Monkeybox: Rio confirma primeiro caso da varíola dos macacos

Brasileiro de 38 anos veio de Londres com quadro leve da doença. Fiocruz reforça: caso não é autóctone, ou seja, não foi transmitido no país

Testagem para o vírus monkeybox, transmissor da "varíola dos macacos", é feito na Fiocruz (Foto Dado Ruvic / Reuters / via Agência Brasil)
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A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-Rio) confirmou nesta quarta-feira (15) o primeiro caso da varíola dos macacos (monkeypox) na cidade. A vítima é um brasileiro, de 38 anos, que mora em Londres, na Inglaterra. Ele chegou ao Brasil no sábado (11) e, no dia seguinte, procurou atendimento médico no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (INI/Fiocruz).

As amostras clínicas foram encaminhadas ao Laboratório de Biologia Molecular de Vírus do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LBMV/IBCCF/UFRJ), que é referência nacional. O resultado confirmando monkeypox foi liberado na noite do dia 14 e as autoridades sanitárias foram comunicadas em seguida.

“Ele está com sintomas leves, em isolamento domiciliar e sob o monitoramento da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS-Rio). Todos os seus cinco contactantes estão em investigação para orientações e monitoramento”, informou a secretaria.

A pasta acrescentou ainda, que a SVS-Rio mantém vigilância ativa para detecção oportuna de casos da doença no Rio. A Superintendência de Vigilância “também está monitorando o cenário epidemiológico nacional e internacional mantendo as unidades de saúde informadas e orientadas para vigilância, alerta e resposta a eventos de saúde pública”, finalizou.

Fiocruz reforça: ‘transmissão não ocorreu no Brasil’

A Fiocruz, por meio do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), também informou o acompanhamento médico de um caso de monkeypox. Na nota, a Fundação destaca que o “caso não é autóctone, ou seja, a transmissão da doença não ocorreu no Brasil”

O paciente procurou o INI/Fiocruz no dia 12 de junho, com sintomas leves e uma única lesão na pele. Os exames para diagnóstico foram coletados no mesmo dia e analisados por sequenciamento genético do vírus. O paciente passa bem e está em isolamento domiciliar.

A Fiocruz informou ainda que “detalhes que possam identificar o paciente não serão divulgados em respeito à confidencialidade da relação médico-paciente, de acordo com o estabelecido pelo Código de Ética Médica do Conselho Federal de Medicina (CFM)”.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) informam que o caso foi imediatamente comunicado ao Ministério da Saúde (MS) e que o monitoramento do paciente e dos contactantes está sendo realizado pela Vigilância Municipal, com apoio da Vigilância Estadual. Ele apresenta bom quadro clínico de saúde.

Em maio, o CIEVS enviou comunicado de alerta às secretarias nunicipais de Saúde orientando quanto à detecção e ao monitoramento de possíveis casos da doença. A medida tem como objetivo garantir que as vigilâncias municipais e estadual sejam notificadas dos possíveis casos e possam fazer o acompanhamento da evolução da doença.

Entenda a varíola dos macacos

De acordo com a SES, a Monkeypox é uma doença viral, e a transmissão entre humanos ocorre principalmente por meio de contato pessoal com secreções respiratórias, lesões de pele de pessoas infectadas ou objetos recentemente contaminados. A doença causa erupções que geralmente se desenvolvem pelo rosto e depois se espalham para outras partes do corpo, incluindo os órgãos genitais.

Os casos recentemente detectados apresentaram uma preponderância de lesões na área genital. A erupção cutânea passa por diferentes estágios e pode se parecer com varicela ou sífilis, antes de finalmente formar uma crosta, com posterior cicatrização. Quando a crosta desaparece, a pessoa deixa de infectar outras pessoas. O período de incubação é de 6 a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias.

Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, adenomegalia, calafrios e exaustão. Em caso de suspeita da doença, o paciente deve ser isolado até o desaparecimento completo das lesões. O tratamento é baseado em medidas de suporte, com o objetivo de aliviar sintomas, prevenir e tratar complicações e sequelas.

Anvisa orienta serviços de saúde quanto ao manejo de casos

A Anvisa publicou a Nota Técnica 03/2022, que orienta quanto às medidas de prevenção e mitigação da Monkeypox em hospitais, clínicas e demais serviços de saúde que prestem atendimento a casos suspeitos e confirmados da doença.

O documento reúne medidas preventivas e de controle de infecção nesses ambientes e ressalta a importância dos serviços de saúde elaborarem planos de contingência baseados nas orientações da Sala de Situação criada pelo Ministério da Saúde.

Principais pontos

– Que seja mantida uma distância mínima de 1 metro entre os leitos dos pacientes. A recomendação leva em consideração o risco de transmissão por gotículas a partir da pessoa infectada.

– Pacientes infectados devem permanecer em isolamento até o desaparecimento das “crostas” das lesões.

– Se possível, a acomodação do caso suspeito ou confirmado deve ser realizada, preferencialmente, em um quarto privativo com porta fechada e bem ventilado (ar condicionado que garanta a exaustão adequada ou janelas abertas).

– Outra recomendação é a suspensão de visitas e acompanhantes para diminuir o acesso de pessoas ao infectados. Para situações especificas e previstas em Lei, como crianças, idosos, pessoas com necessidade especiais, entre outros, deve-se evitar a troca de acompanhantes de forma a se minimizar o risco de transmissão.

