Falta de doses leva Rio a suspender vacinação da Covid-19

Suspensão preocupa em momento em que variante Delta avança. Apesar da falta de doses, 400 adolescentes de Paquetá receberão Pfizer domingo 25

Município do Rio suspende aplicação da primeira dose contra a Covid por falta de imunizantes (Foto: Fábio Motta / Prefeitura do Rio)
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O calendário de vacinação contra a Covid-19 para a primeira dose no município do Rio de Janeiro foi suspenso e só será retomado quando o Ministério da Saúde enviar nova remessa dos imunizantes. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que a medida se faz necessária para garantir o estoque para as segundas doses (D2) programadas. A medida frustrou pessoas de 35 anos ou mais que pretendiam aproveitar a já tradicional repescagem de sábado para se vacinar. Os postos de vacinação da cidade, no então, continuarão abertos para atender as pessoas agendadas para tomar a segunda dose nos próximos dias.

O anúncio da suspensão da primeira aplicação das vacinas por falta de doses foi feito pelo secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, nesta sexta-feira (23) durante a divulgação do 29º Boletim Epidemiológico da Covid-19, no dia seguinte a acompanhar o ministro da Saúde em visita a uma clínica da família no Rio, onde Marcelo Queiroga vacinou algumas pessoas. Na manhã deste sábado (24), no entanto, o secretário admitiu à Globonews que se o MS enviar 76 mil doses para o Rio, a vacinação será retomada na próxima segunda-feira (26).

A falta de doses é um problema a mais para o Rio, num momento em que a cidade vê avançar os casos de infecção pela variante Delta, considerada a mais transmissível, e logo na semana em que o Governo do Estado anunciou as primeiras quatro mortes pela variante originária da Índia. A SMS identificou 27 casos de residentes na cidade do Rio confirmados com a nova variante.

Os casos investigados até o momento não têm histórico de viagem, o que indica que já existe uma contaminação comunitária. De acordo com Daniel Soranz, a variante Delta deve ser predominante na capital muito em breve. Na maioria dos países em que a variante entrou, a circulação foi muito rápida. Soranz disse que até agora não foi identificado nenhum caso de transmissão entre os contatos no Rio.

O monitoramento de variantes é realizado pelo Centro de Vigilância e Informações Estratégicas, que funciona dentro da SMS, e pelos serviços de vigilância de cada área. Com base nos comunicados, é feito o rastreamento das pessoas que tiveram contato com infectados.

Segunda dose em dia, para evitar variante

O secretário municipal de Saúde aproveitou para reforçar a necessidade de a população que já recebeu a primeira dose não esquecer de comparecer aos postos de vacinação para a segunda dose do imunizante, que está garantida. Esse reforço é fundamental num momento em que as variantes avançam, especialmente a Delta, mais transmissível.

“Se estiver no seu dia, se já estiver elegível, vá se vacinar. A vacina protege contra casos graves, protege contra o óbito. A variante delta, na maioria dos países, tem avançado nas pessoas que deixaram de se vacinar na data correta. Tem muitos países com dificuldade de vacinar as pessoas, mesmo tendo a vacina, e aqui no Rio de Janeiro, recomendamos que, se está elegível, vá no seu dia”, recomenda Soranz.

Ainda segundo ele, independentemente da variante, a população deve manter as medidas preventivas que são manter o distanciamento, usar máscaras e higienizar as mãos com álcool 70 ou, quando possível, água e sabão; além das demais medidas de proteção à vida, que foram renovadas também nesta sexta-feira (23).

“Nosso pedido para quem está na cidade é continuar usando máscara e álcool em gel e evitar se expor desnecessariamente. Ainda precisamos muito da colaboração de todos para evitar a disseminação da covid-19”, destaca o secretário.

Mais transmisível, mas menos letal

Apesar de a transmissibilidade acontecer mais rapidamente, há a hipótese de que a variante Delta seja menos letal, o que ainda está sendo analisado por pesquisadores em todo o mundo. Para Soranz, a ocorrência dos quatro casos de morte de pessoas com a variante delta fora da capital é devida à falha na barreira vacinal, por este motivo, a imunização da população é de grande relevância.

