Número de mortes por câncer infantil cai 13% em 10 anos

Entre os menores de um ano de idade o número de mortes diminuiu 27,8%. Detecção e o tratamento precoce do câncer contribuíram para a queda na mortalidade

cancer-infantojuvenil Câncer infantojuvenil (Foto: Instituto Ronald McDonald´s)
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Uma boa notícia em meio ao noticiário sobre câncer no Brasil representa uma esperança. O número de crianças, de 0 a 14 anos, que morreram pela doença apresentou queda de 13,4% em 10 anos. Em 2006, foram registradas 2.222 mortes de crianças nesta faixa etária, enquanto que em 2016, esse número caiu para 1.924 óbitos.

A redução foi ainda maior para as mortes entre os menores de um ano de idade: 27,8%. As crianças de 1 a 4 anos apresentaram queda de 9% e as de 5 a 14 anos tiveram queda de 13,4% na mortalidade por câncer infantil. Ainda de acordo com o levantamento, a taxa de morte por neoplasias na faixa etária de 5 a 14 anos era de 6,2 a cada 100 mil e passou para 4,9 em 2016. A taxa nos menores de 5 anos foi de 7,7 para 100 mil em 2006, passando para 6,1 em 2016.

Os dados são do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e foram divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (28), por ocasião dos dias Nacional de Enfrentamento ao Câncer Infantil e Nacional de Combate ao Câncer, lembrados nos dias 23 e 27 de novembro, respectivamente.

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Detecção e tratamento precoces ajudam

Temos visto que a detecção e o tratamento precoce do câncer, feito nos serviços de saúde, têm sido cruciais para a queda na mortalidade. Isso é imprescindível, pois para a obtenção de melhores resultados, é preciso ter diagnóstico precoce e o ágil encaminhamento para início de tratamento.”, destacou a diretora do Departamento de Doenças e Agravos Não Transmissível e Promoção da Saúde, do Ministério da Saúde, Fatima Marinho.

Nas últimas quatro décadas, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência foi extremamente significativo. Segundo Fatima, houve também importante mudança de tecnologia no tratamento do câncer, muitos procedimentos cirúrgicos, desnecessários, foram reduzidos.

Hoje, cerca de 80% das crianças e adolescentes acometidos por câncer podem ser curados se forem diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. A maioria dessas crianças tem boa qualidade de vida após o tratamento adequado.

Assista relatos e orientações de profissionais da saúde sobre o câncer infantil

Maior causa de morte por doenças entre as crianças

Apesar da queda, o câncer ainda é a primeira causa de morte, entre as doenças, que afetam as crianças de 5 a 14 anos, mesmo com a redução do número de mortes e da taxa de mortalidade. Os tipos de cânceres infanto-juvenis mais comuns são as leucemias (14% dos casos), seguidos dos linfomas (gânglios linfáticos) e dos tumores cerebrais. No Brasil, o câncer infanto juvenil responde por 3% de todos os tipos de câncer.

Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que, para cada ano do biênio 2018-2019, são cerca de 12.600 casos novos de câncer (sem considerar o câncer de pele não melanoma) em crianças e adolescentes (até os 19 anos). As regiões Sudeste e Nordeste apresentaram os maiores números de casos novos, 5.300 e 2.900, respectivamente, seguidos pelo Centro-Oeste (1.800), Sul (1.300) e Norte (1.200).

Para a médica oncologista Carmem Fiori, os índices de sobrevida do câncer infanto-juvenil ainda estão abaixo do esperado. “Enquanto em países mais desenvolvidos essa chance de cura pode chegar a 75 ou 80% dos pacientes, aqui no Brasil seguimos com taxas de 50% a 60% de cura”, destaca a presidente do XVI Congresso de Oncologia Pediátrica, realizado em outubro, em Foz do Iguaçu, pela Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope).