– Para as áreas de triagem de casos suspeitos, devem ser instaladas barreiras físicas.

– Pacientes que desenvolvam erupção cutânea devem ser isolados ou auto isolados, conforme as orientações do Ministério da Saúde e avaliados como um caso suspeito e uma amostra deve ser coletada para análise laboratorial.

Manejo de pacientes

Ao tocar os pacientes, bem como produtos e superfícies por ele utilizadas, o profissional de saúde deve usar EPI (equipamento de proteção individual) adequado ao procedimento. Sempre que for prestada assistência em distância inferior a 1 metro ou quando se adentrar o quarto do paciente infectado deve-se usar avental, luvas e máscara cirúrgica, além de óculos de proteção ou protetor facial

Limpeza e tratamento de resíduos

Não existem produtos saneantes específicos para este tipo de vírus. Portanto, orienta-se que seja mantida a rotina tradicional, utilizando-se produtos aprovados pela Anvisa.

Os resíduos devem ser tratados como do grupo de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade) devendo estar acondicionados em sacos apropriados, da cor vermelha.

Outras ações da Anvisa

Vacinas e medicamentos

Até o momento, a Anvisa não recebeu solicitação de autorização para vacina ou medicamentos contra a varíola ou varíola do macaco.

A solicitação do registro e a apresentação dados e informação que sustentem o pedido deve ser iniciada pelo laboratório farmacêutico.

Para a eventual necessidade de importação de produtos a Anvisa tem regulamentação que trata da importação de medicamentos e vacinas sem registro no Brasil, a resolução RDC 203/2017.

Dessa forma é possível autorizar a importação, em caráter de excepcionalidade, dos produtos sujeitos à vigilância sanitária em situações de emergência de saúde pública, caso se torne necessário.

Testes para diagnóstico da varíola

Não há, até o momento, produto comercial regularizado para fins de diagnóstico do vírus da varíola de macaco. A Agência também não recebeu nenhuma solicitação de registro de produto para esta finalidade.

Atualmente o diagnostico laboratorial do vírus pode ser feito por meio de ensaios moleculares que utilizam protocolos validados em duas etapas. Isto é possível graças a divulgação do sequenciamento genético do vírus, o que permite que laboratórios desenvolvam metodologias próprias de identificação. Estes testes por metodologias internas são conhecidos com teste in house.

Entrada de viajantes

Portos e Aeroportos

A Anvisa reitera que se encontram vigentes as resoluções RDC nº 584/2021 e RDC nº 456/2020, que estabelecem medidas de controle sanitário em portos e aeroportos, respectivamente, em decorrência da infecção humana pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).

Considerando que a transmissão do vírus SARS-CoV-2 ocorre, principalmente, por meio de gotículas do trato respiratório, as medidas relativas a uso de máscaras, etiqueta respiratória, distanciamento físico e higienização de superfícies atualmente já previstas nos regulamentos atuam de forma sinérgica para reduzir o risco de disseminação de ambos os vírus.

Para as embarcações marítimas que chegam ao país, já é obrigatória a apresentação de documentos sanitários previstos na regulação da Anvisa. A documentação possibilita o controle sanitário das embarcações, independente da doença em questão.

Ademais, a partir da pandemia de Covid-19, passou a ser obrigatório que a embarcação apresente o Livro Médico de Bordo, contendo os registros de ocorrência de saúde a bordo relativos aos últimos 30 (trinta) dias do momento da solicitação de autorização para operar nos portos brasileiros.

Orientações especificas sobre medidas de prevenção à Monkeypox em portos, aeroportos e fronteiras estão detalhadas na Nota Técnica 60/2022.

OMS analisa relatos de vírus da varíola dos macacos no sêmen

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está analisando relatos de que o vírus da varíola dos macacos está presente no sêmen de pacientes, explorando a possibilidade de que a doença possa ser transmitida sexualmente, disse uma autoridade da OMS nesta quarta-feira.

Muitos casos no atual surto de varíola dos macacos, em grande parte centrados na Europa, estão entre parceiros sexuais, e a agência reiterou que o vírus é transmitido principalmente por contato interpessoal próximo.

Nos últimos dias, os cientistas dizem ter detectado DNA viral no sêmen de alguns pacientes com varíola dos macacos na Itália e na Alemanha, incluindo uma amostra testada em laboratório que sugeria que o vírus encontrado no sêmen de um único paciente era capaz de infectar outra pessoa e replicar.

Catherine Smallwood, gerente de incidentes de varíola dos macacos na OMS/Europa, disse que não se sabe se relatos recentes significam que o vírus da varíola dos macacos pode ser sexualmente transmissível.

“Isso pode ter sido algo que desconhecíamos nesta doença”, disse ela em uma entrevista coletiva. “Nós realmente precisamos nos concentrar no modo de transmissão mais frequente e vemos claramente que isso está associado ao contato pele a pele.”

Mais de 1,3 mil casos da doença viral foram relatados por cerca de 30 países desde o início de maio. A maioria dos casos foi relatada em homens que fazem sexo com homens.

Da Agência Brasil, Agência Fiocruz e Anvisa, com SMS-Rio e SES

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