sobretudo em decorrência dos hábitos da vida moderna, essa curva continua em crescimento. “Cada vez mais a população se afasta dos hábitos saudáveis, apresentando piora na qualidade da dieta, aumento das taxas de obesidade e diminuição da prática de atividade física. O tabagismo e o consumo de álcool também estão associados a este tipo de tumor”, relembra.

Para que a alta dos números do câncer colorretal seja revertida ao longo dos próximos anos é necessário focar em prevenção — tanto primária, com a adoção de hábitos saudáveis, como secundária, com o rastreamento da doença. O médico da atenção primária entra como peça-chave nesse contexto.

Rastreio deve começar aos 45 anos

Sergio Eduardo Alonso Araujo, médico coloproctologista, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Coloproctologia e diretor médico do Centro de Oncologia e Hematologia Einstein Família Dayan — Daycoval, observa que, no cenário atual, o homem, especialmente a partir dos 45 anos, faz um acompanhamento anual com o urologista, e a mulher com o ginecologista, mas, em geral, não costumam se submeter a avaliações do intestino.

“A repetição anual do exame de sangue oculto nas fezes, indicado a partir 45 anos àqueles que não tem histórico de pólipos ou câncer de intestino na família, é fundamental para o diagnóstico precoce e início aos cuidados”. O exame de sangue oculto nas fezes avalia a presença de pequenas quantidades de sangue nas fezes, que podem ou não ser visíveis a olho nu.

Há ainda os casos em que os pacientes têm histórico familiar, em que o rastreio precisa começar 10 anos antes da idade de descoberta do tumor pelo familiar diagnosticado com câncer ou pólipos que foram removidos antes mesmo de evoluírem para a forma agressiva da doença — no caso de parentes de primeiro grau. “Em uma família na qual um pai foi diagnosticado com câncer colorretal aos 48 anos, os filhos devem iniciar o rastreamento aos 38”, explica Alonso.

Mitos e estigmas afastam os pacientes do consultório

Muito além da falta de rastreabilidade, a comunidade médica constantemente vem se deparando também com mitos e estigmas que afastam os pacientes do consultório, fazendo com que os diagnósticos sejam tardios, tornando impossível qualquer forma de tratamento.

Entre os principais equívocos, estão: imaginar que a prevenção do câncer de próstata também serve para prevenção de câncer colorretal; todos os pacientes com câncer colorretal usarão estomia (bolsa ligada ao corpo que coleta as fezes); e o sangramento nas evacuações sempre está ligado à hemorroida

Com Assessorias

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