Essas estatísticas fazem do câncer a segunda principal causa de morte de crianças e adolescentes brasileiros, também de acordo com o Inca. Os óbitos decorrentes de neoplasias ficam atrás apenas das mortes causadas por fatores externos, como acidentes e violência. Este é um cenário extremamente preocupante, sobretudo à luz das projeções de aumentos dos casos de câncer no mundo.

Casos de câncer devem aumentar 78% até 2040 no Brasil

Pela primeira vez em seis anos, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc), instituição filiada à Organização Mundial de Saúde, atualizou as estimativas da doença no mundo. Os números compõem o Observatório Global de Câncer e traçam um paralelo do nosso momento atual, trazendo ainda uma projeção de crescimento do câncer até 2040.

Segundo os novos dados, a incidência mundial do câncer deve aumentar em 63% nos próximos 20 anos, algo que certamente trará reflexos no Brasil. Por aqui, os 559 mil casos anuais em 2018 devem saltar para 998 mil em 2040, aumentando 78%.

Deverão ser 29.940 diagnósticos de crianças e adolescentes em 2040, de acordo com a metodologia do Inca de projetar que as neoplasias nessa população correspondam a 3% do total de casos de câncer esperados no ano.

Lutando com informação

Nesse cenário assustador, a luta contra o câncer na infância e adolescência tem com uma das principais armas a informação. “De maneira geral, o câncer infanto-juvenil possui um melhor prognóstico do que as neoplasias que acometem a população adulta. Essa chance de cura maior, entretanto, está intrinsicamente ligada a um diagnóstico e início de tratamento precoces”, conta Carmem Fiori.

Como o câncer infantil possui o que os médicos chamam de inespecíficos, facilmente confundíveis com sinais de outras doenças menos séries e relacionadas ao processo de crescimento, a informação se torna ainda mais importante. “Tanto os pais quanto outros familiares e os profissionais da saúde devem estar atentos e familiarizados com os sinais de alerta. Só assim, e com o apoio do Governo fornecendo acesso às terapias mais modernas e adequadas, conseguiremos melhorar o cenário”, pontua.

Entre esses sintomas inespecíficos estão:  Entre os sintomas de câncer em crianças estão febre, ínguas, dor nos membros, dor na barriga, hematomas (manchas roxas inexplicáveis,) palidez e emagrecimento ou perda de peso inexplicada, caroços ou inchaços, alterações oculares, inchaço abdominal, dores de cabeça persistentes, vômitos, inchaço sem trauma, sangramento e dor óssea.

Como diversas condições comuns da infância possuem essas mesmas manifestações, é muito importante ter um pediatra de confiança, que acompanhe a criança e perceba quando o quadro não está dentro do esperado”, finaliza a médica.

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Como buscar ajuda

O Sistema Único de Saúde (SUS) garante todo o tratamento de pacientes com neoplasia maligna, por meio de uma Rede de Atenção a Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas, incluindo o câncer. Para que um paciente tenha acesso a tratamento oncológico no âmbito do SUS, independentemente do tipo de tumor, este deve ser atendido em estabelecimento habilitado em oncologia.

A assistência especializada abrange sete tipos de ações a depender de cada caso: diagnóstico, cirurgia oncológica, radioterapia, quimioterapia (oncologia clínica, hematologia e oncologia pediátrica), medidas de suporte, reabilitação e cuidados paliativos. Os estabelecimentos de saúde habilitados como UNACON ou CACON devem oferecer assistência geral, especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico, estadiamento e tratamento.

São realizados pelo SUS, anualmente, mais de 623 mil biopsias e cirurgias de câncer, mais de 2,98 milhões de procedimentos de radioterapia e mais de 1,45 milhão de procedimentos de quimioterapia. É importante ressaltar que em seis anos, mais que dobraram os recursos federais destinados para tratamentos do câncer no SUS, passando de R$ 2,2 bilhões em 2010 para R$ 4,6 bilhões em 2017.

Da Agência Saúde e Sobope, com Redação

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