Hipertenso pode (e deve) malhar, mas com moderação!

Musculação também está liberada, com cautela. Antes, é preciso avaliação médica e não se deve fazer exercícios caso sinta indisposição, dor de cabeça e cansaço

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hipertensão arterial é uma grave enfermidade que acomete mais de 30 milhões de pessoas no Brasil, de acordo com levantamento realizado pelo Ministério da Saúde em 2018, sendo a mais frequente das doenças cardiovasculares. A hipertensão não tem cura e pode apresentar inúmeras causas, como hereditariedade, excesso de peso, sedentarismo, alcoolismo, estresse e tabagismo.

Além de uma alimentação equilibrada, que irá beneficiar o funcionamento adequado do organismo e melhorar o ritmo dos vasos sanguíneos e da musculatura do coração, os exercícios físicos são fundamentais no tratamento e prevenção da hipertensão arterial.

De acordo com Carlos Félix, coordenador do curso de Educação Física da Anhanguera de Niterói, a prática regular de atividades físicas reduz a pressão arterial tanto de indivíduos que já possuem pressão alta, quanto daqueles que ainda não tem a doença, mas que apresentam alto risco de desenvolvê-la, como filhos de hipertensos, obesos e pré-hipertensos. Porém, ele destaca que há algumas ressalvas em relação às atividades físicas.

As pessoas que possuem quadro de hipertensão arterial devem fazer uma avaliação médica antes de iniciar qualquer atividade física. É aconselhável não realizar exercícios caso o indivíduo apresente indisposição, dor de cabeça e cansaço intenso”, complementa.

Weber Gomes, coordenador do curso de Educação Física da Faculdade Pitágoras de Guarapari, comenta que as atividades aeróbicas são ótimas opções de exercícios para auxiliar a reduzir a pressão arterial, desde que sejam realizadas com intensidade moderada. “O ideal é praticar três vezes na semana, por pelo menos 30 minutos por sessão, sob supervisão profissional. É importante não forçar os limites individuais, e o progresso nos treinos deve ser gradativo”, reforça.

Musculação é mais eficiente que exercícios aeróbicos

Até pouco tempo o treinamento resistido (TR), ou musculação, era contraindicado para hipertensos com base em três hipóteses: o TR poderia produzir elevações perigosas da pressão arterial; o TR poderia agravar a remodelação adversa do miocárdio produzida pela doença; o TR não seria eficiente para reduzir a pressão arterial de repouso em hipertensos.

A prudência diante dessas hipóteses, mas também a convicção dominante na época no sentido de que os exercícios aeróbicos eram os únicos promotores de saúde, levaram associações médicas a condenarem a musculação para hipertensos”, afirma José Maria Santarem, médico fisiatra e reumatologista, doutor em medicina pela USP, coordenador do Instituto Biodelta.

Com o passar do tempo, evidências em contrário a essas hipóteses foram se acumulando na literatura científica. Os estudos mais recentes verificaram que as elevações acentuadas da pressão arterial somente ocorrem na prática do treinamento resistido na situação de esforços máximos. Esse tipo de esforço somente ocorre em atletas de força, em competições de levantamento de peso e no treinamento dessas modalidades esportivas. O treinamento resistido habitual, visando hipertrofia e força musculares, não necessita desse tipo de esforço.

No aspecto da remodelação do miocárdio, verificou-se que a hipertrofia induzida pelo TR é fisiológica, sem efeitos adversos para a saúde; além disso, somente ocorre em atletas com grandes volumes e intensidades de treinamento, o que não é frequente no TR habitual.

No que diz respeito à redução da pressão arterial de repouso induzida por exercícios em pessoas hipertensas, evidências mais recentes demonstraram que o TR também tem esse efeito, embora menos acentuado do que os exercícios aeróbicos. Assim, diante das evidências disponíveis, as associações médicas passaram a aceitar a musculação como parte dos programas para a saúde, mas muito mais em função dos seus benefícios para evitar ou tratar as doenças e disfunções musculoesqueléticas do que pelos seus efeitos promotores de saúde cardiovascular, incluindo o tratamento da hipertensão arterial sistêmica.

Algumas evidências recentes têm indicado que o TR talvez seja o mais eficiente tipo de exercícios para estimular a produção de miocinas, as substâncias anti-inflamatórias produzidas pelo músculo esquelético em atividade, evitando assim a aterosclerose e consequentemente as doenças cardiovasculares.

Esta revisão de literatura utilizou técnicas sofisticadas de análise estatística e selecionou 64 trabalhos, com um total de 2.374 participantes, que estudaram o efeito redutor de pressão arterial de repouso do TR não associado com outras formas de exercício em pessoas hipertensas. Apenas 15% dos participantes utilizavam medicamentos anti-hipertensivos, embora 33% dos trabalhos não tivessem essa informação. A maioria dos estudos teve a duração entre 4 e 6 meses, três sessões semanais com cerca de 8 exercícios e aproximadamente 3 séries de 10 a 12 repetições por exercício com cargas próximas a 70% de 1 RM.

Como resultados gerais, o TR isolado reduziu a pressão arterial de repouso nos mesmos níveis dos obtidos com exercícios aeróbicos em outras revisões ou de forma mais acentuada. Os resultados hipotensores foram maiores do que os previamente reportados para os exercícios aeróbicos principalmente nas pessoas com hipertensão mais acentuada, nos hispânicos-latinos, asiáticos e afrodescendentes, e nos que treinaram mais do que três vezes por semana. Nesses casos os efeitos hipotensores chegaram a ser o dobro dos reportados para exercícios aeróbicos.

Este trabalho é um marco no conhecimento sobre efeitos hipotensores dos exercícios e deve influenciar decisivamente as recomendações de atividade física para prevenir e tratar a hipertensãoarterial. O que se espera é que as associações médicas passem a considerar o TR isolado como eficiente e recomendável para o controle da doença hipertensiva arterial.

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Da Redação, com Assessorias

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