Se a pessoa já possui um processo de obstrução em desenvolvimento, restringindo a passagem de sangue pelo vaso coronariano, durante o inverno essa condição pode piorar. “A contração das artérias, devido ao frio, reduz o fluxo sanguíneo e provoca um desequilíbrio adicional entre a oferta e a demanda de oxigênio levado ao músculo do coração”, acrescenta.
O que é vasoconstrição e porque ela ocorre?
Infarto no inverno: alimentação também pesa
Outra condição que pode estar diretamente relacionada a esse número é a alimentação. Na luta entre gastar energia para manter uma temperatura adequada, o organismo pede por mais comida e, instintivamente, o ser humano procura comer alimentos mais calóricos e ricos em gordura, por serem fontes mais robustas de energia. “A má alimentação tem íntima relação com o processo de formação e deterioração das placas de gordura que entopem nossas artérias e conduzem ao infarto”, esclarece Dr. Maurício.
Mas de que forma isso pode ser evitado? Além de permanecer realizando as atividades físicas que mais lhe agradam em dias frios, também é aconselhado a ida ao médico para uma avaliação de saúde periódica. “Cultivando a saúde e controlando doenças hoje, nós colhemos prevenção de complicações no amanhã”, destaca. Outras maneiras de prevenir o ataque cardíaco é manter uma alimentação balanceada, o controle emocional e também a supervisão de possíveis doenças subjacentes, como hipertensão arterial, diabetes e colesterol alto.
Ele lembra ainda que uma das preocupações de médicos de outras especialidades era que as pessoas deixassem de procurar o atendimento por medo do contágio da Covid-19. “Infelizmente, esse receio se concretizou. Perdemos muitas vidas para o medo”, enfatiza Dr. Maurício. O médico relata que alguns pacientes, com sintomas relativamente leves, mas que em situações normais buscariam atendimento, relutaram em se dirigir aos hospitais para avaliação.
Outros, por falta de renovação de orientações e até vencimento de receitas médicas, interromperam suas medicações. Além de casos em que foi ocasionado o infarto pela falta de avaliação preventiva. “Neste ano, por diversos motivos, de pouco em pouco os atendimentos estão se regularizando. Mas ainda é incerto quantos se encontram amedrontados em buscar seus médicos para atualizar suas avaliações”, conclui.
Infarto no inverno: cuidados para proteger o coração
• Nas atividades ao ar livre, é importante estar agasalhado e proteger as extremidades com luvas, meias e calçados fechados. Se for nadar, leve um bom agasalho (saída de banho) para se proteger e aquecer ao sair da água. Prolongue o período de aquecimento para dar tempo ao seu organismo de se preparar para a atividade. Lembre-se, o coração já está sob uma carga maior de trabalho, portanto, se aumentar subitamente e em muitas vezes essa sobrecarga, talvez ele não suporte;
• Na medida que o corpo for aquecendo, diminua gradativamente a quantidade de agasalhos, mas evitar ficar muito exposto ao frio e mantendo sempre as mãos protegidas;
• Do mesmo modo que no aquecimento, prolongue o tempo de recuperação reduzindo gradativamente a intensidade do exercício, informando ao sistema cardiovascular que a atividade está chegando ao fim. Finalize com um bom alongamento;
Bons hábitos podem prevenir isquemias
A cirurgiã vascular Fátima El Hajj ressalta que o risco de problemas vasculares, como as isquemias de membros inferiores em pacientes arteriopatas, podem ser potencializadas durante o inverno. Segundo ela, o frio contrai as artérias, ocasionando a má circulação do sangue. Pés e mãos frias, dedos azulados, dor forte nos pés, mesmo em repouso, úlceras e feridas nos membros são sintomas que devem ser observados e tratados.
Ela explica que a prevenção é baseada em bons hábitos de vida: alimentação saudável, exercícios físicos regulares e não fumar. “A dieta mediterrânea, rica em vegetais frescos, proteína magra, frutas antioxidantes e gorduras saudáveis pode ser uma grande aliada para a saúde cardiovascular”, explica a especialista. Além disso, é importante manter os exames preventivos em dia, como índice tornozelo-braquial (ITB), realizado no próprio consultório, e o Ultrassom Doppler, que é o “estetoscópio” do cirurgião vascular.
“Em nenhuma doença o paciente deve se automedicar, especialmente nas patologias vasculares que o tratamento envolve antiagregante plaquetários e anticoagulantes, que podem ocorrer sangramentos graves sem a orientação médica. Para quem apresenta dor sem isquemia crítica, o tratamento é medicamentoso aliado a mudança de hábitos de vida e atividade física orientada. Mas, quando se apresenta dor em repouso e lesão trófica, normalmente são abordados cirurgicamente”, explica.