Superintendente de Vigilância em Saúde, Márcio Garcia informou que os dados da Delta são referentes ao mês de junho e que a predominância é a faixa etária de 20 a 59 anos, sendo os sintomas da maioria absoluta (96,3%) dos casos de síndrome gripal. Não há praticamente casos de delta ocasionando síndrome respiratória aguda grave, ou óbito. Segundo ele, atualmente, a predominância ainda é dos casos da variante Gama, originária do Amazonas, conforme dados de junho.

“Na verdade, nem temos óbitos referentes à variante delta na cidade do Rio de Janeiro. Este é um ponto positivo, mostrando que a vacina e essa ampliação de vacina que estamos fazendo vem funcionando. Mas ainda falamos com muita cautela, porque são só os primeiros resultados. Entrando no final de julho, começo de agosto, vamos ter um perfil da variante delta com mais clareza”, esclareceu.

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Apesar da falta de doses, vacinação em Paquetá é mantida

Em junho, foi realizada uma pesquisa epidemiológica em Paquetá e todos os moradores fizeram exames (Foto: Divulgação Morena)

Apesar da suspensão da campanha de vacinação contra a Covid no Rio por falta de doses, a SMS manteve a vacinação dos adolescentes de Paquetá, marcada para este domingo 25. No mutirão, os cerca de 400 adolescentes entre 12 e 17 anos residentes na ilha receberão a primeira dose da vacina da Pfizer – única autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para este público no país, -, como parte do projeto PaqueTá Vacinada, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Iniciado em junho, o estudo em Paquetá analisará os efeitos da vacinação em massa, como a segurança do imunizante, a proteção também de pessoas não vacinadas e a eficácia a cada dose recebida. Com a cobertura vacinal total da população alvo, o monitoramento epidemiológico da pandemia na ilha será feito por um período estabelecido.  Em 20 de junho, 96% dos mais de 2 mil moradores adultos receberam doses de AstraZeneca. A segunda dose das vacinas, tanto para adolescentes quanto para adultos, será aplicada em 15 de agosto.

Avaliando mais de 2,3 mil exames sorológicos coletados na ilha, dados preliminares do estudo indicam que 21% das crianças e adolescentes apresentam anticorpos contra a Covid-19 por terem sido expostos ao coronavírus. Além disso, antes da primeira dose do projeto ser aplicada nos voluntários, 40% dos adultos não vacinados e 90% dos vacinados previamente à pesquisa testaram positivo para a presença desses anticorpos.

 

Falta de doses não deve afetar ação na Maré

Vacinação contra a Covid ajuda a desafogar leitos de UTI, aponta Fiocruz (Foto: Walterson Rosa / MS)

Apesar da falta de doses de imunizantes na cidade do Rio de Janeiro, a prefeitura tem previsão para a vacinação em massa de 30 mil moradores do Complexo da Maré. Entre os dias 29 e 31 de julho, a Prefeitura e a Fiocruz, em parceria com a ONG Redes da Maré, realizam a ação junto a moradores das comunidades, cadastrados nas unidades de saúde locais até esta sexta-feira (23) e que ainda não foram convocados pela campanha de vacinação em andamento.

A vacinação será feita de acordo com a faixa etária. No dia 29 de julho, serão vacinadas pessoas entre 33 e 25 anos; no dia 30, os moradores entre 24 e 18 anos; e, em 31 de julho, quem tiver 18 anos ou mais. A vacinação ocorrerá nos três dias das 8h às 17h, em 121 pontos de vacinação no complexo, em clínicas da família, centros municipais de saúde, associações de moradores, escolas e na Vila Olímpica da Maré.

Os participantes da pesquisa serão acompanhados durante seis meses para monitoramento dos efeitos da vacinação em larga escala e da pandemia na comunidade. O estudo na Maré também avaliará aspectos como a efetividade da vacina, medindo anticorpos e verificando a taxa de proteção direta conferida e a imunidade de rebanho (proteção indireta); a ocorrência de eventos adversos pós-vacinais nos imunizados; a transmissão e circulação de diferentes variantes; e a dinâmica epidemiológica do coronavírus no complexo de comunidades.

 

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