Como atravessar o fim de ano sem um ente querido que se foi

João Paulo vai passar o primeiro Natal sem a mãe: ‘Temos que valorizar cada etapa da nossa história ao lado de quem amamos”. Assistente social que coordena projeto com enlutados mostra como é possível elaborar o luto

Luto, solidão e tristeza, sentimentos cada vez mais presentes na pandemia (Banco de imagens)
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Natal é, culturalmente, sinônimo de confraternização, casa cheia e família reunida. Mas, para quem perdeu pessoas queridas, as celebrações de fim de ano trazem lembranças e, com elas, a dificuldade para participar desses eventos sociais.

O professor João Paulo, de 36 anos, vai vivenciar este ano o primeiro Natal sem a presença da sua mãe, que faleceu há quatro meses. “É muito estranho pensar o Natal sem trocar mensagem com ela. Mas, ao mesmo tempo, estou recodificando a solidão que estou sentindo agora, aprendendo que temos que valorizar cada etapa da nossa história, ao lado de quem amamos”, diz ele.

Depois que ingressou em um grupo de apoio ao luto, João Paulo percebeu que não existe superação na perda, mas adaptação a uma nova vida. “Neste processo de elaboração do luto, ao lado de outras pessoas que estão atravessando um sofrimento semelhante, decidi que não vou abandonar o espírito natalino, quero compensar a dor praticando o bem, seja com uma atitude, uma palavra de carinho, um gesto de amor. Assim será a minha celebração desta data”, revela.

João frequenta, atualmente, o grupo Amigos Solidários na Dor do Luto do Rio de Janeiro (ASDL-RJ), gerenciado pela assistente social Márcia Torres, coordenadora da campanha A Vida não Para. A profissional explica que é preciso reorganizar os sentimentos, elaborar o luto e seguir em frente. É justamente esta mensagem que ela passou no último encontro da campanha, no dia 19 de dezembro, no Crematório e Cemitério da Penitência, no bairro do Caju.

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O luto tem fim e a pessoa precisa ressignificar sua vida

“Elaborar o luto é aceitar que há início, meio e fim. As pessoas acham que o luto não vai acabar nunca, mas acaba. Quando a pessoa consegue aceitar que precisa continuar e ressignificar a vida dela, já não tem mais aquele sofrimento constante. Ela sente saudade, mas é de maneira menos sofrida”, explica.

Segundo Márcia Torres o primeiro ano de enlutamento é o mais difícil. “Será a primeira vez que o enlutado irá se deparar com a ausência do ente querido nas festividades. Não há como se preparar para esse momento”.

A melhor maneira de ajudar uma pessoa que está passando o primeiro ano de luto, segundo a especialista, é apenas acolher e aceitar que ela rejeite as festas e comemorações, além de criar uma rede de apoio ao enlutado.

“Agindo assim, já estamos prestando uma ajuda, respeitando o tempo de cada um. Na verdade, o enlutado sempre diz que preferia que os dias comemorativos não existissem no calendário, especialmente o Natal e Ano Novo, que lembra os momentos ao lado de quem partiu, especialmente se o falecido era uma pessoa que gostava do clima de festa. Romper esta barreira é muito difícil”.

Serviço

A campanha A Vida não Para é promovida pelo Crematório e Cemitério da Penitência com apoio do Grupo Amigos Solidários na Dor do Luto. As reuniões são gratuitas e acontecem todas as quartas-feiras, às 10h, no Cemitério da Penitência, que fica à Avenida Monsenhor Manuel Gomes, 307, no Caju.

Fonte: Crematório e Cemitério da Penitência

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